Sergio Massa toma posse e anuncia as primeiras medidas em busca de solução para crise argentina
"Acreditamos que o desafio é enorme e que embora as dificuldades sejam muitas, o contexto global pode se transformar em uma enorme oportunidade para a Argentina", assegurou
ARN - Após tomar posse nesta quarta-feira (3) como novo ministro da Economia, Sergio Massa anunciou as primeiras medidas de sua gestão para tentar ajudar a Argentina a melhorar.
“Hoje vamos anunciar um conjunto de medidas, que são as primeiras, mas não as únicas. Nos próximos dias vamos continuar com mais decisões, entendendo que temos várias frentes abertas a resolver para começar a trilhar um caminho para uma solução, que não é mágica nem de um dia para o outro”, explicou Massa.
Ele anunciou que as medidas são divididas por setores: ordem fiscal, superávit comercial, reforço das reservas e desenvolvimento com inclusão.
Quanto ao primeiro, Massa explicou que a meta de 2,5% do déficit primário estabelecida pelo Orçamento Nacional será cumprida; os adiantamentos do Tesouro não serão utilizados no restante do ano.
Sobre o superávit comercial, o novo ministro informou que serão promovidos regimes para os setores de agronegócio, mineração, hidrocarbonetos devido ao aumento da produção e economia do conhecimento; casos de subfaturamento de exportações e importações serão comunicados à Justiça e à unidade de combate à lavagem de dinheiro dos Estados Unidos; as exportações serão financiadas por meio de programa de crédito a taxas promocionais e será implementado um sistema de rastreabilidade do comércio exterior para obter maior controle e transparência no uso de moeda estrangeira.
Por outro lado, em referência ao reforço das reservas, o chefe da pasta da Economia (que também absorveu os Ministérios do Desenvolvimento Produtivo e da Agricultura, Pecuária e Pesca, que se tornaram Secretarias) indicou que haverá um avanço nas exportações (portanto, que um total de cinco milhões de dólares entrará no país); um desembolso de 1,2 bilhão de dólares com organismos internacionais; serão feitas ofertas para fortalecer as reservas e recompras de dívida soberana, e trabalhar-se-á em um acordo com o Fundo Monetário Internacional para continuar com os desembolsos planejados e enfrentar os novos desafios econômicos.
Sobre a última medida, Massa disse que será divulgado o índice de mobilidade da aposentadoria para ajudar os aposentados a superar os danos da inflação; entidades empresariais e trabalhadores serão convocados para assegurar um mecanismo de trabalho que permita a recuperação de rendimentos no setor privado; haverá reorganização dos planos sociais de retorno ao mercado de trabalho, fortalecimento do cooperativismo e proteção em situações de vulnerabilidade; as instituições serão auditadas e os programas de crédito serão unificados em uma única linha para todas as políticas de promoção de crédito.
“Não sou super nada, nem mágico, nem salvador, venho trabalhar de forma muito empenhada para tentar ajudar a Argentina a fazer bem e os argentinos a fazer melhor”, esclareceu, e continuou: “Venho para que possamos transformar nossos recursos em riqueza, a Argentina é um país com recursos em desenvolvimento, não um país rico. Temos que construir riqueza entre todos nós, isso inclui o governo e a oposição.”
Por fim, enfatizou que seu objetivo é “trabalhar com inclusão”.
Horas antes do anúncio das medidas, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, empossou Massa e fez um apelo para "unir esforços para avançar".
Vivemos um momento único para a humanidade, complexo, difícil, tentando superar uma pandemia que atingiu o mundo e tentando continuar avançando em um mundo que entrou em uma guerra cujos efeitos impactam diretamente no hemisfério sul e na Argentina também, é claro”, disse o presidente argentino em seu discurso.
Em relação ao novo ministro, que assumiu o cargo em substituição a Silvina Batakis - que esteve apenas 24 dias à frente do Ministério da Economia - Fernández o descreveu como alguém com "capacidade e coragem" e disse ter certeza de que "ele vai fazer muito bem."
A chegada de Massa, que até terça-feira presidiu a Câmara dos Deputados, implicou a mudança de vários cargos após a unificação de diferentes pastas. Batakis irá para o Banco de la Nación, enquanto o ex-ministro do Desenvolvimento Produtivo, Daniel Scioli, retornará à embaixada no Brasil.
Entre as questões centrais que Massa enfrentará estão a crise do peso argentino, que caiu para mínimos históricos, as divergências políticas internas sobre a economia, que geraram distanciamento entre Fernández e Kirchner, e o acordo com o Fundo Monetário Internacional.
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