A engenharia necessária
A engenharia brasileira não pode perder essa chance que se abre para ela com um governo desenvolvimentista
Por Fernando Peregrino e Francis Bogossian
A participação reduzida do papel dos engenheiros no processo de desenvolvimento é reflexo de vários fatores, tais como: 1) redução drástica da participação da indústria de transformação no PIB, que já foi de 28% e hoje é de 11%; 2) ao quase extermínio da engenharia consultiva, por exemplo, seguida da ampla importação de serviços de engenharia apoiado no neoliberalismo, que quase devastou as economias dos países periféricos; 3) ao lavajatismo, falso moralista, que fechou grande número de empresas abrindo as portas do mercado interno para qualquer empresa estrangeira.
Por tudo isso, os verdadeiros defensores da engenharia brasileira apoiam a histórica e heróica resistência do Clube de Engenharia e de suas diretorias recentes contra, por exemplo, as privatizações das estatais brasileiras, assim como se engajam, hoje, no esforço do governo federal de recuperar a indústria em novas bases tecnológicas e sustentáveis por meio da NIB - Nova Indústria Brasil, que entre outras medidas promove o uso do poder de compra com margem de preferência para bens e serviços locais! Tais compras representam cerca de 12% do PIB ou 1,2 trilhão de reais, que devem ser usados para alavancar a indústria e por conseguinte a engenharia nacional. E assim o clube.
Nessas horas, é comum o populismo retrógrado brotar e dispersar a verdadeira luta dos engenheiros unidos por um desenvolvimento sustentável de um país soberano. Populismo retrógrado, que adoça olhares mais distraídos, tenta cooptar seguidores com as bandeiras do neoliberalismo, que afrontam nossa autoestima, relativizam nossa competência, além de pretenderem acentuar, em nós, defeitos humanos universais, como se a corrupção fosse reserva de mercado nossa.
A engenharia brasileira não pode perder essa chance que se abre para ela com um governo desenvolvimentista e que tem como premissa a recuperação da indústria da construção nacional. Com grande esforço e duras braçadas, conseguimos nadar e chegar à praia das oportunidades, da multiplicação do emprego, da valorização da Engenharia Nacional. Repetimos o nosso bordão, como um mantra: "Sem engenharia não há desenvolvimento, e sem desenvolvimento não há engenharia".
Nossa aposta é no desenvolvimento do Brasil e não no rancor e no retrocesso dos que se opõem à perspectiva de um futuro de prosperidade, que a nós se impõe com pressa. Vamos investir em nossa capacidade de realizar, tendo como estímulo uma política real, e não mero proselitismo político. A NIB - Nova Indústria Brasileira não é uma esperança para a engenharia, é um fato; não é apenas uma sigla, é uma realidade. Impulsionando a engenharia, estaremos impulsionando o Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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