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    Ronaldo Lima Lins

    Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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    A farsa nocauteada

    O processo “Glauber Braga”, com ameaças de cassação, por falta de credibilidade, estimula a vítima a se defender com todas as armas de que dispõe

    Glauber Braga (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

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    O espetáculo das reuniões da Comissão de Ética na Câmara dos Deputados, com poucas exceções, apresenta cenas de um pugilismo explícito. O processo “Glauber Braga”, com ameaças de cassação, por falta de credibilidade, estimula a vítima a se defender com todas as armas de que dispõe. O resultado é uma sucessão de argumentos irrespondíveis que impressiona espectadores isentos e conserva acesa a chama do escândalo. Não apenas os que lhe são chegados... Simpatizantes e eleitores se recusam a ver um membro ativo do parlamento com risco de se alijar compulsoriamente da casa de debates. 

    Ninguém, em sã consciência, aceita que o mesmo se inclua como exceção aos antecedentes de culpados consagrados – e absolvidos - no recinto de julgamento, por obra e graça de um dirigente maior, para servir de troféu. 

    Em sua defesa, membros da instituição se ergueram para desenhar um quadro pouco favorável daquela suposta corte. Diante de testemunhas e de Gabriel Costenaro, o provocador do MBL que o tirou do sério, disposições adversas à sua defesa ruíram como peças duvidosas de artilharia. Voltando à imagem acima, o ato de construção da verdade, diluindo-se aos poucos para revelar o que realmente era, um embuste, não gerou frustrações. Gerou decepções em torno da ideia de um parlamento capaz de decidir com honestidade sobre seus pares. Atacantes não pareciam páreos para entrar no rinque e enfrentar um adversário da estatura do jovem integrante da assembleia. No limite, chegava-se à conclusão de que estávamos diante de uma farsa nocauteada, pela qual a única saída se revelaria como uma pura e simples absolvição. “Glauber fica”, pregavam alguns cartazes na frente das telas de TV. Arlindo Fraga, uma das testemunhas principais (e indivíduo respeitado) concluiu a sua peroração com um veredito definitivo contrário à cassação. Se cada uma das atitudes serve para fortalecer uma ideia de democracia, enquanto panorama de procura da verdade, o que se tira da Comissão de Ética, graças a Glauber Braga, diz respeito à princípios de dignidade pessoal. Este político não se dobra a ataques. Não teme entrar e sair de contendas - e por isso se mostra temido. Vem de uma estirpe de gente que se habituou a pensar no país com a alma apertada de emoção. E não esmorece.  É preciso destacar a coragem inteligente de um quadro como Chico Alencar, arguindo testemunhas e esboçando situações. Nas conclusões que se colhia de tais embates, restaram convicções. Uma delas, talvez a principal, dizia que a doutrina das normas de comportamento não se ajustava para tisnar a honra do nobre representante. Difícil, depois de ouvi-lo, fechar os olhos para o misto de competência e humor, sagacidade e rapidez mental, com que premiou os assistentes que o escutavam silenciosa e atenciosamente.  Com efeito, a palavra de ordem nos ressoa sem hesitações: GLAUBER FICA. Vamos prová-la e repeti-la.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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