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Evilázio Gonzaga Alves

Jornalista, publicitário e especialista em marketing e comunicação digital

48 artigos

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A eleição presidencial de 2022 será a mais violenta da história

O golpe de 2016 foi um projeto de Washington e as oligarquias oportunistas, colonialistas, escravocratas e venais do Brasil traíram o país

Lula, Bolsonaro, Moro e Ciro (Foto: Stuckert | ABr)

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INTRODUÇÃO

Um ano na guerra ou na política é um tempo ínfimo. Pode ser a diferença entre ganhar ou perder, caso as decisões certas não sejam tomadas no momento certo.

No início da guerra civil russa, as forças revolucionárias, que viriam a ser o Exército Vermelho, aboliram os oficiais e adotaram o esquema de assembleias para decidir as táticas das batalhas.

A demora das assembleias, que ocorriam dos níveis mais altos aos mais baixos, foi uma oportunidade aproveitada pelos exércitos brancos e verdes, para impor contundentes derrotas aos revolucionários.

O comitê central bolchevique aboliu, então, este sistema, reabilitou os antigos oficiais do exército czarista, que haviam aderido à Revolução e centralizou o comando. Para contemporizar algumas alas do partido, foi adotado o sistema de comissários políticos nas unidades militares, que na prática não tinham nenhum poder de decisão tática. Sob o comando do general Mikhail Tukhachevsky, os revolucionários viraram os rumos do sangrento conflito e o resto é história.

O GOLPE FOI DECIDIDO NOS EUA

O Brasil também está em guerra. A fala do Luís Dulci na Live, disponível no site www.ocontexto.org, tem uma informação de enorme importância, que parece estar passando despercebida para muita gente: o golpe de 2016 foi um projeto dos Estados Unidos. As oligarquias oportunistas, colonialistas, escravocratas e venais do Brasil se aproveitaram, por interesses obscuros.

Foi uma guerra – a tal da guerra híbrida – e o Brasil foi derrotado. O episódio faz parte da flexão de músculos do Império, para recuperar sua hegemonia mundial. É um movimento que ocorre em todo o planeta e inclui as provocações no Mar do Sul da China, o golpe na Bolívia, a violenta mudança de regime na Ucrânia, a tentativa de submissão dos árabes, que resultou nas estranhas “primaveras” e a guerra sangrenta na Síria, as ameaças constantes ao Irã, os obstáculos econômicos à Argentina, o bloqueio perverso contra Cuba, Nicarágua e Venezuela, a imposição humilhações e dificuldades diplomáticas e comerciais à França, o deslocamento de forças da Otan para as proximidades das fronteiras russas, além de outras medidas de diferentes graus de violência.

O resultado da guerra híbrida contra o Brasil foi a completa submissão do país. As grandes questões do Estado Brasileiro, sejam no plano diplomático, militar ou econômico, são decididos em Washington. A destruição das principais cadeias industriais do país, com o desmantelamento das grandes construtoras e da Petrobrás, que eram os motores da economia brasileira, foi um projeto desenhado nos Estados Unidos, sob a liderança de Hillary Clinton. Somente países derrotados em guerras perdem subitamente, em apenas um ano, mais da metade do seu PIB, como aconteceu com o Brasil.

O resultado mais evidente do golpe é que o Brasil retornou ao estágio de uma economia colonial, estruturada apenas para exportar commodities biológicas e minerais.

A MESMA ESTRATÉGIA DESTRUIU A ECONOMIA ARGENTINA

Quem se der ao trabalho de ler Brasil, Argentina e Estados Unidos, da Tríplice Aliança ao Mercosul, de Moniz Bandeira, vai ficar sabendo que a origem da crise econômica interminável da Argentina foi um processo semelhante ao golpe que ocorreu no Brasil. Nossos vizinhos portenhos aproveitaram as oportunidades do cenário mundial e no final da Segunda Guerra Mundial o país era a 5ª maior economia do mundo, tendo à frente apenas Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e Canadá. As outras economias tradicionais foram destruídas e precisaram do Plano Marshall para se reerguer.

A emergência de um país altivo, rico, com economia vigorosa – a Argentina construiu, até a década de 1960, um dos mais modernos, diversificados e produtivos parques industriais do planeta – incomodou os estrategistas dos Estados Unidos. Mesmo que Perón tenha dito várias vezes que a Argentina era soberana e não admitia a interferência estrangeira, mas no caso de uma Guerra Mundial, que colocasse à frente os Estados Unidos e a URSS, seu país apoiaria o “Ocidente”; os estrategistas imperiais estadunidenses consideravam a situação inaceitável.

Do ponto de vista dos EUA, era inadmissível, que um país soberano e com uma economia tão moderna prosperasse no seu quintal, pois na visão deles seria um concorrente econômico e um mau exemplo, que poderia contaminar toda a América Latina, especialmente o Brasil.

Sem entrar em detalhes, o golpe que removeu os peronistas, os nacionalistas, os desenvolvimentistas e o capital industrial do poder na Argentina, foi planejado em Washington e, para ter sucesso, contou com o apoio da oligarquia agrária do país. A ascensão da oligarquia agrária ao poder, seja através dos generais “gorilas” ou de políticos ligados ao agronegócio significou o desmantelamento de um dos mais importantes parques fabris do planeta – muitas indústrias, como a Alpargatas, vieram para o Brasil.

A Argentina nunca mais se recuperou da destruição da sua indústria e a migração de sua economia para o modelo agrário-exportador, de estilo colonial.

GOLPE CONTRA O BRASIL TEVE ADESÃO DE TRAIDORES

O golpe teve como objetivo orientar o Brasil para a mesma trajetória de rebaixamento do seu padrão econômico, e como no país vizinho, os planos dos Estados Unidos somente se efetivaram com a adesão de setores das oligarquias brasileiras, com seus clientes, que operam na política e nas instituições de Estado.  

Os integrantes dos governos Temer ou Bolsonaro são uma espécie de nababos, o termo que definia os funcionários da Companhia Britânica das Índias Orientais, que administravam a Índia, no período colonial. Enquanto cumpriam as ordens vindas de Londres, esses funcionários se dedicavam a roubar com a complacência da Companhia. Quando voltavam para o Reino Unido, estavam ricos. O sistema funcionou, porque durante séculos, as oligarquias indianas participaram no butim.

As eleições de 2022, portanto, não serão normais.

A BATALHA DE 2022

A preparação, a campanha e as eleições são etapas de uma batalha desta guerra. O resultado da batalha, longa como foi Stalingrado, definirá se o Brasil recupera sua soberania ou segue sendo uma semi colônia do Império constituída pela aliança entre o poder geoestratégico dos EUA e o sistema financeiro transnacional.

Como em qualquer guerra, a rapidez das decisões é um elemento essencial. Longe do alcance da percepção da maioria – gente da planície, como nós – forças poderosas estão em movimento, para manter o Brasil submisso, com uma economia colonial, que produz miséria, fome e fulmina nossos sonhos e esperanças.

O tempo atual exige a ação determinada das lideranças, que desde há muito tempo provaram ser merecedores da confiança da maioria dos brasileiros. Como em qualquer guerra, é preciso confiar nos comandantes. Eles estão em posição de obter informações, para entender a realidade, muito melhor do que podemos fazer. E o tempo é um recurso escasso e insubstituível. O tempo perdido nunca é recuperado.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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