A lógica ilógica do império
O império do Norte tem imposto a sua cultura e usado a lógica da força de forma extensiva
O império do Norte que gosta de ser chamado de América, mas que até nisso é ilegítimo, rouba nosso nome, pois o primeiro mapa a situar a América, o mapa de Waldseemuller, de 1507, decorreu das viagens de Américo, o Vespúcio, que esteve apenas nas partes central e sul da nossa América. Precisamos resgatar o nome de americanos para todos nós americanos, desapropriando o uso exclusivo de parte de seção norte do continente em seu proveito exclusivo.
Mas hoje quero tratar da lógica que eles usam: a lógica dos impérios é a lógica dos fortes, ou seja, somos fortes, mandamos, os fracos que obedeçam. Mas a história da humanidade mostra que os fracos se tornam fortes e os fortes se enfraquecem. Basta relembrar um exemplo: um pequeno país, hoje geopoliticamente pouco expressivo, perdido nos confins das estepes asiáticas, já dominou grande parte do mundo sob a liderança de Gengis Kan: a Mongólia. No pós-1945, surgiu o império do Norte a suceder seus ancestrais europeus passando a dominar o mundo em todos os aspectos, do econômico ao militar, sendo de início o único possuidor da bomba atômica que usou contra os japoneses. E ao longo das décadas de seu domínio tem imposto a sua cultura, e usado a lógica da força de forma extensiva, mas não só: é violenta, cruel, desumana, antidemocrática. E para enganar os incautos, usa como bandeiras de suas atrocidades a defesa dos direitos humanos e da democracia! (sic, sic, sic). Vejamos dois pequenos exemplos.
Direitos humanos: há 60 anos o império do Norte boqueia um pequeno país: Cuba! Existe alguma política no mundo atual mais desumana que esta? O bloqueio tem provocado fome, mortes, sofrimentos os mais diversos ao longo de décadas. Não fossem os cubanos um povo heroico e bem governado, já teria sucumbido, se tornando mais uma colônia do império. E isso quando as assembleias gerais do ONU, todos os anos, condenam o desumano bloqueio.
Vamos a um exemplozinho da “democracia” que o império impõe a seus serviçais. Na Coreia do Sul, o governo dos EEUU impõe como lei a proibição de elogios públicos à República Popular Democrática da Coreia, a Coreia do Norte. Não é invenção, nem se passa na “ditadura” do Norte, mas no Sul capitalista e “democrático”: há poucos dias a imprensa noticiou que um idoso sul coreano, com 68 anos, Lee Yoon-seop, foi condenado a 14 meses de prisão, por elogiar a Coreia do Norte em um poema em que defende a reunificação de seu país. Prestem atenção: em um poema! Não foi num panfleto, nem num manifesto, mas num poema! Esta é a “democracia” do império do Norte impõe ao uso de seus subordinados.
Vamos agora à República Popular Democrática da Coreia (Norte). Há poucos dias o país lançou, exitosamente, um satélite que tem capacidade de fotografar as bases militares do império do Norte. Então os imperadores e seus parceiros reagiram como se uma bomba atômica tivesse sido detonada em Washington, Tóquio ou Seul. Ora, cabe perguntar usando o bom senso: quantos satélites espiões possui o império do Norte? E a Inglaterra, e a França, e a Rússia, e a China e tantos países mais? A RPDC também não pode ter o seu? Onde está a lógica? Os grandes podem impor sua vontade, os pequenos não têm direito a defender-se? A desenvolver a tecnologia e com ela reforçar sua defesa? E o império do Norte não providenciou, poucos dias depois, desde a Base Espacial Vanderberg, na Califórnia, o lançamento de um foguete da empresa de bilionário Musk, a Space-X, com um satélite espião da Coreia do Sul? Que direito têm, pois, de reclamar? Onde está a lógica?
Outro exemplo mais esdrúxulo diz respeito às relações da Coreia do Norte com a Rússia. Recente encontro de Kim Jong-il com Putin, levou a um estreitamento das relações entre os dois países, coisa normal entre povos civilizados. Mas a Coreia do Norte não tem o direito de ser considerado um país civilizado, no conceito do mundo ocidental e sua imprensa; assim, reclamaram à luz do dia, como bons caras-de-pau, de que a Coreia passaria a fornecer munição à Rússia para a guerra da Ucrânia. Ora, ora, meu Deus.... vale perguntar: quem outorgou ao império do Norte o papel de polícia do mundo? Que direito têm de impedir ou mesmo reclamar se a Coreia vende armas ou quaisquer outros produtos a quem quiser comprar? No mundo capitalista que o império do Norte ostenta, não é direito de todos vender e comprar? E afinal, não é o império do Norte através de sua aliança de guerra que subordina os países europeus, a OTAN, quem faz a guerra por procuração contra a Rússia, usando o povo ucraniano como bucha de canhão? Não são eles que fornecem todos os armamentos, os mais modernos (que têm se revelado absoletos no campo de batalha, mas isso é outra história) à parte ucraniana? E por que os russos não podem comprar da Coreia ou de qualquer outro país que queira vende-las? Ora bolas...
Os países neutros, como o Brasil, recusam-se a fornecer armas ou munição a qualquer uma das partes, isso é coerente. Mas o império do Norte não determina que os países da Europa (leia-se OTAN) e muitos outros, como o Japão e a própria Coreia do Sul forneçam armas à Ucrânia? Porque a Rússia não pode comercializar com a Coreia do Norte? Onde está a lógica?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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