29M: A resistência de hoje é a garantia de existência do amanhã!
É mentiroso utilizar o argumento de que as aglomerações de hoje – que buscam o fim da barbárie – se assemelham aos protestos bolsonaristas
Este texto está sendo redigido imediatamente após minha chegada em casa das manifestações de 29 de maio. No afã de relatar um pouco do que vi desse momento histórico que se passou não apenas em São Paulo, mas em várias cidades do país: no meio de uma pandemia que já dizimou quase meio milhão de pessoas, as pessoas se puseram a protestar. Em São Paulo o ato se deu principalmente na Avenida Paulista em São Paulo, mas passou por demais localidades, terminando na Praça Roosevelt.
Com o lema “Vida, pão, vacina e educação” o 29M se tornou um grito da coletividade, que lembrou que pessoas seguem morrendo aos montes diariamente por uma doença que já possui de vacina (e que o presidente deliberadamente desprezou a compra de mais de 100 milhões de doses, que teriam salvo dezenas de milhares de pessoas). Pais, mães, amigos. Seguimos acumulando baixas por um projeto criminoso de condução da nação.
Bradou contra o fato de que 6 em cada 10 lares brasileiros hoje passam por insegurança alimentar, isto é, não tem condições de fazer refeições adequadas e que o auxílio emergencial, cuja manutenção é sempre aprovada através de luta, mal dá para cobrir as necessidades mínimas. Ao mesmo tempo que a população padece de fome os bilionários seguem cada vez mais ricos e interferindo na condução do Estado, contra a população.
As manifestações também puseram em pauta a situação calamitosa das universidades, que sofrem com contingenciamento de verbas a ponto de não terem o mínimo conseguirem voltar suas atividades presenciais em 2021. As universidades e institutos de pesquisa seguem sofrendo de monte, entretanto todo e qualquer avanço, toda e qualquer ciência vem desses mesmos alvos. O pensamento e a liberdade lutam para que o Brasil não mergulhe no obscurantismo.
O povo nas ruas deixou claro que não é esse tipo de sociedade que ele quer e que esses desmontes não serão feitos sem resistência. A resistência de hoje é a garantia de existência do amanhã! Foi surpreendente ouvir os relatos das lideranças negras, estudantis, trabalhadoras e de movimentos populares. Quantos sonhos e perspectivas postos em xeque por um governo cujo único mérito será o lugar de destaque na lata de lixo da história.
Andamos a passos largos para o abismo com esse projeto de fascistização da nação. 29M veio para deixar claro de que há povo, há gente e há resistência! Fascistas não passarão.
Aproveito ainda esse espaço para rechaçar veementemente a aplicação da teoria da ferradura para os nossos protestos e o dos bolsonaristas. Não há simplesmente nenhum cabimento e nenhuma possibilidade lógica de equiparação. Se na deles a pauta é o golpe, a intervenção militar constitucional (sic), o apoio a um genocida e a possibilidade de livremente proliferar um vírus que já vitimou quase meio milhão de pessoas, em nossa manifestação, os movimentos sociais entendem a necessidade de preservar a saúde alheio e para tal doaram milhares de máscaras PFF2, dirimindo perspectivas de disseminação de vírus.
Além disso, as pautas de nosso lado são civilizatórias: não permitir que se morra de fome, que se morra por falta de vacina, que as universidades (e, portanto, a própria ciência) não sejam destruídas por um projeto político criminoso e que cesse este regime de barbárie que se instaurou em 2016 e que ganhou força, sobretudo, com a eleição de Jair Messias Bolsonaro. É pelo impeachment.
Portanto, é mentiroso utilizar o argumento de que as aglomerações de hoje – que buscam o fim da barbárie – se assemelham aos protestos bolsonaristas. Mas no país do gado, a mentira é a lei! Que fique a mensagem: pisa ligeiro! Quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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