A chance de encerrar o esgotado ciclo petista
Em 2014, talvez como "nunca antes" desde que o PT chegou ao poder, a oposição tem possibilidades concretas de vencer as eleições
Com o novo ano que se inicia, as atenções da população estarão voltadas para a Copa do Mundo, que volta a ser disputada no país do futebol após mais de seis décadas. Apesar da grande comoção nacional gerada pelo torneio e de nossa torcida para que o time canarinho conquiste o hexacampeonato, os brasileiros terão, em 2014, uma missão ainda mais importante do que aquela reservada a Neymar e companhia nos gramados: definir os rumos do país, escolhendo o próximo presidente da República.
Onze anos depois de chegar ao Palácio do Planalto com Lula, o PT representa um modelo que vem dando sucessivas provas de seu esgotamento. Herdeira de um legado ingrato deixado pelo antecessor, o governo de Dilma Rousseff é marcado pela estagnação da economia, com crescimento pífio do PIB e aumento da pressão inflacionária, além de precária infraestrutura, desindustrialização, loteamento da máquina pública, rombo nas contas externas e escândalos de corrupção que se acumulam.
As manifestações de junho já haviam deixado claro que a maioria dos cidadãos exige mudanças profundas. Apesar da análise precipitada de alguns comentaristas que, como penas de aluguel a serviço do lulopetismo, antecipam a reeleição de Dilma a um ano da disputa presidencial, uma recente pesquisa do Datafolha mostrou que dois em cada três brasileiros (66%) desejam que o próximo chefe da nação adote ações diferentes do atual governo. A própria aprovação da petista, que chegou a 65% em março, hoje gira em torno de 40%, índice que não lhe assegura a vitória antes de o jogo começar.
As oposições, que já apresentam duas pré-candidaturas competitivas, passarão a disputar espaço com a presidente no noticiário somente a partir de março ou abril, quando a imprensa deve dedicar uma cobertura mais ampla também aos adversários do governo. Por enquanto, o que se tem é quase um monólogo presidencial, com a exposição de Dilma em todos os veículos de comunicação, sem que se ofereça ao eleitor a chance de ouvir o contraditório em igualdade de condições.
O indicativo de apoio do PPS à pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), fortalece o campo democrático de esquerda que se apresenta ao Brasil como uma alternativa progressista ao lulopetismo. Com essa união, quem ganha são as oposições como um todo, inclusive o senador Aécio Neves (PSDB). É preciso, sobretudo, somar esforços para que todos estejam unidos no segundo turno contra Dilma e o PT, e a favor da alternância de poder.
Aliás, graças à incompetência generalizada do governo atual, não é impossível imaginar um cenário em que a presidente não tenha forças sequer para chegar à segunda rodada do pleito. E, se os petistas perceberem uma eventual fragilidade que inviabilize sua candidata, Lula dificilmente aceitará entrar em uma disputa acirrada que lhe ofereça mais riscos do que certezas.
Em 2014, talvez como "nunca antes" desde que o PT chegou ao poder, a oposição tem possibilidades concretas de vencer as eleições. O povo brasileiro, que torcerá muito pela seleção durante a Copa do Mundo, certamente também saberá refletir sobre o país que deseja construir — com ética, dignidade, respeito pelas instituições republicanas e compromisso com a democracia. Trata-se de uma chance única de mudar os rumos do Brasil. Não podemos desperdiçá-la.
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