A fome no Brasil
A redução da fome em nosso país demonstra o quanto nossas elites econômicas e políticas são conservadoras e até mesmo reacionárias em termos de avanços da cidadania
A redução da fome em nosso país demonstra o quanto nossas elites econômicas e políticas são conservadoras e até mesmo reacionárias em termos de avanços da cidadania. Os programas de transferência de renda são liberais, já que focam na melhoria do consumo individual ou familiar. Nada que puna os mais abastados ou altere a lógica da estrutura de poder do país.
Nossas elites toleram a caridade privada para com os pobres. Mas não toleram que os governos façam o mesmo com os recursos oriundos dos impostos.
A simples menção à melhoraria de vida de quem faz parte da casta inferior é motivo para o ódio elitista se espraiar pelas páginas de revistas semanais. E pelas rádios. As rádios brasileiras, com raras exceções, destilam diariamente este tipo de pensamento reacionário, fundado no ódio e no escárnio. O sofrimento de classe é resumido ao crime e anormalidade nas condutas. Entrevistam pobres que agrediram outros, mas não fazem o mesmo quando o infrator (ou criminoso) faz parte da classe média ou é rico. As perguntas do “repórter” que joga o microfone na cara do preso é o supra sumo do sensacionalismo sem ética. As perguntas que fazem substituem qualquer teste de QI, dada a revelação, sem pudor, das dificuldades de articulação de algum sinal de sofisticação do repórter. Algo assim: “você se arrepende? Na hora você estava bêbado, né? E, agora?”. Um jorro de perguntas sem tempo do entrevistado poder responder, numa mistura de inquisição com lição de moral.
Tais aberrações produzidas pelo pensamento reacionário (aquele que reage a qualquer mudança e não apenas quer conservar, mas extirpar a mudança ou criar uma falsa justificativa para que os desiguais permaneçam desiguais) alimentam o ódio da classe média em relação aos que recebem 80 reais por mês do Estado que dirige a 7a economia mundial.
Este pensamento reacionário odeia tudo o que Locke escreveu.
E se resume à velha carcomida frase sobre a “ignorância do povo brasileiro que não sabe votar”. Frase desdenhosa e arrogante que é um evidente autoelogio.
Sobre o assunto: matéria da Folha de S. Paulo aponta redução de 50% entre brasileiros que sofrem com a fome. Para ler, clique aqui.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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