A direita roda bolsinha
Apesar da sua extraordinária capacidade política, Lula cometeu o erro grave de ter tratado essa direita como gente, não haver reconhecido nela o ancinho da morte do nordeste de onde veio, a saúva, a tocaia
- O que é a direita brasileira?
Hoje no Brasil, quando alguém fizer essa pergunta, não será preciso bater na janela de Marx ou Lênin e nem fazer longas divagações filosóficas, bastando responder "é essa coisa aí que você está vendo". Ou senão pedir para o seu interlocutor ir ao açougue que verá a direita exposta sobre o balcão ou pendurada em ganchos. Pois é uma direita sem elegância ou nobreza, mudou-se da Casa Grande para os esgotos do rentismo. A justiça mudou-se do suntuoso palácio para o mercado aos domingos.
- O que é a direita brasileira?
É repasto de urubus em seu cotidiano, cloaca, restos de repolho apodrecido, pedaços de unhas boiando na poça de água. A direita é um virus aperfeiçoado pelo gênio dos Marinhos e disseminado na população pela rede Globo. É o que o mercado possui de mais precioso, é um bezerro de ouro guardado num cofre, uma mosca de esmeralda que Temer, Renan, Moro, Aécio disputam na calada da noite. Está nas entrelinhas da Bíblia, como um aviso, uma folha seca que a corte procura desesperadamente. É a mentira e a mentira repetida diuturnamente contra as lideranças de esquerda, os movimentos sociais. A mentira sóbria, de bigode aparado, que caminha com passos sofisticados ao subir a rampa do palácio.
Marx, em sua obra O 18 Brumário de Luís Bonaparte, nos apresenta um personagem histórico, um palhaço, que representa as figuras dessa nossa direita que não teme em se exibir no picadeiro de circo da Lava Jato: Luís Bonaparte. E Marx estava certo ao afirmar nessa mesma obra que certos fatos e personagens históricos aparecem a primeira vez como tragédia e a outra como farsa. Talvez hoje farsa e tragédia dançam de braços dados no picadeiro. A direita roda a bolsinha na esquina não há noite, mas à luz do dia. Fode-se os brasileiros pobres com PEC 55 e o pecaminoso pacote da aposentadoria à luz do dia, sem a preocupação do homicida que espera a calada da noite para usar o seu punhal. Sangra-se diante de todos, diante das câmaras de jornalistas.
Apesar da sua extraordinária capacidade política, Lula cometeu o erro grave de ter tratado essa direita como gente, não haver reconhecido nela o ancinho da morte do nordeste de onde veio, a saúva, a tocaia. O que essa direita fez com a presidenta Dilma foi tocaia com jagunço e toda aquela discussão jurídica para depô-la não passou de fumaça de trabuco.
Quando escrevermos artigos sobre essa direita que não esqueçamos das saúvas e nem das pestes. Não vamos engraxar os sapatos dela com palavras elegantes e nem colocar em suas orelhas brincos acadêmicos. É hora de aprender a lição.
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