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    Paramilitares do narcotráfico da Colômbia propõem diálogo com governo de Petro e cessar-fogo

    Estamos dispostos a nos desarmar no momento certo, pedir perdão, fornecer verdade total e abrangente, reparar e não repetir atos criminosos", disse o grupo em comunicado

    Gustavo Petro (Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)
    José Reinaldo avatar
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    ARN - O grupo armado de narcotraficantes organizado da Colômbia, o Clã do Golfo, propôs nesta quinta-feira (21) ao presidente eleito, Gustavo Petro, a possibilidade de diálogo e cessar-fogo.

    “Não podemos ficar indiferentes ao clamor do povo colombiano e ao pensamento de seu presidente democraticamente eleito, pela, entre muitas coisas, a tão esperada ‘paz com justiça social’. Em virtude disso, propomos a você, e ao povo colombiano, ser parte ativa deste projeto. Estamos dispostos a dialogar e reconciliar com o objetivo de deter a violência cíclica que alguns de nós controlamos, mas não aquela controlada pelo Estado que administra seus próprios interesses”, disse o grupo armado em comunicado. 

    Em seguida, o Clã enfatizou que está disposto a coordenar o cessar-fogo contra as instituições a partir de 7 de agosto, data em que Petro assumirá a presidência. Na mesma linha, acrescentou que está disposto a "desarmar-se na hora certa, pedir perdão, fornecer verdade total e abrangente, reparar e não repetir atos criminosos, cumprir os propósitos da justiça restaurativa, unir com as instituições para proteger o meio ambiente contra práticas ilegais e construir um futuro melhor para as novas gerações”.

    Da mesma forma, sublinhou que com base nestes "compromissos do coração" se espera que haja uma reconciliação entre o povo e os representantes do Estado. No entanto, esclareceu que, para isso, "ninguém deve ir para a cadeia".

    “Está comprovado que é uma 'universidade do crime' que não atende aos objetivos de ressocialização. Acreditamos que com base neste compromisso, a Colômbia e nós merecemos uma segunda chance que inclua compatriotas presos no exterior que tenham o compromisso honesto e real de esclarecer a verdade dos fatos ocorridos em nosso país, que os colombianos e o mundo inteiro têm o direito saber", disse.

    Por outro lado, o Clã del Golfo convidou outras organizações armadas, que ainda não aderiram a esta proposta e que querem fazer parte, a "juntar-se ao clamor através de uma demonstração sincera e real do cessar-fogo". Ele também pediu as mesmas garantias que outros membros de grupos armados ilegais, para "retomar um novo caminho de mãos dadas com a sociedade e o povo".

    “Aprendemos a lição de que hoje em dia não se chega ao poder pelas armas. Isso deve ser feito de forma democrática, assim como fez o presidente Gustavo Petro Urrego”, afirmou a organização e continuou: “Dizemos ao país que estamos dispostos a seguir esse mesmo caminho”.

    Entre outras coisas, confessou que ter sido ilegal era uma questão de "necessidade e falta de oportunidades" de governos anteriores em que "nunca houve uma verdadeira democracia, uma verdadeira justiça, nem um verdadeiro direito dos excluídos e marginalizados da sociedade”, até que “um homem e sua equipe que os levam em consideração finalmente chegaram à gerência”.

    "Não é segredo para ninguém que a pior máfia foi a de políticos corruptos", afirmou e continuou: "Todos sabemos que a narcoeconomia foi fundamental para alimentar toda a dor que este nosso povo sofreu".

    Consequentemente, lamentou: “Dói dizer isso, mas para nós, os excluídos até agora, o Estado colombiano não é um verdadeiro Estado porque viola a dignidade e os direitos humanos do povo”. A este respeito, acrescentou que o Estado não tem dado aos jovens oportunidades de uma vida melhor, nem emprego formal e digno.

    “O Estado não deu oportunidade aos nossos jovens e, ao contrário, castra seus sonhos e desejos de uma vida melhor, deixando-os indefesos à mercê dos grupos armados”, culpou.

    Por fim, enfatizou que quer "contribuir com todos os seus esforços" para que a situação mude e não continue "herdando uma espiral de violência" para as gerações futuras.

    Grupos armados na Colômbia

    Atualmente, 22 estruturas criminosas operam em pelo menos 27 departamentos, mas a principal delas é a Autodefesa Gaitanista da Colômbia (AGC), também conhecida como Clã do Golfo. Além de ter entre 1.600 e 1.700 membros, eles ocupam 80% de todos os municípios colombianos, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz.

    Da mesma forma, ele foi vinculado à campanha do Petro após a divulgação de um áudio em que, supostamente, a mãe de um dos herdeiros do líder do clã, Wilmer Antonio Giraldo, vulgo Siopas, falava sobre como ele teria enviado uma pessoa para votar no Petro.

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