A guerra de narrativas sobre a Venezuela
No momento a polarização na Venezuela é ou Juan Guaidó tentando dar golpe junto com a CIA ou Maduro tentando controlar as eleições custe o que custar
Como você observa, de onde você está, no conforto de seu sofá, a situação das eleições na Venezuela? De forma partidária. De forma ideológica. Da forma em que você consome a noticia. Principalmente quando o país sempre teve boas relações com os Hermanos, pelos anos do PT no poder, o que potencializa a polaridade entre esquerda e extrema direita no Brasil. O que fazer nesse sentido? Consumir a grande imprensa que coloca nas manchetes O DITADOR MADURO mas não coloca O GENOCIDA NETANYAHU? Possivelmente o cidadão comum não fará buscas por melhores informações.
Temos que lembrar e para entender a Venezuela, tem que ver o histórico. No passado, as petroleiras americanas ficavam com 85% do valor da receita e a Venezuela com 15%. Chávez entra no poder e inverte essa lógica imperialista. Assim, a Venezuela ficava com 85% do valor e as petroleiras americanas com 15%. Com isso, a Venezuela passa a crescer em média 10% ao ano, começando a industrialização rapidamente. Consegue zerar o analfabetismo, entre tantos outros benefícios. O detalhe é que a reserva de petróleo do rio Orinoco é a maior reserva de petróleo do mundo. Os americanos enlouquecem por perderem essa mina e criam as sanções no país para tentar reverter novamente a situação.
Hoje, um país que importa tudo, com embargo econômico, com evidentes problemas sociais tem importância maior para os paladinos da liberdade do que o Congo? Qualquer país africano que sofre há décadas com a fome e ausência de politicas publicas, não tem a mesma atenção. Qual a verdadeira importância? O petróleo. A maior reserva de petróleo do mundo está na Venezuela e neste momento existe a possibilidade dos Estados Unidos meterem a mão no ouro negro deles. Por isso, o foco para que a oposição possa vencer de forma licita ou não.
Temos um problema sério quando Maduro prevê que a eleição pode ser apertada dessa vez, e começa a se precaver de forma errada, atacando afirmações de presidentes, fechar as fronteiras, não permitir a entrada de avalistas internacionais e de afirmar que haverá um banho de sangue. Até o fim das contagens dos votos, os dois lados começaram uma disputa virtual de que venceram as eleições. Desta forma, começaram a verdadeira guerra de narrativas. A tempos, a oposição tenta de diversas formas derrubar o governo de Maduro, inclusive um golpe pela justiça como fizeram com a Dilma. Por outro lado, a repressão imposta para tentar manter a ordem, acaba por revelar muitos excessos. A derrota não é uma opção, tudo será feito para garantir essa vitória, mesmo sendo uma vitória vil. E nesses casos, o fim não pode justificar os meios.
O grande imbróglio é oficialmente declarar Maduro vencedor, sem apresentar a ata que comprovaria legalmente essa vitória. Nitidamente, falando que será apresentado em breve a ata, tudo pode acontecer. Não se descarta nesse período uma fraude deslavada, por isso, a preocupação com a estabilidade do país, já havendo manifestações e pequenos focos de tensão, podendo crescer para uma guerra civil. O tempo para apresentação é muito importante. Não é a toa que o primeiro ato racional de Robson Cruzoé foi marcar a passagem do tempo. Nenhum ser humano vive sem suas coordenadas no tempo. Não é a toa que no pulso do homem moderno, tem a hora exata do dia, mas alguns até possuem a hora certa em Cingapura, para uma segurança extra.
Nos submetemos às convenções do tempo para periodicamente, ritualizar nossos sentimentos. Quanto mais é demorado, mais as possibilidades de estranheza em relação a lisura do pleito. E nesse momento, Maduro aumenta cada vez mais o tiro no pé, tendo questionamentos diversos para que haja mais uma possibilidade de conflito internacional entre países.
No momento a polarização na Venezuela é ou Juan Guaidó tentando dar golpe junto com a CIA ou Maduro tentando controlar as eleições custe o que custar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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