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    A economia mantém o pleno emprego. Não é verdade, os "rolezinhos" sugerem isso

    O IBGE finalmente mostrou que mais de 60 milhões de brasileiros, com mais de 14 anos, não anda procurando emprego. É preciso saber por quê?

    Um dos raros indicadores econômicos que os atuais governantes podem comemorar são os que demonstram uma incrível estabilidade na situação de empregabilidade no Brasil. O chamado "pleno emprego".

    Ou melhor. Podiam comemorar.

    Isso porque, finalmente, o IBGE resolveu incluir na sua numeralha o dado essencial para se saber como anda realmente o mercado de trabalho: aquele que revela quantos brasileiros estão fora desse mercado, ou seja, não estão trabalhando, mas também não estão procurando emprego.

    Isso pode acontecer por N razões, desde a falta de habilitação para ocupar determinada vaga até o cansaço provocado pela longa e inútil procura de serviço numa economia em ritmo de desaquecimento.

    O IBGE constatou que há no país um contingente de 61,3 milhões de brasileiros de 14 anos ou mais que não trabalha nem procura ocupação.

    Uma resposta possível: os jovens não estão trabalhando porque estão estudando.

    Negativo. Um dos índices que mais preocupava o Ministério da Educação desde o tempo do ministro Fernando Haddad era o número absurdo de jovens que não estudavam, nem trabalhavam.

    Mais de 60 milhões fora do mercado de trabalho indica que 38,5% da população considerada em idade de trabalhar, pelo IBGE, ficou fora das estatísticas.

    É o equivalente à soma do total de habitantes dos Estados de São Paulo e do Rio.

    Qualquer que seja a motivação desse pessoal, o dado brasileiro referente ao ano de 2013 ajuda a ilustrar como, apesar das taxas historicamente baixas de desemprego, o mercado de trabalho dá sinais preocupantes de precariedade.

    Mesmo tirando da conta os menores de 18 e os maiores de 60 anos, são 29,8 milhões de pessoas fora da força de trabalho, seja porque desistiram de procurar emprego, seja porque nem tentaram, seja porque são amparados por benefícios sociais.

    Esse número é quatro vezes maior do que os 7,3 milhões oficialmente tidos como desempregados nas tabelas do próprio IBGE.

    Perguntamos: qual seria o número real e quanto aumentariam os índices de desemprego se mais pessoas decidissem ingressar no mercado e disputar vagas?

    Os dados sugerem que grande parte dos que estão fora da força de trabalho é a da chamada "dona de casa": 40,9 milhões são mulheres. Entre os desempregados, a proporção de mulheres é bem menor, de pouco mais da metade.

    O grau de instrução da maioria dos que não trabalham nem procuram emprego, previsivelmente, é baixo: 55,4% não chegaram a concluir o ensino fundamental.

    Mas uma parcela considerável, de quase um quarto do total, inclui os que contam com ensino médio completo ou mais escolaridade. Por que não trabalham, nem procuram emprego?

    Só encontrando as várias respostas que esse pessoal teria para dar é que o governo poderia se jactar de um inexistente "pleno emprego", usualmente utilizado pela senhora presidente e seu ministro da Fazenda quando pretendem dar uma visão panorâmica da economia nacional.

    Talvez boa parte desses milhões de brasileiros mais jovens estejam canalizando sua energia na prática dos inofensivos "rolezinhos".

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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