A morte de Habermas
Nada justifica o genocídio
O filósofo alemão Jürgen Habermas, considerado o maior herdeiro vivo da Teoria Crítica, também conhecida como a Escola de Frankfurt, vai acabar sua festejada trajetória intelectual de uma maneira melancólica e controvertida. Habermas manifestou publicamente seu apoio ao Estado de Israel , na guerra sangrenta contra o povo palestino (25.000 mortos). Esse apoio vem na hora em que o primeiro-ministro judeu nega a possibilidade de cessar-fogo, por razões humanitárias, e o direito à autodeterminação do povo Palestino, através da criação de um Estado Palestino.
A posição do filósofo parece deixar explícito o eterno sentimento de culpa que os alemães têm em relação aos judeus mortos nos campos de concentração nazistas.
Nada justifica o genocídio praticado hoje pelas tropas israelitas de crianças, mulheres, velhos e doentes, sob a alegação da segurança do Estado de Israel. Da forma como se apresenta a sanha genocida do Estado judeu, ela se configura como um processo de limpeza étnica e anexação de territórios palestinos, antes ocupados militarmente, por terra, céu e mar. É indefensável esse processo criminoso já denunciado na corte de Haia e condenado pelas autoridades internacionais (ONU). Ocorreu com Habermas uma linha evolutiva e conservadora que veio da social-democracia para o liberalismo anglo-saxão.
O autor da célebre Razão Comunicativa pendeu decididamente, não para o neo-iluminismo, mas para a defesa da barbárie, pura e simplesmente. Fechar os olhos para as atrocidades cometidas pelos soldados na faixa de Gaza contra escolas, igrejas, hospitais, crianças, doentes e civis, é se acumpliciar com essa barbárie, criticada até mesmo pelos aliados de Israel. Bem que o Habermas poderia ter acabado seus dia, como o último grande filósofo alemão, pela sua tentativa de reformar a razão instrumental e ampliar o cânone da razão. Com esse infeliz apoio a essa insana máquina de guerra contra vítimas indefesas e inocentes, ele antecipa a sua morte como pensador e homem público. SAPERE AUDE, A MAXIMA DE KANT, será que ele ainda se lembra?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: