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    Mirela Filgueiras

    Jornalista, com especialização em Teorias da Comunicação e da Imagem. Tem experiência nas áreas de webjornalismo, assessoria, rádio e televisão. Estuda as relações entre cibercultura e jornalismo

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    A Banalidade do Absurdo

    A estrada da extrema-direita estava, então, pavimentada. A campanha de 2018 foi o prenúncio do que seria a base do governo Bolsonaro: fake news, discursos de ódio e diversionismo

    (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

    Estamos na era da banalidade do absurdo. Que tipo de presidente acha aceitável participar de um deboche patético, ao lado de um “humorista”, que entrega bananas para a imprensa? Que tipo de imprensa aceita ser insultada dentro de um cercadinho? Quando daremos um basta a esse circo de horrores armado para esconder a inépcia de todo o Governo Federal?


    Loucuras se sucedem, cotidianamente, em um ritmo frenético que acaba por normalizar a insensatez, o grotesco, a estupidez. Nossa sociedade está sendo levada ao caos, à hostilidade violenta e ao autoritarismo. Estamos normalizando o inominável, regredindo, cavando um poço de preconceitos, intolerância, burrice e alienação.


    Começamos com o mentirão e a teoria do domínio do fato; depois aceitamos o impeachment da Dilma, sem crime de responsabilidade, com direito a discurso em defesa do torturador Ustra; até que Lula foi preso por “ato de ofício indeterminado” e impedido de disputar as eleições.  


    A estrada da extrema-direita estava, então, pavimentada. A campanha de 2018 foi o prenúncio do que seria a base do governo Bolsonaro: fake news, discursos de ódio e diversionismo.


    Neste Brasil distópico, os absurdos se sucedem, cada vez piores e mais graves. Eles nos anestesiam e tornam tudo banal, perigoso e preocupante. Contra “argumentos” não há fatos. Hoje, teorias malucas e anticientíficas são questão de opinião; o vocabulário está cada vez mais chulo; o comportamento, mais agressivo e a cultura virou um “pum produzido com talco espirrando do traseiro do palhaço”.


    O elogio da estupidez empoderou os medíocres. Agora, os imbecis, que eram os piores alunos da sala de aula, podem se tornar presidentes, ministros, parlamentares e formadores de opinião. Ganharam o poder político, religioso e midiático.  


    Os discursos de ódio viraram homicídios; os neopentecostais são os novos fanáticos religiosos, vendilhões, com sede de dominar a política e o judiciário; o próprio judiciário virou capanga de miliciano; os militares são antinacionalistas e entreguistas; a política está cheia de outsiders e o jornalismo hegemônico e interesseiro tenta legitimar nossa democracia em vertigem.  

    Pibinho


    Bolsonaro entregou um PIB de 1,1%. Agora, lembremos que durante o governo Lula, em 2010, o PIB brasileiro atingiu 7,5%, o maior desde 1986, e que durante o governo Dilma, em 2014, o Brasil registrou a menor taxa de desemprego da série histórica. O total de desempregados, em dezembro, era de 1,051 milhão de pessoas. Tínhamos uma economia forte e pleno emprego, e acima de tudo, tínhamos soberania, paz, felicidade e esperança.


    No governo Bolsonaro só temos deboche, autoritarismo e mentiras. O desemprego vai continuar e a economia não vai melhorar, porque a política neoliberal do ministro Guedes é de desmonte.


    Quando a miséria se instalar nos lares dos cidadãos de bem, não terá teologia da prosperidade que dê jeito. Com isso, o pobre de direita, também conhecido como classe média conservadora, pode aprender a lição, passar a ter consciência de classe e abandonar o palhaço miliciano e o engodo do liberalismo.  


    Referências:


    SPITZ, Clarice. PIB brasileiro fecha 2010 com crescimento de 7,5%, maior desde 1986, aponta IBGE. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/pib-brasileiro-fecha-2010-com-crescimento-de-75-maior-desde-1986-aponta-ibge-2815938>. Acesso em: 04 mar. 2020

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