A elite financeira e seu fatídico Projeto T
A classe titular do poder econômico angaria adeptos as suas prerrogativas de que o Estado deve ser ínfimo para sanear as necessidades básicas do povo
A elite financeira já lançou o seu projeto T para presidência do país em 2027. Tarcísio de Freitas é a personagem bolsonarista que atenderá aos interesses rentistas de minimização das funções sociais do Estado e da maximização das privatizações de bens e serviços públicos essenciais à população.
Por meio das velhas táticas de sucateamento dos serviços públicos e de que a manutenção destes representa uma despesa para os cofres do Estado, a sanha privatista e vantajosa para algumas mãos, vai construindo as razões perfeitas para a venda dos bens estatais a preços irrisórios, inclusive daqueles que historicamente sempre auferiram lucros, como é o caso da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). À propósito, seu atual presidente, Carlo Piani, tão logo assumiu a gestão da companhia referiu à Folha de São Paulo que pelo fato de não ser mais controlada pelo Estado, foram extintas as políticas públicas até então realizadas, como os descontos de tarifas.
Em Porto Alegre, a privatização da Companhia de Energia Elétrica Estadual, agora CEEE Equatorial pelo governador Eduardo Leite (PSDB) foi um desastre. As reclamações pelo precário serviço prestado são constantes, situação que não acontecia antes da privatização.
Em doses nada homeopáticas, a classe titular do poder econômico angaria adeptos as suas prerrogativas de que o Estado deve ser ínfimo para sanear as necessidades básicas do povo e abundante para socorrer o capital.
Nesse horizonte nada promissor, mediado por um país com absoluta desigualdade social e ausência de equidade, o povo poderá cair novamente na armadilha de uma escolha absurdamente equivocada, como a que fez na eleição para presidente em 2018.
Como se não bastasse essa possibilidade desastrosa da volta da extrema direita no comando do país, novamente o povo brasileiro está submetido à fraude insistente de depreciação dos êxitos alcançados pelo governo Lula nesses dois primeiros anos de gestão.
Para complicar, o governo está enfrentando uma onda complexa de elevação dos preços dos alimentos. É importante salientar que este fenômeno não afetou somente o Brasil, é mundial. Nesse sentido, especialistas mencionam algumas razões, entre outras decorrentes. Apontam que “a guerra na Ucrânia, as tensões no Oriente Médio e eventos climáticos atípicos estão deixando consequências que desestruturaram a cadeia de suprimentos global, afetando as importações e exportações. Segundo os executivos, isso atinge o Brasil devido ao câmbio desvalorizado e a alta demanda interna, aumentando os preços” (Disponível em forbes.com.br/forbes-money/2025/03).
Nesse contexto adverso, o Presidente Lula ao lançar as recentes medidas para baixar o valor dos alimentos, solicitou aos governadores que contribuíssem nessa empreitada zerando o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) nos Estados sobre os produtos da cesta básica, a fim de que os alimentos voltem a custos aceitáveis em menor tempo. Esta medida foi apoiada até mesmo pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Alguns governadores do grupo da extrema direita bolsonarista, questionaram o pedido do governo federal, entre estes, Eduardo Leite (RS), Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR), Tarcísio de Freitas (SP). Este, tal qual seu ídolo, aprecia inverter a realidade a seu favor. Tarcísio ao declarar que já tinha zerado o ICMS sobre todos os alimentos da cesta básica foi imediatamente desmentido pelo Ministro da Agricultura, Carlos Fávero, que referiu: "Ele não está mentindo para o governo do presidente Lula, está mentindo para a população paulista" (Reportagem disponível no site Brasil 247).
Além desse impasse, Tarcísio acrescentou em alto e bom som que fez o “dever de casa” quanto ao controle fiscal de seu Estado, o que em sua opinião não tem ocorrido no caso do governo federal. No entanto, na contramão do que o Tarcísio referiu, as contas públicas tiveram superávit de R$ 104 bilhões em janeiro, recuando a dívida para 75,3% do PIB (dado informado em 14/03/25, pelo Banco Central).
A direita vende a falsa ideia de que o bom governante é o que faz o “dever de casa” no sentido referido pelo governador Tarcísio, é o que transfere para o privado os bens públicos essenciais, comprometendo a qualidade dos serviços prestado à população. Assim, o velho discurso do Projeto T foi aplaudido pelo mercado financeiro que não aceita que as políticas públicas do governo Lula garantem retornos positivos para as necessidades do contingente populacional mais carente, ainda que a longo prazo.
Investir em educação, por exemplo, através ações de incentivo à permanência de estudantes no ensino médio até o final do ciclo pelo programa pé de meia, com toda a certeza produzirá frutos para a economia, com aumento de uma empregabilidade qualificada.
As resistências e críticas por parte dos governantes e demais políticos da ala bolsonarista ao plano do governo federal sobre a alta dos alimentos foram destaque na mídia corporativa, que tem trabalhado diuturnamente para alçar o governador de São Paulo à presidência do país.
O Estadão, a Globo, a Folha de São Paulo, a CNN, a decadente Revista Veja e demais veículos associados ao Projeto T da elite financeira do país estão em campanha frenética pelo bolsonarista dito moderado, que com a toda a certeza, vai além de seu criador em maldades. A força policial do estado paulista, por exemplo, tem sido uma das instituições que mais mata pessoas inocentes em nome da segurança propalada por Tarcísio.
A grande mídia subalterna aos ricos da Av. Brigadeiro Faria Lima onde está concentrada a riqueza de uma minoria que deseja que tudo permaneça como está, esconde os feitos do governo ou quando faz algum comentário acrescenta senões, afirmando não encontrar nenhum projeto sustentável na administração federal.
Essas corporações midiáticas, sustentadas pelos bancos, vem trabalhando visceralmente contra o governo Lula, desde seu início. Os ataques tentam desfigurar os bons resultados por meio de críticas que não se sustentam diante da evidência dos índices de crescimento econômico do país.
Qualquer pessoa minimamente informada percebe os malabarismos dos jornalistas que vendem sua força de trabalho e a dignidade pessoal que lhe resta ao relativizar, por exemplo, os ganhos na economia. Escamoteiam os fatos, invertendo a realidade de modo proposital, como na divulgação quase imperceptível da listagem do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2024. Nesta, o PIB do Brasil figura em sétimo lugar, entre quarenta países com economias mais expressivas no mundo.
Ao encontrar o país literalmente destruído, o presidente e sua equipe de governo tiveram que resgatar a validação de políticas públicas que haviam sido detonadas nos governos Temer e Bolsonaro, além de inovar com criação de outras projetos sociais, como o do pé de meia, mencionado em parágrafo anterior.
Outras ações foram retomadas, como o fortalecimento das funções essenciais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suprimidas no governo anterior.
Em 2024, o governo Lula completou mil operações de proteção ao povo Yanomami quase destruído pelas invasões de suas terras por criminosos e garimpos ilegais autorizados no governo bolsonarista.
Outro feito importante que vem se consolidando é o de novamente retirar o país do Mapa da Fome. Há inúmeros ganhos sociais, como a elevação da taxa de emprego, entre outras medidas.
Todavia, com tantos temas importantes a serem destacados, como a autorização do eSocial para ofertar consignados para empregados celetistas, a mídia coorporativa mais uma vez tentou insuflar de modo absolutamente ardiloso, a opinião pública contra Lula ao criticar frases ou palavras ditas por ele por ocasião da divulgação desse programa. Durante essa semana, a Globo News reproduziu a cada segundo de sua programação a adjetivação do Presidente Lula feita à Ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, como uma mulher bonita.
É óbvio que essa adjetivação estética naquele contexto político em que foi pronunciada, foi a deixa perfeita para turbinar os incessantes ataques da mídia tradicional e da horrenda oposição bolsonarista ao presidente. Elaboraram horas a fio superinterpretações da frase dita por Lula classificando-o como machista, retrógado, misógino.
O entendimento da superinterpretação foi desenvolvido pela genialidade do escritor e semiólogo Umberto Eco. Ele entende que a superinterpretação é uma leitura equivocada de um texto ou fala. Eco refere que “entre a intenção do autor (muito difícil de descobrir e frequentemente irrelevante para a interpretação de um texto) e a intenção do intérprete que (para citar Richard Rorty) simplesmente “desbasta o texto até chegar a uma forma que sirva ao seu propósito” existe uma terceira possibilidade. Existe a intenção do texto”. (ECO, Umberto. Interpretação e Superinterpretação. São Paulo, Martins Fontes, 1993, p. 29).
A partir desse entendimento fica fácil compreender que prepondera a vontade de quem faz a leitura, por não se ater à intenção do texto. Os jornalistas cativos ao analisarem a fala de Lula deram o sentido que atendeu aos interesses de seus patrões.
Neste contexto de lacração da imprensa, é imprescindível lembrar que quando o vulgo projeto T bateu sete vezes o martelo ao concluir o leilão do Rodoanel Norte, sem a prévia audiência pública, a mídia não agiu com o mesmo ímpeto crítico ao governador Tarcísio pelo fato de não ter seguido o que determina o ritual dos leilões de bens públicos.
Em plena taxação sobre o aço importado do Brasil por Trump, ídolo de Tarcísio, a mídia corporativa não retaliou com a mesma gana o fato de o Governador Bolsonarista de SP ter comemorado, em estilo rastejante, a eleição do Presidente Americano ao colocar em sua cabeça o boné com o slogan “Make America Great Again” no dia da vitória da face alaranjada.
A imprensa vira-lata não ressaltou com veemência a falta do “dito patriotismo” tão decantado por Tarcísio e sua trupe bolsonarista pelo fato de estarem calados sobre as taxações do governo americano tão prejudiciais ao Brasil.
Que patriotismo é este, quando o filho do ex presidente inelegível, reverenciado por Tarcísio, conspira contra a soberania de seu país em armações destrutivas destinadas a retaliar as decisões da Suprema Corte Brasileira.
Por essas razões, estamos diante de uma situação extremamente perigosa com relação às próximas eleições presidenciais.
Outro agravante é a composição do congresso, formada por uma expressiva maioria de políticos de extrema direita desqualificados e com raras exceções seguramente de má índole, como a figura do deputado federal Gustavo Gayer ao publicar nas redes sociais declarações misóginas e frontalmente ofensivas à Ministra Gleisi Hoffmann. Esperamos que esse meliante seja expurgado da câmara por ter violado o decoro parlamentar.
Nesse panorama, a elite rica do atraso fatura em cima dos resultados desfavoráveis apontados nas últimas pesquisas sobre o governo Lula, alimentando a sua eterna pretensão de colocar na presidência do país alguém que dialogue inteiramente com seus propósitos.
Deste modo, precisamos estar atentos, uma vez que o projeto T está sendo anunciado diariamente em detrimento da continuidade de um governo progressista inclusivo, que considera a dignidade de vida do povo no âmbito da saúde, da educação, do trabalho, da cultura, da moradia e do combate à desigualdade social.
Encerro este texto com uma indispensável frase de Umberto Eco sobre a invasão dos imbecis:
"As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a humanidade. Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis".
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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