Maduro diz a Lula que eleições na Venezuela acontecerão no segundo semestre e terão observadores internacionais
Uma das questões era o cumprimento do acordo de Barbados, mediado pelos EUA com apoio do Brasil, que levou a um acordo entre governo e oposição na gestão do presidente venezuelano
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que as eleições do país serão marcadas para o segundo semestre deste ano e, depois de um “amplo acordo com a oposição”, o pleito terá observadores internacionais e será feita uma auditoria nos resultados.
De acordo com a assessoria de Lula, Maduro foi quem levantou o assunto das eleições. Antes da reunião bilateral às margens da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), como antecipou a Reuters, Lula já havia decidido trazer à tona o tema.
Uma das questões era o cumprimento do acordo de Barbados, mediado pelos Estados Unidos com apoio do Brasil, que levou a um acordo com a oposição. A desabilitação da oposicionista María Corina Machado, em janeiro, levantou dúvidas sobre se o processo correria como o acordado, mas uma fonte explicou à Reuters que a maioria da oposição tratou a retirada da líder oposicionista como um fato já esperado.
Lula também pretendia levantar a questão da oratória inflamada de Maduro na questão do Essequibo. Há um temor de que, durante as eleições, o presidente venezuelano volte a fazer ameaças de ocupação da região pertencente à Guiana.
O assunto, no entanto, foi tratado nesta sexta-feira apenas lateralmente, como as falas públicas de Lula sobre a defesa de uma zona de paz para a região na reunião da Celac, em São Vicente e Granadinas.
Em entrevista na Guiana, na quinta-feira, o presidente afirmou que falaria a Maduro da sua posição, de que divergências precisam ser resolvidas por diálogo.
Outro tema da reunião foi a dívida da Venezuela com o Brasil. Maduro, que apresentou a Lula índices que mostram uma melhoria nos indicadores econômicos do país, como a inflação, disse que seu governo tentaria avançar no pagamento da dívida para que seja possível retomar o comércio entre os dois países.
Ainda segundo o Planalto, os dois presidentes também trataram do combate ao garimpo ilegal, especialmente nas terras indígenas yanomami, que abrangem áreas dos dois países.
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