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José Guimarães

Advogado, deputado federal e Líder do Governo na Câmara dos Deputados

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A força do PT nas eleições

"Nesse segundo turno, todas as forças serão concentradas nas campanhas das 13 cidades nas quais disputamos o segundo turno", escreve José Guimarães

Presidente Lula em ato de campanha de Guilherme Boulos em São Paulo, 05/10/2024 (Foto: REUTERS/Felipe Iruata)

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Para interpretar o resultado das eleições deste ano, convém pegar o fio da nossa história, ir às origens do Partido dos Trabalhadores, seguir sua trajetória ao longo do tempo, perceber a grande transformação da sociedade brasileira e os avanços políticos do partido e do país.

Não há como olhar a paisagem política do Brasil sem reconhecer a importância do PT na consolidação da democracia, desde a luta pelo fim da ditadura militar. Na Assembleia Nacional Constituinte, com apenas 16 parlamentares, o PT, junto com outras forças progressistas, liderou a mobilização política no Congresso e nas ruas, em grandes mobilizações, para a conquista da Constituição de 1988. A mais avançada plataforma jurídica e institucional republicana, democrática e cidadã, que o Brasil já teve. Ela é o esteio das garantias do Estado democrático de direito, para o avanço das lutas da sociedade brasileira.

Com base nessa plataforma de direitos e garantias, o PT seguiu em frente, junto com os movimentos sociais e sindicais, na luta incansável contra o projeto neoliberal conservador, na afirmação e na defesa dos direitos sociais e políticos de cidadãs e cidadãos. E foi assim que o PT criou raízes no campo e nas cidades, nos mais distantes rincões do nosso país, para organizar e dar voz aos excluídos e vez na participação política.

O PT governou e governa municípios, estados importantes - já exerce o quinto mandatos na presidência da República - em aliança com outras forças políticas democráticas, na implementação do projeto de desenvolvimento sustentável, soberano, com justiça social e ambiental.

Com uma política externa ativa e altiva, os governos do PT reposicionaram o Brasil na geopolítica global. Isso não é pouco. A trajetória do Partido dos Trabalhadores é de grandes vitórias e de consolidação da democracia. Isso precisa ser reconhecido.

No processo político, não se deve esquecer da mais importante referência do partido, que lhe deu origem: transformar a sociedade brasileira numa sociedade democrática, igualitária, justa, livre, culturalmente desenvolvida, ambientalmente sustentável e sem pobreza.

Para isso, lutamos no campo e nas cidades, na organização e na participação política das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros em movimentos sociais, em todas as instâncias do Estado, para democratizá-lo e garantir direitos.

É importante trazer essas referências ao debate sobre as eleições deste ano, para que fique claro que o processo eleitoral é parte estratégica da transformação da sociedade brasileira, mas não é um fim em si mesmo.

Por ser essa força política que se dedicou à organização dos segmentos mais desfavorecidos do país e lhes deu voz e capacidade de intervenção no debate e nas decisões, o PT sempre foi visto como um intruso no meio da ordem reinante e por isso sofrido tanta perseguição e violência ao longo de sua história, com muito dos seus militantes presos injustamente e outros mortos, principalmente na luta pelo direito sagrado à terra.

Nos dois primeiros mandatos do presidente Lula e da presidenta Dilma, o Brasil viveu um momento próspero de desenvolvimento econômico e social. Com investimentos vultosos em programas sociais e em infraestrutura em todas as áreas, chegamos a ser a 7ª economia do mundo, com uma das menores taxas de desemprego da nossa história. Até que o projeto dos governos do PT fosse atingido fortemente pela crise dos Estados Unidos, que abalou o mundo, em 2008. Foi nesse momento dramático do país que o Partido dos Trabalhadores sofreu os mais duros ataques, chegando até à ameaça de cassação de seu registro.

Em 2014, o candidato Aécio Neves, derrotado pela presidenta Dilma, não reconheceu a derrota e foi dado início à conspiração que culminou no golpe parlamentar de 2016, que a derrubou.

Ao mesmo tempo, a Operação Lava-jato forjava processos e prendia companheiros do PT e, no seu maior ato de covardia, chegou a condenar, sem nenhuma prova, o presidente Lula. Em seguida, os golpistas elegeram Bolsonaro e é dada continuidade à tragédia governamental iniciada com o golpista Michel Temer, que levou o Brasil a uma das maiores crises econômicas e políticas de sua história. Mas, a luta, liderada pelo PT, tira o presidente Lula da prisão e o coloca triunfalmente de volta na presidência da República.

Quem imaginou que toda a perseguição destruiria o PT não imaginou que o partido tivesse raízes tão profundas na sociedade brasileira e que os valores os quais defende são a seiva que alimenta e consolida a democracia no Brasil.

Com sua militância organizada em todos os municípios do país, o PT demonstrou nas eleições deste ano que está em pleno processo de reconstrução, depois do massacre sofrido ao longo dos últimos 10 anos, assim como o projeto de país e de governo interrompido no golpe que derrubou a presidenta Dilma, em 2016.

Depois da baixa sofrida em eleições anteriores, nessas eleições, o PT ressurge com toda sua força democrática. Passou de 183 para 248 prefeitas e prefeitos, e vai para o segundo turno em 13 cidades, sendo 4 capitais: Fortaleza, Porto Alegre, Cuiabá e Natal. Mesmo não tendo lançado candidatos próprios em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador, a soma de votos no partido passou de 6,9 milhões para 8,8 milhões no país.

Nas chapas compartilhadas com PV e PC do B e na Federação Brasil Esperança, saímos de 2.668 vereadoras e vereadores para 3.118. Nas votações para as câmaras municipais, subimos de 5,7 milhões para 7,3 milhões de votos.

Das quatro grandes cidades governadas pelo PT, foram reeleitas Margaria Salomão, em Juiz de Fora, e Marília Campos, em Contagem. O PT disputa o segundo turno em Mauá e Diadema. Nos municípios com 100 a 200 mil eleitores, ganhamos em Maricá-RJ e Rio Grande-RS. Nas cidades de 20 mil a 100 mil eleitores, passamos de 27 para 56 prefeitos eleitos. Nas de 20 mil eleitores, saltamos de 146 para 188 municípios.

Além disso, elegemos 222 vice-prefeitos, nas chapas encabeçadas por 14 partidos do campo democrático. Integramos as chapas vitoriosas no primeiro turno em Recife, com João Campos, e no Rio de Janeiro, com Eduardo Paes. Disputamos o segundo turno em São Paulo com Guilherme Boulos e Marta Suplicy.

Por incrível que pareça, essas vitórias ocorreram num momento adverso, no qual cerca de 80% das cidades que mais receberam emendas parlamentares tiveram seus prefeitos reeleitos. Fator determinante no crescimento das legendas da centro-direita atuante no Congresso Nacional.

Tendo em vista seu elevado nível de organização e por ter uma militância que não foge à luta, o PT sempre foi reconhecido nos embates eleitorais como um partido de chegada. Nesse segundo turno, todas as forças serão concentradas nas campanhas das 13 cidades nas quais disputamos o segundo turno, em São Paulo, na vitória do companheiro Guilherme Bolos e Marta Suplicy, e nas campanhas das demais candidatas e candidatos da frente democrática que apoiam o governo Lula.

Entre as capitais que disputamos o segundo turno, destaco a de Fortaleza como a mais importante, por se tratar de um enfrentamento do fascismo ostensivo, com seu representante raiz. Nosso candidato, Evandro Leitão, do PT, conta com uma forte militância do partido, mais demais forças aliadas da frente em defesa da democracia. Nossa vitória será a vitória da democracia, que ficará para a histórica como referência da luta contra o fascismo no Brasil.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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