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    Daniel Almeida

    Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara

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    A hora mais escura

    O caso de Romero Jucá é ainda mais grave do que o do então senador Delcídio do Amaral em termos de obstrução de justiça. Por essa razão, o mínimo que se espera é isonomia no Supremo. A Corte deve garantir a prisão e o afastamento de Jucá do mandato no Senado

    Senador Romero Jucá (PMDB-RR) concede entrevista. Foto: Ana Volpe/Agência Senado (Foto: Daniel Almeida)

    Mudar de governo para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato. As gravações do então ministro do Planejamento, Romero Jucá, confirmaram nesta semana o alerta feito pelo PCdoB em 17 de abril: o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff não acaba com a corrupção. Além de ser apenas discurso fácil, piora as crises econômica e política no Brasil.

    Ficou claro que o objetivo central dos golpistas é proteger corruptos, contrariando o desejo popular de limpeza nacional. O comandante do impeachment, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, loteou o governo Michel Temer com subordinados na Casa Civil e Advocacia-Geral da União (AGU). O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), é réu em três ações do STF, alvo da Lava Jato e acusado de tentativa de assassinato. Eles representam a essência desta gestão marcada pela ilegitimidade. 

    O caso de Romero Jucá é ainda mais grave do que o do então senador Delcídio do Amaral em termos de obstrução de justiça. Por essa razão, o mínimo que se espera é isonomia no Supremo. A Corte deve garantir a prisão e o afastamento de Jucá do mandato no Senado.

    Outra face do governo Temer, que revela as reais motivações do golpe, é o arrocho em conquistas sociais. Nem mesmo áreas cruciais, como saúde e educação, serão preservadas. Em meio a trapalhadas, idas e vindas de ministros, desmentidos, a única coisa que não muda é a agenda contra o Brasil. Essa pauta de retrocesso, que privilegia banqueiros e rentistas, jamais seria aprovada em eleições populares.

    Depois de planejar reforma da previdência com idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e mulheres, Temer quer mudar a Constituição para limitar o gasto público com a população. Se for aprovada essa limitação, haverá o congelamento da parcela do orçamento destinada a políticas sociais, não havendo crescimento real, mesmo que as receitas aumentem e a economia melhore. Na prática, limitar valores à correção da inflação impedirá a meta de aplicar 10% do PIB em educação, a melhoria dos serviços de saúde e investimentos em segurança, por exemplo.

    Brasileiros que, inocentemente lutaram para tirar a presidenta, estão percebendo o grave engano cometido. Mas ainda há tempo de lutar e impedir o avanço desse governo que leva o país a um passado sombrio. Mais do que nunca, temos de bradar contra essa grande injustiça com Dilma e com o povo. Temos de apostar na consulta popular por meio de plebiscito para escolhermos o melhor rumo a tomar. Juntos, superaremos este momento que representa a hora mais escura da nossa história. Sobreviveremos!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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