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    Mirela Filgueiras

    Jornalista, com especialização em Teorias da Comunicação e da Imagem. Tem experiência nas áreas de webjornalismo, assessoria, rádio e televisão. Estuda as relações entre cibercultura e jornalismo

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    90 dias de Bolsonaro

    Neste governo uma coisa é certa: passamos muita vergonha com a estupidez de Bolsonaro. O primeiro grande constrangimento foi logo para o mundo todo ver, seis minutos de vexame internacional. Bolsonaro mostrou ao mundo que, mesmo lendo, não sabe discursar e que sua equipe não consegue escrever um texto minimamente razoável e sem fake news

    90 dias de Bolsonaro (Foto: Adriano Machado - Reuters)

    Hoje faz 90 dias de governo Bolsonaro. O candidato mais inepto venceu as eleições de 2018 e “governa" pelo twitter, porque nem ele nem a sua equipe tem a menor noção do que é governar.

    Vamos agora relembrar alguns dos acontecimentos mais importantes deste desgoverno, que apesar de recente, tá caindo de podre.

    Vergonha alheia internacional 

    Neste governo uma coisa é certa: passamos muita vergonha com a estupidez de Bolsonaro. O primeiro grande constrangimento foi logo para o mundo todo ver, seis minutos de vexame internacional.

    Em Davos, Bolsonaro mostrou ao mundo que, mesmo lendo, não sabe discursar e que sua equipe não consegue escrever um texto minimamente razoável e sem fake news.

    Superficial, mal redigida, permeada de clichês conservadores e com dados estatísticos falsos (um deles foi dizer que o Brasil era o país que mais preservava o meio ambiente enquanto o Índice de Desempenho Ambiental ou Environmental Performance Index (EPI), de 2018, coloca o Brasil na 69ª posição num total de 180) a fala de Bolsonaro resultou em queda de 1000 pontos no Ibovespa e no cancelamento, sem aviso, da entrevista coletiva dele e de sua equipe (Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, Paulo Guedes, da Economia, e Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública).

    No Paraguai, Bolsonaro elogiou o ditador pedófilo, Alfredo Stroessner, que oprimiu o Paraguai por 35 anos, período no qual torturou quase 20 mil pessoas e estuprou aproximadamente 1.600 crianças de 10 a 15 anos de idade.

    “Segundo os investigadores do Departamento de Memória Histórica e Reparação do Ministério da Justiça em Assunção, Stroessner estuprava em média quatro meninas novas por mês. Isso é, como pedófilo em série, em três décadas e meia de ditadura, ele teria violado mais de 1.600 crianças.” (PALACIOS E SALGADO, 2019).
     
    Em sua terceira viagem internacional, "o Trump dos trópicos" adulou e bajulou o presidente dos EUA, de acordo com a CNN, entregou o Centro de Lançamento de Alcântara; aceitou comprar trigo dos EUA com isenção tarifária; liberou os estadunidenses de obter visto para viagens ao Brasil, sem exigir reciprocidade, e anunciou que o Brasil está à venda: "Nós estamos vendendo. Sexta-feira passada nós vendemos 12 aeroportos. Vocês podem ir lá ajudar a financiar nossas rodovias, ir atrás de concessões de petróleo e gás. Daqui a três, quatro meses, vamos vender o pré-sal. Todos vão estar lá: chineses, americanos, noruegueses. Temos que fazer como qualquer empresa faria, vender suas propriedades, reduzir a trajetória futura de gastos que aumentam.", disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante conferência na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington, no dia 19/03.

    No Chile, Bolsonaro voltou a elogiar os 17 anos da ditadura de Pinochet (1973 a 1990) que resultaram em mais de 3 mil mortos e desaparecidos e em 40 mil pessoas presas e torturadas. O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi no rastro e exaltou a matança: "No período Pinochet, o Chile teve que dar um banho de sangue. Triste. O sangue lavou as ruas do Chile, mas as bases macroeconômicas fixadas naquele governo... Já passaram oito governos de esquerda e nenhum mexeu nas bases macroeconômicas colocadas no Chile no governo Pinochet."

     
    Milícias
     
    A CNN chilena insinuou que Bolsonaro seria o mandante do assassinato de Marielle Franco. A matéria Todas las pistas que llevarían a Bolsonaro: Justicia brasileña aún no aclara quién mandó a matar a Marielle Franco (Todas as pistas que levariam a Bolsonaro: justiça brasileira ainda não esclarece quem mandou matar Marielle Franco) elenca cinco fatos que comprometem Bolsonaro, são eles: 1. El asesino vivía en el mismo condominio que Bolsonaro (O assassino morava no mesmo condomínio que Bolsonaro); 2. La hija del asesino fue novia de un hijo de Bolsonaro (A filha do assassino era a namorada de um filho de Bolsonaro); 3. El que conducía el auto tenía una foto con Bolsonaro (Aquele que estava dirigindo o carro tinha uma foto com Bolsonaro); 4. El jefe de la milicia trabajaba para el hijo de Bolsonaro (O chefe da milícia trabalhou para o filho de Bolsonaro) e 5. El problema de las milicias (O problema das milícias).
     
    O problema é que o clã Bolsonaro nunca encarou as milícias como problema, pelo contrário, desde 2003 a família Bolsonaro defende publicamente os milicianos. “Os dois principais alvos da Operação Intocáveis, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do Rio por indicação do deputado estadual Flávio Bolsonaro.” (OTAVIO E ARAÚJO, 2019).
     
    A amizade é recíproca: "em 2018, Flávio Bolsonaro foi o senador mais votado em Rio das Pedras, com 8.729 votos, o equivalente a 17% do total" (DCM, 2019) e foi também em Rio das Pedras que Queiroz, o ex-motorista de Flavio Bolsonaro, se escondeu para não prestar depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
    Golden shower
     
    Como esquecer desta vergonha escatológica que deixou o mundo com nojo. Bolsonaro com Raiva de ter virado hit do carnaval com os sucessos: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”; “Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano” e “Aí, aí, aí, Bolsonaro é o cara*” resolveu atacar o Carnaval, o nosso maior evento turístico, que em 2018 foi responsável por movimentar 10 milhões de pessoas pelo Brasil e injetar R$ 11 bilhões na economia.
     
    Sugiro que no epitáfio do Messias seja escrito: morreu sabendo o que é golden shower.
     
    Sensibilidade a toda prova
     
    A primeira medida do governo Bolsonaro, em 15 de janeiro, foi um decreto presidencial no qual facilitava a posse de armas de fogo no Brasil. 56 dias depois ocorreria o massacre de Suzano.

    Com medo de que o crime afetasse a flexibilização do porte de armas, próxima etapa do "plano Bolsonaro para a segurança pública", a Presidência da República só se pronunciou seis horas após o ocorrido. A nota da Secretaria de Comunicação Social foi curta, um parágrafo, e desprovida de qualquer empatia e sensibilidade.

    Como se não bastasse, o senador Major Olímpio (PSL) ainda teve a desfaçatez de dizer que se os professores e demais funcionários da escola estivessem armados poderiam ter evitado a tragédia. "Segundo o senador bolsonarista, se os professores estivessem armados na escola, a situação poderia ter sido "minimizada". "Se tivesse um cidadão com uma arma regular, dentro da igreja, de escola, professor, servente, policial aposentado trabalhando lá, poderia ter minimizado o tamanho da tragédia", afirmou Major Olímpio." (BRASIL247).

    Com essa fala o major desqualifica a carreira policial, ao afirmar que basta uma arma para qualquer cidadão virar um agente da lei, e joga a responsabilidade da segurança pública nos cidadãos.
     
    Referências:
     
    BRASIL247. LOUVADO POR BOLSONARO, DITADOR PARAGUAIO TORTUROU 20 MIL E FOI ACUSADO DE PEDOFILIA. Disponível em: <https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/385197/Louvado-por-Bolsonaro-ditador-paraguaio-torturou-20-mil-e-foi-acusado-de-pedofilia.htm>. Acesso em: 27 mar. 2019.
     
    BRASIL247. MAJOR OLÍMPIO: TRAGÉDIA EM SUZANO SERIA “MINIMIZADA” SE PROFESSORES ESTIVESSEM ARMADOS. Disponível em: < https://www.brasil247.com/pt/247/sudeste/386723/Major-Ol%C3%ADmpio-trag%C3%A9dia-em-Suzano-seria-%E2%80%9Cminimizada%E2%80%9D-se-professores-estivessem-armados.htm>. Acesso em: 27 mar. 2019.
     
    DCM. Flávio Bolsonaro foi o senador mais votado em Rio das Pedras, reduto da mais antiga milícia carioca. Disponível em: < https://www.diariodocentrodomundo.com.br/flavio-bolsonaro-foi-o-senador-mais-votado-em-rio-das-pedras-reduto-da-mais-antiga-milicia-carioca/ >. Acesso em: 27 mar. 2019.
     
    OTAVIO, Chico e ARAÚJO, Vera. Alvos de operação, milicianos foram homenageados por Flávio Bolsonaro em 2003 e 2004. Disponível em: < https://m.oglobo.globo.com/rio/alvos-de-operacao-milicianos-foram-homenageados-por-flavio-bolsonaro-em-2003-2004-23391203>. Acesso em: 27 mar. 2019.
     
    PALACIOS, Ariel e SALGADO, Daniel. 7 FATOS SOBRE O DITADOR — E PEDÓFILO REITERADO — ELOGIADO POR BOLSONARO. Disponível em: <https://epoca.globo.com/7-fatos-sobre-ditador-e-pedofilo-reiterado-elogiado-por-bolsonaro-23486277>. Acesso em: 27 mar. 2019.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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