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CIA teria espionado conversas de Lula, Dilma, Rafael Correa, Cristina Kirchner e José Mujica

Segundo investigações, o nome "CIA" apareceu diversas vezes no disco rígido externo do computador da empresa de segurança espanhola UC Global, SL, do empresário David Morales

CIA (de fundo), Luiz Inácio Lula da Silva (círculo em cima, à esq.), Dilma Rousseff (círculo em cima, à dir.), Rafael Correa (círculo embaixo, à esq.), José Mujica (círculo embaixo, no meio) e Cristina Kirchner (círculo embaixo, à dir.) (Foto: Reuters)

247 - A empresa de segurança espanhola UC Global, SL, do empresário David Morales, teria realizado a interceptação das conversas de políticos para a Central Intelligence Agency (CIA) e Agência Central de Inteligência (CIA), dos Estados Unidos. Entre as lideranças que teriam tido conversas gravadas estão o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os ex-presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Dilma Rousseff (Brasil), José Mujica (Uruguai) e Rafael Correa (Equador). A informação foi publicada nesta terça-feira (18) pelo jornal El País.

Morales é investigado há três anos por diversos crimes. O Judiciário pediu o despejo dos arquivos presentes no computador do empresário, preso em 2019, quando teve aparelhos eletrônicos apreendidos porque, de acordo com as investigações, o nome "CIA" aparece diversas vezes no disco rígido externo do computador.

O documento em que Lula e Dilma foram citados estava em uma pasta chamada "América do Norte/EUA/CIA/Romeo/Brasil/Argentina/março de 2018/Venegas Chamorro/Travel". Foram detalhadas as reuniões de Correa com ex-presidentes de países da América Latina. No período entre 18 e 24 de março de 2018, Correa fez viagens com alguns trabalhadores da UC Global, SL.

O empresário foi contratado pelo governo de Correa para cuidar da segurança da Embaixada do Equador em Londres, capital da Inglaterra. O local era onde Julian Assange estava refugiado. Na época, o ex-militar teria pedido que os funcionários espionassem as reuniões do dono do WikiLeaks, mas teria feito o mesmo com Rafael Correa, com o objetivo de passar informações para o sucessor Lenín Moreno, adversário político.

As filhas do ex-presidente equatoriano também tiveram os celulares espionados através de um Trojans, um tipo de vírus que simula programas reais. A primeira vez foi em 2014, quando Correa era presidente, e permitia o acesso às mensagens das jovens no período em que estudavam na França. Os pais das adolescentes não sabiam do "grampo".

A defesa de Assange questionou Morales o motivo de e-mails escritos em inglês. A resposta foi a de que era preciso "melhorar o inglês de seus trabalhadores”. Morales confessou ao gerente da UC Global, SL no Equador que estava entregando informações sigilosas do ex-presidente ao inimigo político.