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    Rachel Vargas

    Jornalista há 20 anos, atuou nas principais redações do país, como Correio Braziliense, Jornal de Brasília, TV Band, TV Justiça, Record TV e CNN. Há dois anos, começou a atuar em consultorias políticas e se especializou como consultora de relações institucionais e governamentais, função que também exerce na Ágora Advocacy.

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    A dois anos da eleição, governo Lula enfrenta seu momento mais delicado

    "A crise que hoje se instala já vinha dando sinais escancarados", avalia Rachel Vargas sobre a inflação dos alimentos

    Presidente Lula (PT) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

    Não é de hoje que a inflação dos alimentos se tornou uma das mais incômodas realidades para o brasileiro. Pelo contrário, o tema já estava presente no dia a dia da população na disputa presidencial, tanto é que foi explorado durante campanha eleitoral veiculada na televisão, em 2022, quando Lula simulou o quão caro era encher um carrinho de compras sob o governo de seu rival Jair Bolsonaro. A solução do então candidato para o problema nacional virou promessa de campanha e se tornou tentadora aos olhos de quem mais sentia no bolso o preço da inflação: garantir picanha na mesa de todos os brasileiros.

    Pois bem. Lula ganhou, dois anos de governo se passaram e a picanha não chegou no prato, e pior, segundo um grande aliado do presidente, o eleitor “viu o coxão mole e a carne de panela desaparecerem do carrinho”.

    O problema é que a crise que hoje se instala já vinha dando sinais escancarados, mas não houve estratégia para conter a sangria e tampouco solucionar o problema. O resultado nas eleições municipais, onde o PT teve performance muito abaixo do esperado, especialmente nas periferias, foi um claro demonstrativo de que a rota precisava ser corrigida. Houve derretimento da base social e o reflexo da insatisfação do eleitor que, em quase dois anos de governo, não percebeu melhora na qualidade de vida, avaliam aliados. Mas, antes mesmo disso, as pesquisas eleitorais já davam indícios de que segmentos importantes para a manutenção da popularidade de Lula, como jovens e mulheres, estavam deixando a base.

    Em março de 2024, a pesquisa Quaest, que agora aponta a inflação dos alimentos como a razão para o mau humor do brasileiro, retratava uma queda na popularidade de Lula, praticamente empatando o índice de aprovação e reprovação. A economia também era apontada como um dos pontos de maior insatisfação pelos entrevistados, que passaram a avaliar de forma negativa a gestão Lula 3, especialmente mulheres, jovens e evangélicos. O curioso é que isso ocorreu em meio a uma melhora dos índices econômicos, com PIB alto, taxa de emprego crescente e aumento na renda do brasileiro, mas que se tornaram imperceptíveis e foram corroídos pelos boletos no final do mês. Os auxiliares de Lula falharam ao não ler as pesquisas com afinco e ouvir com mais atenção a voz das ruas que, pode até se preocupar com a estabilidade institucional do país, mas quer, também, honrar as contas no fim do mês e ter condições financeiras de encher o carrinho e sustentar a família.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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