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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    10 perguntas sobre o antes, o durante e o depois do 8 de janeiro

    "Dois anos depois, essa é uma das dúvidas incômodas ainda sem resposta: por que não houve reação nas ruas à invasão de Brasília?", questiona Moisés Mendes

    Jair Bolsonaro e atos golpistas de 8 de Janeiro (Foto: REUTERS)

    1. Por que só 5 mil pessoas invadiram Brasília? Alguns dizem até hoje que tinha muita gente no 8 de janeiro. Não tinha. O cálculo mais superestimado cita essas 5 mil pessoas. O resto é chute. É público de ginásio de esportes de qualquer cidade média do interior. Por que não apareceu mais gente do entorno de Brasília e os invasores se resumiram aos acampados e aos que foram levados no dia em veículos fretados? 

    2. Por que não houve reação à tentativa de golpe? Um pouco mais de 5 mil pessoas invadem Brasília e 212 milhões de brasileiros ficam olhando a invasão pela TV. Nem no dia 8, nem no dia seguinte e nem dias depois houve qualquer articulação de resistência nas ruas pela democracia e em defesa da posse de Lula. Se houver outra tentativa de golpe, essa inércia irá se repetir?

    3. Por que nenhum líder do golpe mostrou a cara? Eram manés, patriotas ou ‘todos eram 171’, como disse Lula, mas não havia ninguém com alguma relevância ou algum passado de ativismo político entre os invasores. Por que só as manadas foram empurradas para o golpe, enquanto os grandes líderes fugiam e os chefes intermediários se escondiam?   

    4. Por que os acampados de fora de Brasília foram poupados? As primeiras prisões foram feitas no dia 8. As outras, no acampamento do QG do Exército, no dia seguinte. Os demais acampamentos perto de quartéis reuniram muita gente por todo o país, como os 5 mil de Itajaí. Todos conspirando contra a posse de Lula. Esses outros manés, nunca presos e indiciados, não cometeram nenhum crime?

    5. O golpe foi uma articulação com várias frentes, muito antes do 8 de janeiro, incluindo os tios do zap que disseminavam fake news junto com a alerta de que algo iria acontecer. Além dos casos de ativistas com dinheiro que foram para restaurantes dizer que o bloqueio de estradas deveria ser mantido. Esses, que espalharam o terror, como o conselheiro do TCU João Augusto Nardes, estão impunes até hoje. Alysson Paulinelli, outro disseminador do levante militar, poderia ser processado se ainda estivesse vivo, ou estaria na mesma turma de Nardes, que se acomodou na moita?

    6. O que vai acontecer com os que se negam a admitir que cometeram crimes? Os que não aceitam o acordo da persecução penal (com admissão dos delitos, mas sem cumprir penas) continuam fugindo da Justiça, assim como os condenados foragidos que estão na Argentina e em outros países da região. O que vai acontecer com os blogueiros golpistas foragidos Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, se não forem extraditados e continuarem livres e debochando de Alexandre de Moraes e do Judiciário? 

    7. Por que até hoje os grandes financiadores das estruturas do fascismo não foram alcançados? Por que os milionários da extrema direita, investigados como criminosos desde 2019, até hoje estão impunes? Seria pela força do poder econômico, que se sobrepõe ao poder político e até ao poder militar? 

    8. Quem estará ao lado de Lula no evento que relembrará em Brasília o segundo ano da tentativa de golpe do 8 de janeiro? No ano passado, muitos valentes com altas funções institucionais se acovardaram. Continuarão acovardados, mesmo que o chefe militar do golpe esteja preso?

    9. O que eles estão preparando para 2025, em currais fascistas ainda intactos, em preparação ao que pretendem fazer em 2026?

    10. E se Bolsonaro não for preso?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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