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    Mineração na Amazônia virou um dos fatores que mais alavancam economia da Bolívia, diz ministro

    O governo Arce viu a necessidade de ter maior controle na exploração e comercialização de minerais tecnológicos, que estão em constante crescimento nos mercados de todo o planeta

    (Foto: REUTERS/Nacho Doce)

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    Sputnik Brasil - A mineração tornou-se um dos setores que mais contribuem para os cofres do Estado boliviano, principalmente após o boom da exploração do ouro na Amazônia, afirmou o ministro de Minas e Metalurgia da Bolívia, Ramiro Villavicencio.

    "O ouro ocupa um lugar predominante nas exportações. Mas também zinco, prata, estanho, que somam três bilhões de dólares [R$ 15,5 bilhões] em exportações", disse o ministro à Sputnik, citando dados de 2021.

    Para Villavicencio, é importante "aplicar políticas para que a exportação de ouro tenha seu valor agregado aqui em nosso país. Está se trabalhando nisso".

    Além disso, o ministro afirma que o país está "nos últimos detalhes" para investir em uma refinaria de zinco em Oruro e Potosí. "Dessa forma, queremos agregar valor a esse tipo de concentrado", disse.

    Em relação ao ferro, Villavicencio destacou "um avanço importante na siderúrgica que construímos no departamento de Santa Cruz".

    "Com certeza teremos bons resultados no ano que vem. Como Ministério de Minas, temos o desafio de avançar para a industrialização", apontou.

    Minerais tecnológicos

    O ministro assegura que a Bolívia tem potencial para "satisfazer a demanda global" por minerais tecnológicos. Segundo Villavicencio, o objetivo do governo de Luis Arce é industrializar o lítio e outros metais para "conseguir a substituição de importações".

    Durante séculos, a Bolívia tem sido um exportador tradicional de minerais industriais como cobre, estanho, chumbo e zinco. Com a chegada do novo milênio, a exploração de minerais tecnológicos, como lítio, platina, tungstênio, paládio e outros, amplamente utilizados na fabricação de produtos eletrônicos, inclusive carros e motocicletas, cresceu e continua se expandindo em todo o mundo.

    O governo Arce viu a necessidade de ter maior controle na exploração e comercialização desses novos metais, que estão em constante crescimento nos mercados de todo o planeta. Por isso, há algumas semanas, criou o vice-Ministério de Minerais Tecnológicos e Desenvolvimento Produtivo da Mineração e da Metalurgia, braço do Ministério de Minas e Metalurgia.

    "Nos próximos anos, a demanda por metais como grafite, índio, lítio, platina, tântalo, tungstênio, urânio, paládio aumentará. Nosso país tem um enorme potencial, principalmente devido ao [conjunto de minerais do período] pré-cambriano e a toda a geografia de Santa Cruz, que vai contribuir para atender a demanda que existe em todo o mundo", disse o ministro.

    O 'escudo cristalino' ou pré-cambriano é uma área geológica que inclui o departamento boliviano de Santa Cruz. É formado por rochas ígneas e metamórficas do período pré-cambriano, além de rochas sedimentares do período cambriano.

    No lado boliviana, esta região é abundante em metais como cobalto, manganês, berílio, tálio, platina, cobre e ferro.

    Fábrica de baterias de íons de lítio

    Desde que assumiu a presidência boliviana, Luis Arce vem promovendo a industrialização do lítio do Salar de Uyuni (deserto de sal na Bolívia), no departamento de Potosí. Um desejo de seu governo é estabelecer uma fábrica de baterias de íons de lítio no país, abrangendo toda a cadeia produtiva.

    Mas a produção de baterias requer não apenas lítio, mas também boa parte dos chamados minerais tecnológicos.

    "Para fabricar baterias de íon-lítio, o lítio é importante, mas cobre, níquel, cobalto, manganês, grafite etc também são necessários", comentou o ministro. Esses e outros metais são utilizados em indústrias como medicina, aeronáutica e eletrônica.

    Villavicencio explica que seu ministério já tem um mapa para essas áreas prospectivas, que ficam no departamento de Santa Cruz, principalmente no morro do Manomó. Existem também outros locais importantes na região de Malku Qhota, em Potosí, e em Urmiri, na fronteira entre este departamento e Oruro.

    Para o ministro, "essas áreas vão dar muito o que falar, na medida em que incorporarmos tecnologias de ponta em nosso país para atender a demanda global por esses metais".

    O presidente atribuiu a tarefa de industrializar o lítio ao Ministério de Hidrocarbonetos e Energias, que administra a estatal Yacimientos de Litios Boliviano (YLB, na sigla em espanhol). Embora a exploração desse metal não esteja entre suas atribuições, o ministro indica que "há grande avanço na industrialização do lítio e seus derivados, que estão em grande demanda".

    Villavicencio considera que seu ministério pode complementar o trabalho com a exploração e a comercialização de minerais tecnológicos.

    A Bolívia é o país com as maiores reservas de lítio, estimadas em 21 milhões de toneladas, principalmente no Salar de Uyuni.

    "É o desafio que nosso presidente nos deu: avançar na industrialização e na concessão de agregados. Nosso horizonte é conseguir a substituição de importações" com produtos fabricados na Bolívia, disse.

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