A educação atacada: um projeto terrível para o país
O aumento do piso nacional dos professores foi uma grande manobra política do governo Bolsonaro
Olá, camaradas. Todos e todas bem? Vivemos mais uma semana nesta desgraceira de Brasil comandado por Jair Bolsonaro. Entre tantos problemas que vivemos no país, um em especial me chama atenção: a crise na educação.
Desde que assumiu o governo, a Educação é uma das áreas mais atacadas pelo presidente. Diversos ministros ruins, quase nada de investimento e, por último, um grave escândalo de corrupção envolvendo agentes públicos do Ministério da Educação e pastores para liberação de verbas aos municípios aliados do governo.
Ao mesmo tempo, ainda precisamos lidar com as estapafúrdias manifestações bolsonaristas contra os professores. Vira e mexe, os professores e professoras são acusados de doutrinarem os alunos com ideologias de esquerda e também de ensinarem a famigerada “ideologia de gênero”. Óbvio que ambas as acusações são mentirosas e usadas para confundir o debate público sobre o tema.
Os ataques feitos pelos bolsonaristas à educação, no entanto, não são ao acaso. Muito pelo contrário. Se tratam de um projeto construído nas entranhas mais podres da extrema-direita brasileira. Eles sabem que uma população educada e com bom acesso à informação traz um risco para eles.
Eles sabem que se as pessoas tiverem um bom ensino básico e médio, e entrarem nas Universidades, serão um risco para o projeto político deles. Por isso buscam a desinformação, as mentiras e os ataques. São formas de descredibilizar uma área que há muito tempo sofre e nos últimos anos passou a sofrer ainda mais.
Ter uma população inteligente faria cair por terra os preceitos que o bolsonarismo propõe. Por isso os ataques também às Universidades. Não é porquê os professores doutrinam. É porque através da ciência e do conhecimento muitos estudantes percebem o mal que o atual governo faz para o país. E isso é justamente o que eles não querem. Por isso cortam bolsas e não reajustam a ajuda para mestrado e doutorado. A bolsa de um mestrando, que não é reajustada desde 2013, está quase no valor de um salário mínimo (R$1.500).
Nos últimos anos, com projetos como “Escola sem Partido”, a extrema-direita tentou entrar no campo da educação ditando suas próprias regras. No entanto, fracassou. É um gasto de energia muito grande para eles entrarem dentro do “sistema” e mudar. Levaria, pelo menos, décadas para conseguirem (isso se conseguirem).
Portanto, a alternativa criada foi diminuir o investimento. É usar o tribunal das redes sociais para perseguir os professores, incentivar a gravação das aulas para prejudicar a imagem dos profissionais e assim trazer para si o discurso de que o atual sistema não funciona.
É óbvio que a educação no Brasil anda mal. Mas, evoluímos. A ditadura militar entregou um saldo de 33% de analfabetos. Antes da pandemia essa taxa caiu para menos de 7%. Temos um projeto de educação universal, que é algo que não existe em países com o tamanho e a complexidade do Brasil. É um projeto audacioso. Mas para dar certo é preciso de investimento e de valorização do professor. Só que na cabeça do bolsonarismo isso vai representar a formação de pessoas que serão oposição. Por isso preferem destruir ao invés de incentivar.
Não nos enganemos. O aumento do piso nacional dos professores foi uma grande manobra política do governo Bolsonaro. Ele aumentou em 33% porque sabia que os estados e municípios não teriam como pagar. Assim, na campanha, quando questionado, vai argumentar: “eu dei o aumento, mas os governadores e prefeitos não repassaram. Defenderam o fiquem em casa e agora alegam que não têm dinheiro”. E, assim, de forma simples, mas objetiva, passa a ganhar o debate.
As eleições de outubro são essenciais por causa disso. É o momento de retirar do poder os algozes da educação e tentar travar, no próximo governo, uma discussão que melhore e aperfeiçoe as bases educacionais do país.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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