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    Miguel Paiva

    Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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    A luta para salvar a democracia

    "Acordos são essenciais num país dominado pelo Centrão, mas sem arriscar a democracia. É preciso vigilância para evitar o retrocesso", diz Miguel Paiva

    Construção do golpe (Foto: Miguel Paiva )

    A diversidade existe, e temos que aceitá-la. Mas o que surgiu nos últimos anos foi uma extrema direita que se manifesta através desta democracia, porém, no fundo, quer transformá-la em uma ditadura do mercado financeiro. Talvez não com o apoio de todo o mercado financeiro, mas de boa parte. Esse mesmo mercado quer que essa ditadura seja mole o suficiente para se modernizar, mas dure o suficiente para impedir qualquer tentativa de distribuição de renda ou investimentos sociais que faça o país crescer de fato.

    Este é o Brasil de hoje e, dentro dessa leva de direitistas moderados, sobrevive a cada dia, com mais energia, a extrema direita belicista, armamentista, retroagrária, racista e reacionária. Eles compõem a turma de frente que estabelece o combate. Mentem, inventam histórias, publicam tudo nas redes e colhem os frutos da ignorância, da falta de instrução e da devoção aos dogmas religiosos. Esses membros acreditam na redenção divina, na política da opulência sorteada por Deus e distribuída aleatoriamente. Mas, para eles, vale esperar.

    Nesse clima, o combate ao governo é o que interessa. Nada de positivo que possa surgir é noticiado com o devido destaque; pelo contrário. Na medida do possível, é criticado, e o "mas" passa a ser o filtro de todas as informações. Há sempre um "mas" nessa imprensa que acha que está fazendo um trabalho imparcial, mas que, na realidade, serve aos interesses do patrão, que prefere, mesmo com um preço alto a pagar, o governo que favorece o mercado e a especulação. Assim, eles continuam ganhando dinheiro. A imprensa institucional segue em frente, iludida de que, dessa forma, está cumprindo seu papel. Nessa esteira, o eterno golpe vai se organizar. Logo se fala de impeachment, logo o Congresso reacionário se arma contra o governo, e Lula é obrigado a fazer malabarismos sombrios para tentar sobreviver. Tarefa difícil essa. Mas Lula é hábil e vai avançando. Até quando, não sei.

    A direita está aí, extrema ou não, pronta para dar o bote e seguir o exemplo do grande mestre Donald Trump. Nada mais perigoso, nada mais provável. Essa forma que a imprensa encontra de criticar o governo não é a correta, não é a análise bem feita dos acertos e dos erros. É tendenciosa. Alimenta justamente essa especificação de enfraquecimento. O país perde com isso, e a democracia se vê ameaçada. Acordos, conciliações e frentes políticas são necessários, sobretudo num país dominado pelo Centrão. O que não pode é colocar em risco a democracia em nome do retrocesso. Temos que ficar atentos e tentar prolongar o máximo possível essa democracia, mesmo que cheia de falhas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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