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Natália Araújo

Natália Araújo é jornalista, apresentadora dos canais Favela Não Se Cala TV e Gazeta Latino América e comentarista convidada em canais progressistas com a TV247. Participou de projetos em saúde pública na FSP-USP.

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A diáspora palestina: 76 anos de sofrimento e resistência

A Nakba deixou uma ferida profunda na história da Palestina

Palestinos em território israelense fazem manifestação contra a ocupação (Foto: Ammar Awad/REUTERS)

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Por Natália Araújo - O tema da diáspora palestina é de grande importância histórica e geopolítica, merecendo uma compreensão aprofundada de todos para que nunca mais se repita. Neste rápido texto, vamos explorar a Nakba, um acontecimento crucial na história do povo palestino, e fazer uma análise da situação atual entre Israel e Palestina ainda neste contexto.

A Nakba, termo árabe que significa "catástrofe", deixou uma marca profunda na diáspora palestina. Refere-se ao êxodo em massa dos palestinos durante a criação do Estado de Israel em 1948, evento marcado não somente pela expulsão dos palestinos, mas também por sua limpeza étnica, cuja primeira leva durou do final de 1947 até 1951. Nesse período, 750 mil famílias foram expulsas de suas terras, abandonando suas casas, raízes e esperanças de uma vida estável e próspera.

As imagens históricas deste período retratam a magnitude do deslocamento e as consequências devastadoras dessa tragédia. A diáspora resultante deixou uma ferida profunda na história da Palestina, transformando uma população em refugiados em seu próprio território.

Atualmente, décadas depois da Nakba, a situação entre Israel e Palestina continua marcada pela violência e opressão ao que chamamos também de sionismo. A invasão da Cisjordânia e a construção de assentamentos ilegais, restrições de liberdade em seu próprio território, os muros de separação que dividem comunidades milenares, bloqueio comercial que limita acesso a bens de consumo e alimentos, constantes assassinatos, perseguições e prisões até de crianças, são questões que agravam as feridas abertas pela diáspora palestina.

Desde o início da Nakba, 88% dos palestinos já foram expulsos ou mortos pelas forças de ocupação sionistas, isso consta em cerca de 725 a 800 mil palestinos, 15.000 mortos nesse montante. Já o nível de destruição das localidades palestinas não se diferencia muito, das 774 localidades, 531 já foram destruídas.

O falso Estado de Israel tem cada vez mais demonstrado seu verdadeiro regime segregacionista nos moldes do apartheid sul-africano, como pode-se ver com a continuação da Nakba, televisionada, desde 7/10/2023 até agora, com a limpeza étnica de quase toda Gaza, para o sul, na região de Rafah. Os palestinos ocupam apenas 1/6 de seu território.

O total de mortos nesta limpeza étnica, considerando desaparecidos sob os escombros já é o de 43.600 (quase 3 vezes mais que a primeira Nakba), o nível de destruição do território palestino também aumentou em 6% desde então, indo de 69% para 75% das localidades palestinas destroçadas ou ocupadas.

Os dados a seguir são inacreditáveis e ilustram a pior fase de assassinatos aos verdadeiros donos da terra ocupada pelos terroristas israelense.

- 88% dos palestinos foram expulsos ou mortos de sua terra para se tornar “Israel”. Fala-se em 725 mil a 800 mil (ONU), os palestinos executados para que a política genocida do sionismo siga limpando etnicamente toda uma população de civis, sem deixar de citar que 15 mil foram mortos neste montante,

Até agora, 69% de destruição – das 774 localidade palestinas invadidas, 531 foram destruídas

- Limpeza étnica de quase toda Gaza, para o sul, Rafah, com apenas 1/6 do território, totalizando 91,5% de seus territórios ocupados, 3% a mais que a Nakba de 76 anos atrás.

- Presenciamos diariamente, recordes de Mortos nesta limpeza étnica, considerando desaparecidos sob os escombros: 43.600, quase 3 vezes mais que a Nakba

- Destruição de mais de 75% das cidades e infraestrutura, 6% mais que a Nakba.

- Josep Borrell, alto responsável pelos negócios estrangeiros da União Europeia fala em 95%, considerando o que foi parcialmente destruído.

Em números oficiais temos um total aproximado de mortos em 35.589 palestinos, desaparecidos sob escombros são de 8 a 10 mil, mortos considerando desaparecidos são 43.589 a 45.mil esses números representam a 2% da população de Gaza. Seriam 2 milhões no Brasil e 15 milhões na Europa. Em 220 dias!

Crianças: 15.227. Com as 4 mil desaparecidas, quase 20 mil, 45% dos assassinados. Só elas superam todos os mortos na Nakba.

Mulheres assassinadas, com desaparecidas (700): 10.661, perto de 25% do total de exterminados, se aproximam do total de mortos na Nakba, a maior limpeza étnica da história.

A realidade atual na região é caracterizada por confrontos e um ciclo constante de violência. Civis palestinos são alvos de bombardeios e ataques, enquanto Israel justifica suas ações como necessárias para se “defender” do Hamas, um dos poucos grupos de resistência armada presentes na região.

Mas o número de pessoas afetadas demonstra o real interesse dos sionistas, limpeza étnica e ocupação total do Estado Palestino.

Os palestinos enfrentam uma série de desafios e violações dos direitos humanos. A expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia continua a deslocar famílias palestinas e privá-las de suas terras. Dificultam o acesso a recursos básicos como água e eletricidade. Além disso, o bloqueio imposto por Israel em Gaza agrava ainda mais a situação, limitando o acesso a itens essenciais e causando sofrimento constante à população.

Em abril de 2024, a Comissão de Direitos Humanos da ONU divulgou o relatório "Anatomia de um Genocídio", que descreve as violações cometidas por Israel contra o povo palestino. O relatório conclui que Israel distorceu intencionalmente os princípios do direito de guerra, buscando justificar a violência genocida contra os palestinos. As mortes, especialmente as de crianças, o deslocamento forçado, as detenções e torturas são apenas alguns exemplos das atrocidades cometidas.

Esse relatório será uma peça fundamental no auxílio aos especialistas que investigarão o crime de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, a pedido da África do Sul, Brasil e outros países membros.

Portanto, a diáspora palestina continua a ser uma realidade dolorosa e a luta do povo palestino por justiça e autodeterminação persiste. A busca pela recuperação de seu território e pelo reconhecimento de seus direitos humanos é uma batalha que não pode ser ignorada. A história da diáspora palestina é uma história de sofrimento e resistência, e só chegará ao fim quando a Palestina for livre do rio ao mar e autônoma novamente.

Todos os dados utilizados nessa matéria foram fornecidos pela Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL)

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