100 dias de Doria: desemprego e retrocesso social
O governador João Doria completou 100 dias à frente do Estado de São Paulo e, nesse curto período, projetou as piores características já reveladas como prefeito da Capital. Doria alia alta insensibilidade social a uma obsessão por desmontar o Estado como promotor do desenvolvimento e do bem-estar social
O governador João Doria completou 100 dias à frente do Estado de São Paulo e, nesse curto período, projetou as piores características já reveladas como prefeito da Capital. Doria alia alta insensibilidade social a uma obsessão por desmontar o Estado como promotor do desenvolvimento e do bem-estar social.
A cidade de São Paulo tem mais de 1 milhão do 1,7 milhão de desempregados da Grande São Paulo, segundo a pesquisa Dieese/Seade; em todo o Estado, 2,8 milhões de paulistas não encontram trabalho. Após a reforma trabalhista do governo Temer, entusiasticamente apoiada por Doria e pelo presidente Jair Bolsonaro, explodiram os trabalhos informais, temporários e intermitentes. A renda das famílias caiu e a desigualdade entre pobres e ricos só faz aumentar no Brasil e em São Paulo.
Apesar da gravidade da crise, que recentemente levou 15 mil trabalhadores ao Vale do Anhangabaú, na Capital, em busca de vagas no comércio, as finanças, tanto do Estado como da Capital, contam uma história no mínimo inquietante.
Doria recebeu o Estado, em 1º de janeiro deste ano, com uma disponibilidade bruta de caixa de R$ 33,6 bilhões. Como disponibilidade líquida, ou seja para aplicar onde bem decidisse, tinha R$ 13,2 bilhões. Mas que caminho ele adotou? O do investimento é que não foi. Doria determinou um corte de R$ 3,2 bilhões nos investimentos do Estado, sem dar a mínima para as 317 obras públicas paradas. Obras que, se reativadas, poderiam ajudar a gerar empregos e a ativar a economia do Estado.
São Paulo, assim como o Brasil, precisa voltar a crescer urgentemente, mas Doria resolveu submeter a maior economia do País ao ritmo paralisante do governo Bolsonaro, marcado agora por 13 milhões de desempregados. Repete em coro com o governo federal, os banqueiros e as maiores fortunas do País que só a injusta reforma da Previdência será a salvação do Brasil. O empenho e a execução orçamentários de seu governo são sofríveis; o investimento, medíocre. Os cortes na Cultura chocam pela violência de ameaçar fechar instituições históricas como o Museu Afro Brasil e o Conservatório de Tatuí, além de extinguir editais para, entre outros, desenvolver fábricas e oficinas de cultura popular. Nas áreas sociais, os cortes também afetam duramente programas de renda e de proteção social para jovens e idosos carentes.
Em vez de mobilizar o Estado em torno de um plano de desenvolvimento, Doria inventou um déficit orçamentário de R$ 4,8 bilhões e impôs um contingenciamento de quase R$ 6 bilhões nas despesas do Estado. Em lugar de investir e motivar o investimento privado, Doria quer que os deputados lhe deem um cheque em branco para reestruturar seis empresas do Estado, a maior parte lucrativa e saudável, apenas para avançar a sua agenda ideológica de privatizações.
Para não perder o hábito da época da Prefeitura, o governador diz que irá a China em busca de investimentos. Só falta combinar com seu aliado de Brasília, o presidente e seus ministros e familiares que gostam de atacar os chineses. Marketing apenas não motiva investidores, chineses ou não.
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