'América Latina deveria ser região com menos fome no mundo', diz pesquisador
Juan José Borrell é autor do livro “Geopolítica e alimentos: o desafio da segurança alimentar frente à concorrência internacional pelos recursos naturais”
247 -Juan José Borrell, autor do livro Geopolítica y Alimentos: el Desafío de la Seguridad Alimentaria Frente a la Competencia Internacional por los Recursos Naturales (“Geopolítica e alimentos: o desafio da segurança alimentar frente à concorrência internacional pelos recursos naturais”, em tradução livre) concedeu entrevista ao portal BBC e considera que o “que ocorre na América Latina e no Caribe representa um grande paradoxo”.
“Dentre as regiões que eram consideradas em vias de desenvolvimento, nosso continente é o que tem a menor quantidade de pessoas que sofrem de fome crônica. Os últimos relatórios do Banco Mundial calculavam, em média, cerca de 55 milhões de pessoas”, inicia.
“Mas, atualmente, a América Latina produz alimentos para 1,3 bilhão de pessoas e tem capacidade de produzir ainda mais. A América Latina é um grande produtor de alimentos, mas parte da sua população não tem acesso ao abastecimento”, avalia.
De acordo com o escritor, “a América Latina é o lugar onde deveria haver menos pessoas com fome no mundo. É talvez o continente mais rico em recursos, terras férteis, água potável, biodiversidade, mas a economia política, uma combinação de políticas extremamente liberais e políticas extremamente socialistas. Ambas geraram aumento da pobreza, retrocesso dos setores de classe média e mudanças do tipo de alimentação”.
“Estamos observando um fenômeno que não existia meio século atrás. As pessoas que conseguem ter acesso ao abastecimento alimentar consomem alimentos com qualidade nutricional mais baixa. É um fenômeno que não fica circunscrito apenas à pobreza, mas também atinge a classe média”, acrescenta.
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