A fala e o falo
Quem se preocupa mesmo com o “lugar de fala” não se preocupa muito com aquela variação bizarra da mão invisível do mercado: o falo invisível do governo
Se tem uma coisa que eu nunca admiti muito bem foi o sequestro identitário da pauta esquerdista na América Latina, sobretudo no Brasil.
Esse “fenômeno” ocorreu com naturalidade nos EUA. Um país que até “ontem”, historicamente falando, saiu (saiu?) de uma guerra fria, onde existia um medo incessante e permanente de o seu antagonista, extremo oposto e inimigo n1 (o comunismo) jogasse bombas atômicas em seu território. Isso para resumir ao extremo o assunto.
Obviamente que a “Left wing” não admitiria uma pauta social . E, ao precisar se definir como esquerda, a transmutou a seu próprio jeito e criou uma esquerda em uma país que não tem esquerda. Mas, né … se é dos EUA deve ser bom.
(O patrão mandou servir uísque na feijoada… )
A FALA:
E então importamos a nova esquerda, através da (ala pedante) da Academia. Sim, a mesma Academia que valoriza tanto o PHD (quem? FHC?) e sempre esteve mais próxima dos professores de Sorbonne do que os operários do ABC. Ali, surgiram termos que afastam os movimentos da classe trabalhadora: “lugar de fala”, Gaslighting,
bropriating, entre outros. Quem não fala inglês não milita (You know what I mean). Quem discorda não fala. O opressor não pode participar do debate, para ao menos ter a mínima consciência que, sim, é opressor pela própria condição.
- a tá bom … daqui a pouco você vai estar dizendo que os movimentos identitários são financiados por homens, héteros, brancos, americanos, judeus e milionários … que apoiariam no Brasil um candidato de ex-querda tipo a Tabata Amaral?
EXATAMENTE! O George Soros.
E O FALO?
O problema é que quem se preocupa mesmo com o “lugar de fala” não se preocupa muito com aquela variação bizarra da mão invisível do mercado: o falo invisível do governo. Que está, cada vez mais … digamos … dentro de nós.
Aumentando o abismo social e prejudicando diretamente os pobres, sobretudo negros, mulheres, LGBTQ+ , entre outros grupos historicamente subjugados e injustiçados.
(Sim, as causas são urgentes e necessárias, mas o identitarismo, além de deturpar a esquerda, enfraquece a base dos movimentos históricos).
Já que existem tantos “empatas” eles podiam ajudar a “empatar” essa foda. Porque do jeito que está … o brasileiro mão aguenta mais muito tempo não.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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