A esquerda pós-moderna celebra Madonna
Lamento dizer, mas idolatrar essa pessoa é de uma desfaçatez enorme por parte de quem se intitula esquerdista
Um show no Rio de Janeiro, financiado pelo banco Itaú e a cervejaria Heineken, reunindo mais de 1,6 milhões de pessoas e que marcou o encerramento da “The Celebration Tour”, turnê que celebrou os 40 anos de carreira da “rainha do pop”. Estamos falando de Madonna.
Em tempos de genocídio e massacres contra o povo palestino (neste momento em que escrevo, Rafah começa a ser bombardeada pelas Forças de Ocupação de “israel”), postagens e fotos da “musa” foram trazidas à tona, comprovando sua relação direta com o regime nazisionista de “israel”, incluindo uma foto ao lado de Benjamin Netanyahu. Ao lembrarmos dessa relação, eis que os adoradores da “diva” logo afirmaram: essa foto é antiga!. De fato é, de 2009. No entanto, Madonna sabia muito bem que era o “açougueiro de Gaza”. E também sabia o que ocorre na Palestina há mais de 75 anos.Além disso, em dias atuais, Madonna posicionou-se ao lado de “israel”, criticando a resistência palestina e ajudando a propagar as mentiras dos bebês decapitados. Chegou, inclusive a dizer “meu coração está com Israel! Vamos todos rezar. Para Israel. Pela Paz. Para o Mundo.”
Sejamos materialistas. Os fatos estão aí. Doe a quem doer.
Mas muitos não querem enxergar que a pessoa de Madonna é nazisionista.
Como disse Breno Altman, é preciso separar a arte do artista. Não estou aqui criticando o aspecto artístico, mas sim a representatividade e idolatria que se faz sobre Madonna. Como pode se valer de pautas (realmente importantes!) e imagens de personalidades como Che, Paulo Freire, Mano Brown, Marina Silva, Zumbi dos Palmares e outros tantos, mas estar ao lado do massacre contra o povo palestino?
E para delírio da tal esquerda, “resgatou as cores da bandeira nacional” e tripudiou sobre os conservadores e da extrema-direita com suas performances ousadas e em defesa da comunidade LGBTQIAPN+.
Lamento dizer, mas idolatrar essa pessoa é de uma desfaçatez enorme por parte de quem se intitula esquerdista.
Que fique claro, antes que me acusem de ser homofóbico ou de qualquer tipo de “fóbico” que queiram me rotular: sou totalmente favorável e apoiador das causas dessas minorias e sua falta de representatividade social. Minha crítica – e de muitos e muitas camaradas – não é a defesa de questões como tais comunidades, mas a incoerência dessa esquerda pós-moderna e meramente identitária, que esquece da raiz principal da luta.
De nada adianta enfatizarmos apenas tais pautas se não atacarmos a causa dessa discriminação, que é o capitalismo e suas artimanhas, o que inclui o neocolonialismo e genocídio dos povos sob a batuta do imperialismo estadunidense. Esse mesmo capitalismo que segue explorando e vendendo tudo isso sob um liberalismo disfarçado.
É preciso discernimento e análise daquilo que realmente deve ser reverenciado.
Parafraseando Chico Mendes que dizia que “ecologia sem luta de classe é jardinagem”, atrevo-me a dizer que identitarismo sem luta de classe, anti-imperialista, antinazifascista e antissionista, é MADONNAGEM!
Ou abrimos os olhos e sejamos críticos, pensando com razão, sem emoção cega, ou seguiremos batendo cabeça, dividindo-nos em “várias esquerdas” e perdendo o foco de nossa luta principal. E quem agradece é a extrema-direita, incluindo o nazisionismo da “diva do pop” e seu rebanho cuja indignação é seletiva.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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