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    EUA retomam expulsão em massa de migrantes e deportam 199 venezuelanos a Caracas

    É o quarto voo de repatriação de venezuelanos deportados pelos EUA; Maduro acusa Washington de “sequestro” de grupo enviado a El Salvador

    (Foto: Lucas Jackson/Reuters)
    Camila França avatar
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    247 - Um avião com 199 venezuelanos deportados pelos Estados Unidos pousou na madrugada desta segunda-feira (24) no Aeroporto Internacional de Maiquetía, em Caracas, capital da Venezuela. O voo, fretado pela companhia estatal venezuelana Convasia, partiu de Honduras e marca a retomada das repatriações após um mês de interrupção. A informação foi divulgada pela agência AFP.

    “Hoje estamos recebendo 199 compatriotas”, declarou o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, que acompanhou a chegada dos migrantes. De acordo com ele, a Venezuela está pronta para acolher seus cidadãos: “Se as viagens foram irregulares, não é por causa da Venezuela. Estamos prontos para receber os venezuelanos onde quer que estejam.”

    Este foi o quarto voo oficial com deportados da Venezuela vindos dos Estados Unidos. A operação havia sido suspensa após o ex-presidente Donald Trump, insatisfeito com o ritmo das deportações, revogar no fim de fevereiro a licença concedida por Joe Biden à Chevron para operar no país. Desde então, Caracas acusa o Departamento de Estado norte-americano de “bloquear” os voos de repatriação.

    A retomada ocorre em meio a um novo episódio de tensão diplomática. Uma semana antes, 238 venezuelanos foram enviados pelos EUA a uma prisão de segurança máxima em El Salvador. O presidente Nicolás Maduro classificou a ação como um “sequestro”. “Gostaríamos que o próximo telefonema (dos Estados Unidos) fosse favorável à libertação dos cidadãos sequestrados em El Salvador. Estamos aguardando uma resposta do governo de El Salvador”, disse Cabello.

    Segundo o governo dos EUA, os migrantes deportados ao país centro-americano seriam integrantes da gangue Tren de Aragua, grupo venezuelano que Trump classificou como organização terrorista. Caracas, por sua vez, afirma que há uma campanha para criminalizar os migrantes e critica a legislação americana usada para justificar as expulsões.

    Washington se apoia em uma lei de 1798, que permite a deportação de “inimigos estrangeiros” sem necessidade de julgamento. Para o governo venezuelano, trata-se de uma medida “antiquada” e considerada “problemática” até mesmo por magistrados nos Estados Unidos.

    O rompimento diplomático entre os dois países teve início em 2019, ainda no primeiro mandato de Trump, após o governo norte-americano considerar ilegítima a reeleição de Maduro em 2018. As sanções econômicas e o embargo ao petróleo agravaram a crise venezuelana, levando à saída de quase 8 milhões de cidadãos desde 2014, segundo estimativas oficiais. Caracas responsabiliza diretamente as sanções americanas pela situação humanitária no país.

    No domingo (23), a Casa Branca anunciou que vai deportar 532 mil migrantes latino-americanos, incluindo cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos que haviam ingressado legalmente nos EUA por meio de programas humanitários criados por Joe Biden. Com a publicação da nova diretriz do Departamento de Segurança Interna, esses migrantes perderão sua proteção legal em até 30 dias.

    O governo venezuelano estima que cerca de 155 mil cidadãos possam ser afetados pelas novas medidas. Desde fevereiro, aproximadamente 1.119 venezuelanos já foram deportados de volta ao país, dos quais pelo menos 566 por ordem direta da gestão Trump. Os demais foram repatriados do México, onde ficaram retidos ao tentar chegar aos Estados Unidos.

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