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    Heba Ayyad

    Jornalista internacional e escritora palestina

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    A Europa e o Estado ocupante: a diferença moral entre Macron e Borrell

    "Existe uma contradição gritante entre o silêncio de figuras como Macron e o despertar da consciência de pessoas como Borrell"

    Chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell 15/4/2024 (Foto: REUTERS/Sarah Meyssonnier)

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    Dentro das tradições de longa data que prevalecem nas diversas instituições da parte ocidental da chamada 'comunidade internacional', não é novidade a existência de uma discrepância gritante entre a opinião dos políticos que governam as democracias nos Estados Unidos e na Europa, por um lado, e as mais altas representações do direito internacional e dos direitos humanos que essas próprias democracias afirmam ter criado e continuam a apoiar, por outro lado. Este fenômeno não se torna mais grave do que quando se trata do estado de ocupação israelense e de suas políticas racistas, de colonização e genocidas.

    Um exemplo mais recente é a declaração conjunta tripartida emitida pelos líderes da França, Alemanha e Grã-Bretanha, que apelou ao 'Irã e aos seus aliados' para se absterem de realizar quaisquer ataques contra o Estado ocupante, pois tal opção aumentaria as tensões na região e comprometeria a oportunidade de alcançar um cessar-fogo e liberar reféns.

    Embora seja comum que esses líderes não emitam qualquer reação, individual ou conjuntamente, em relação aos crimes de assassinato cometidos pelo Estado ocupante contra os líderes de alto escalão do 'Hamas' e do 'Hezbollah', os líderes franceses, alemães e britânicos permaneceram adormecidos em relação aos esforços do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para obstruir qualquer acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros, incluindo a iniciativa apresentada pelo principal apoiador do Estado ocupante, o presidente dos EUA, Joe Biden.

    Em contraste com esses políticos que governam três das mais proeminentes democracias ocidentais na Europa, além das posições do grupo complementar no Grupo dos Sete, onde a posição não difere nem um pouco, é digno de nota que Josep Borrell, o mais alto funcionário responsável pelos negócios estrangeiros e pela política de segurança na União Europeia, não discorda dos políticos que governam a França e a Alemanha, mas também parece mais alinhado com a política oficial seguida pela presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen.

    Borrell não mediu palavras ao comentar as declarações do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, que apelou para que Netanyahu cortasse o fornecimento de combustível e alimentos aos residentes da Faixa de Gaza, alegando que isso os 'colocaria de joelhos' em duas semanas dentro de Israel. Considerou estas declarações como 'incitação à prática de crimes de guerra' e defendeu que a União Europeia impusesse sanções a Ben Gvir. Borrell também não moderou seus tweets ao comentar as declarações do Ministro das Finanças da Ocupação, Bezalel Smotrich, que considerou 'moralmente justificado' matar dois milhões de residentes da Faixa de Gaza à fome através do corte de alimentos, descrevendo-as como 'declarações malignas' que exigem responsabilização e imposição de sanções.

    Por sua vez, Volker Turk, Alto Comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, expressou "choque e horror" com as declarações de Smotrich, condenando-as "nos termos mais fortes" devido ao "incitamento ao ódio contra civis inocentes".

    Existe uma contradição gritante entre o silêncio de figuras como o presidente francês Emmanuel Macron em relação aos crimes de guerra do Estado ocupante e o despertar da consciência de pessoas como Borrell no âmago das mesmas instituições que os líderes das democracias ocidentais louvam. A diferença aqui é primeiro moral, antes de ser política ou pragmática.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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