A educação e o equilíbrio da PM de São Paulo na prisão do GCM assassino
"Não teve tapa na cara, ninguém quis jogá-lo de cima de uma ponte, nem o abater com um tiro à queima-roupa. Que decepção!", comenta Nêggo Tom
Ao que parece, o decreto do presidente Lula que regula o uso da força pela polícia brasileira já está surtindo efeito. Pelo menos quando o bandido em questão também é um agente de segurança do Estado. Refiro-me à prisão do guarda-civil municipal Henrique Marival de Sousa, de 46 anos, que matou a tiros o secretário-adjunto de Segurança Pública da cidade, Adilson Custódio Moreira, por não ter gostado de uma alteração em sua escala de trabalho. O guarda-civil deixaria o serviço administrativo para atuar nas ruas. Assistindo ao vídeo onde parte da negociação entre o assassino e os policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar foi gravada, fiquei chocado com o equilíbrio, a tranquilidade, a educação e o respeito com os quais os policiais agraciaram o meliante. Não é a PM de São Paulo. Não pode ser.
Enquanto o atirador se mantinha trancado em uma sala, policiais militares negociavam sua rendição sem esboçar nenhum tipo de animosidade, violência ou sinais de abuso de autoridade. Diferentemente do modo como costumam tratar cidadãos trabalhadores que nunca mataram ninguém e nem cometeram crime algum. Aguardando o desfecho da cena, imaginei que, ao sair da sala, o sujeito fosse levar uns catiripapos no escutador de sertanejo universitário, uns safanões no pendurador de corrente de prata falsificada, uns tabefes na fuça, um sprayzinho de pimenta nas butucas, uma joelhada na caixa torácica. Nada. Nem uma mísera e eufórica bala perdida. Nem um furtivo tiro na cabeça por engano. Nenhum agente movido por forte emoção, nenhum policial querendo jogá-lo de cima de uma ponte, ninguém com vontade de cancelar o seu CPF. Que decepção!
Fiquei pensando cá com meus botões: será que os policiais destinados para esta missão faltaram ao culto de orientação espiritual na Universal, ou será que o Derrite nunca deu palestra no quartel onde eles são lotados? Será que eles nunca ouviram o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, dizer que é para mirar na cabecinha dos criminosos? Será que não teria como forjar um flagrante que justificasse a eliminação do sujeito? Um guarda-chuva que pudesse ser confundido com um fuzil, uma barra de chocolate que pudesse ser confundida com uma pistola, uma fruta-do-conde que pudesse ser confundida com uma granada, sei lá... Qualquer coisa que quebrasse a monotonia daquela negociação exemplar e bem-sucedida, e fizesse os agentes agirem como de costume. Nada?
Disseram que o assassino não tinha histórico de violência. Será? Será que ele não fazia bico de professor nas folgas? Nunca foi estudante secundarista? Nunca morou na favela? Nunca foi pobre? Será que ele não era um preto autodeclarado branco? Se procurarem direitinho, vão achar, e ainda dá tempo de o cassetete de borracha cantar nas costas do vagabundo. Prefiro aguardar. Não estou convencido de que a polícia que eu conheço tenha sido tão exemplar nessa operação. Será que eles estavam sóbrios? Agindo assim de forma tão humana e profissional, como eles serão chamados de heróis no programa do Datena? Se continuarem assim, daqui a pouco vão estar na Cracolândia ajudando o padre Júlio Lancellotti a distribuir comida para a população de rua e serão expulsos da corporação por violação aos direitos humanos.
Assim não dá! A minha polícia jamais será humana. Eu quero a minha polícia de volta! Trump, Musk, Zuckerberg, garantam a liberdade de expressão da nossa polícia! Que santa Cássia Kiss nos proteja!
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