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Tainá de Paula

Arquiteta e urbanista e ativista feminista. É Conselheira do Centro de Defesa e Direitos Humanos Fundação Bento Rubião e integra a Comissão para Equidade de Gênero do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro

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A emergência climática foi nacionalizada

"Sabemos exatamente quem são os mais afetados quando o assunto é mudança climática: pretos, pobres, moradores das periferias"

Queimadas afetam Brasília (Foto: Marcelo Camargo/ABR)

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As manchetes dos jornais não deixam qualquer sombra de dúvidas: estamos vivendo um dos períodos mais secos da história do Brasil. “Fumaça da Amazônia deixa SC em alerta de risco alto para baixa umidade do ar e calor de até 40°C”, “Calor no Rio Grande do Sul atingirá pico de intensidade com muita fumaça”, “Há 145 dias sem chuvas, BH deve fechar setembro ainda com estiagem” e, ainda assim, encontramos setores sociais que relutam em dizer que não existe essa “tal emergência climática”. 

Lamentavelmente, essas vozes são muitas e insistentes, travando uma guerra virtual de narrativas, enquanto a fumaça de queimadas na Amazônia chegam ao Sul do país, levada por meio de eventos climáticos extremos. Para se ter uma ideia da gravidade do problema, basta atentar ao fato de que o estado de Santa Catarina tem uma temperatura média anual de 19º. Com os efeitos da seca, o calor no estado sulista pode chegar aos 40º. 

No Rio Grande do Sul, depois das enchentes registradas no mês de maio deste ano, as temperaturas já chegaram aos 35,3º, na cidade de Santa Rosa, onde a temperatura média anual não passa de 20º. A Região Metropolitana de Belo Horizonte está há 145 dias sem chuva e enfrentando uma onda de focos de incêndio, em sua grande maioria, criminosos, provocados pelo homem. 

Além disso, no Rio de Janeiro, registramos o mês de agosto mais quente da história da cidade desde o período pré-industrial, segundo dados do Climatempo. Outro dado relevante é que 1º de maio foi o dia mais quente do ano até agora, com o registro de uma temperatura de 37,6º e sensação térmica de 42º. 

Todas essas informações revelam um componente alarmante e reforçam que as mudanças climáticas produzem danos perenes à saúde das populações mais atingidas. Nós sabemos exatamente quem são os mais afetados quando o assunto é mudança climática: pretos, pobres, moradores das periferias. 

Para mudar esse panorama, precisamos de políticas públicas que adentrem as casas das pessoas que mais precisam de atenção, que não possuem um ar condicionado em casa, piscinas em seus condomínios de luxo ou sequer um umidificador de ar. Essas pessoas precisam de atenção e que os governantes olhem para elas não apenas em período eleitoral.

O clima não percebe mais onde é tropical ou semi-árido. A fumaça do Amazonas chegar a Santa Catarina e a seca em BH já não são novidades. Precisamos estar atentos a essas mudanças todos os dias.

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