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    Matheus Brum

    Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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    A educação atacada: um projeto terrível para o país

    O aumento do piso nacional dos professores foi uma grande manobra política do governo Bolsonaro

    Os alunos das escolas estaduais da região de Presidente Prudente, no interior paulista, tiveram mais de 10 mil aulas vagas entre fevereiro e junho deste ano. O dado, obtido por um levantamento preliminar da Apeoesp, preocupa pais, alunos e professores; pesquisa divulgada há duas semanas pelo sindicato mostra que 74% da população em geral, 63% dos pais, 60% dos estudantes e 73% dos professores consideram que a qualidade da educação nas escolas públicas de São Paulo piorou nos últimos anos (Foto: Aquiles Lins)

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    Olá, camaradas. Todos e todas bem? Vivemos mais uma semana nesta desgraceira de Brasil comandado por Jair Bolsonaro. Entre tantos problemas que vivemos no país, um em especial me chama atenção: a crise na educação. 

    Desde que assumiu o governo, a Educação é uma das áreas mais atacadas pelo presidente. Diversos ministros ruins, quase nada de investimento e, por último, um grave escândalo de corrupção envolvendo agentes públicos do Ministério da Educação e pastores para liberação de verbas aos municípios aliados do governo. 

    Ao mesmo tempo, ainda precisamos lidar com as estapafúrdias manifestações bolsonaristas contra os professores. Vira e mexe, os professores e professoras são acusados de doutrinarem os alunos com ideologias de esquerda e também de ensinarem a famigerada “ideologia de gênero”. Óbvio que ambas as acusações são mentirosas e usadas para confundir o debate público sobre o tema. 

    Os ataques feitos pelos bolsonaristas à educação, no entanto, não são ao acaso. Muito pelo contrário. Se tratam de um projeto construído nas entranhas mais podres da extrema-direita brasileira. Eles sabem que uma população educada e com bom acesso à informação traz um risco para eles. 

    Eles sabem que se as pessoas tiverem um bom ensino básico e médio, e entrarem nas Universidades, serão um risco para o projeto político deles. Por isso buscam a desinformação, as mentiras e os ataques. São formas de descredibilizar uma área que há muito tempo sofre e nos últimos anos passou a sofrer ainda mais. 

    Ter uma população inteligente faria cair por terra os preceitos que o bolsonarismo propõe. Por isso os ataques também às Universidades. Não é porquê os professores doutrinam. É porque através da ciência e do conhecimento muitos estudantes percebem o mal que o atual governo faz para o país. E isso é justamente o que eles não querem. Por isso cortam bolsas e não reajustam a ajuda para mestrado e doutorado. A bolsa de um mestrando, que não é reajustada desde 2013, está quase no valor de um salário mínimo (R$1.500).

    Nos últimos anos, com projetos como “Escola sem Partido”, a extrema-direita tentou entrar no campo da educação ditando suas próprias regras. No entanto, fracassou. É um gasto de energia muito grande para eles entrarem dentro do “sistema” e mudar. Levaria, pelo menos, décadas para conseguirem (isso se conseguirem). 

    Portanto, a alternativa criada foi diminuir o investimento. É usar o tribunal das redes sociais para perseguir os professores, incentivar a gravação das aulas para prejudicar a imagem dos profissionais e assim trazer para si o discurso de que o atual sistema não funciona. 

    É óbvio que a educação no Brasil anda mal. Mas, evoluímos. A ditadura militar entregou um saldo de 33% de analfabetos. Antes da pandemia essa taxa caiu para menos de 7%. Temos um projeto de educação universal, que é algo que não existe em países com o tamanho e a complexidade do Brasil. É um projeto audacioso. Mas para dar certo é preciso de investimento e de valorização do professor. Só que na cabeça do bolsonarismo isso vai representar a formação de pessoas que serão oposição. Por isso preferem destruir ao invés de incentivar. 

    Não nos enganemos. O aumento do piso nacional dos professores foi uma grande manobra política do governo Bolsonaro. Ele aumentou em 33% porque sabia que os estados e municípios não teriam como pagar. Assim, na campanha, quando questionado, vai argumentar: “eu dei o aumento, mas os governadores e prefeitos não repassaram. Defenderam o fiquem em casa e agora alegam que não têm dinheiro”. E, assim, de forma simples, mas objetiva, passa a ganhar o debate. 

    As eleições de outubro são essenciais por causa disso. É o momento de retirar do poder os algozes da educação e tentar travar, no próximo governo, uma discussão que melhore e aperfeiçoe as bases educacionais do país. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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