“Basta de instituições”, diz Lacalle Pou em resposta à ideia de Lula de “reviver” a Unasul

247 - O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, se opôs nesta terça-feira (30) à criação de novas instituições latino-americanas como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), da qual o Uruguai se retirou em março de 2020, quando o atual governo tomou posse, durante seu discurso na reunião de líderes sul-americanos em Brasília. 

“Basta de instituições”, disse Lacalle Pou. “Precisamos parar com essa tendência de criar organizações. Vamos à ação... Parece oportuno ir às ações, rever as ações, percorrer o caminho que percorremos e refazer o que deu errado”, disse o presidente uruguaio a Lula. 

Ele lembrou ainda que recebeu a visita de Lula logo após a posse do presidente brasileiro. “Esta visita, para nossa satisfação, resultou em trabalhos e ações pontuais”, que beneficiam os dois países, disse.

Em sua fala de abertura, Lula enfatizou que os interesses que unem os países estão acima de divergências ideológicas, em uma clara resposta às críticas de que a reativação do órgão reflete um viés à esquerda na região.

“Não temos tempo a perder. A América do Sul tem diante de si, mais uma vez, a oportunidade de trilhar o caminho da união, e não é preciso recomeçar do zero. A Unasul é um patrimônio coletivo, lembremos que ela está em vigor, com 7 países sendo membros plenos”, disse o presidente Lula. 

Venezuela - Lacalle Pou também disse que os líderes sul-americanos não devem "tapar o sol com um dedo" sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela. Lacalle Pou aludiu ao encontro bilateral que Lula teve nesta segunda-feira com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no qual o mandatário brasileiro qualificou de "narrativas" o discurso de que Caracas seria um regime anti-democrático.

"Esse encontro foi precedido, não sei se planejado ou não, por um encontro bilateral entre Brasil e Venezuela. Fiquei surpreso quando falaram que o que está acontecendo na Venezuela é uma narrativa", disse Lacalle Pou diante dos  líderes. 

Segundo o governante uruguaio, "se há tantos grupos no mundo tentando negociar para que a democracia seja plena na Venezuela" e "que os direitos humanos sejam respeitados, para que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é cubra o sol com um dedo".