A pátria amada no cativeiro
Os próximos dias serão decisivos para as décadas seguintes no Brasil. As forças democráticas precisam dar um basta ao absolutismo neandertal que temos vivido no país. Para isso, a ocupação das ruas se faz necessária em todos os atos progressistas convocados, que começam na próxima semana.
O Brasil está desgovernado há quatro anos. As forças golpistas conseguiram seus objetivos iniciais. A seguir, todo o clima "anticomunista" deu conta do resto, até chegarmos a janeiro de 2019, quando a Presidência da República passou a ser ocupada pelo mais incapacitado indivíduo dentre 210 milhões de brasileiros.
Desde então, o que vivemos é o pavor, o ódio, o imobilismo, o ajoelhar do país diante dos grandes investidores internacionais. O entreguismo. A destruição da indústria nacional. A aniquilação do comércio. Os ataques às ciências. O bombardeio do capital artístico brasileiro. A desesperança frente aos dados das Contas Nacionais, pavorosos a cada nova divulgação.
Nenhum país do mundo com o tamanho e a população continental do Brasil conseguiu sair de uma crise econômica sem viabilizar seu mercado interno. O que estamos vivendo é exatamente o contrário - a implosão do nosso mercado. Disso resultam dezenas milhões de brasileiros sem renda ou com recursos mínimos, absolutamente precarizados e também o pior: os desalentados, aqueles que estão com a vida profissional morta em vida, desprezados pela Economia. Nunca mais terão postos de trabalho formais. Dentre várias consequências disso, o que se vê nas capitais brasileiras é um aumento exponencial da população de rua.
Há dez anos, as políticas públicas estavam a todo vapor para inserir jovens nas universidades, no contato com as novas tecnologias, com o pulsar de uma nova geração de brasileiros que, em suas famílias, eram os pioneiros do Ensino Superior. Hoje, o que se oferece são caixas de comida para serem entregues a domicílio em bicicletas alugadas, sem qualquer direito trabalhista e, se muito, com o rendimento de um salário mínimo. E muitos daqueles que ascenderam ao Terceiro Grau hoje só conseguem renda por aplicativos como Uber e congêneres.
Não é preciso ter uma mente privilegiada para perceber que pioramos muito. O preço do "anticomunismo" tem sido caro demais. E enquanto o país permanece economicamente estagnado, com boa parte de sua população à míngua, os brasileiros passam diariamente por humilhações, tal como a de ontem, colocando-se um (outro) paspalho para responder perguntas sobre o fracasso do PIB em 2019. Tudo claramente arquitetado para não se responder aos anseios da nação.
Ao mesmo tempo em que a parte lúcida da população fica embasbacada com o primitivismo colérico do ocupante da Presidência, não se pode esperar nada melhor dos descendentes da criatura. Como sempre, esquivam-se de rachadinhas e fake news, enquanto o poder de fogo dos treze aparelhos celulares de Capitão Adriano, o miliciano amigo da família "reau" chacinado na Bahia, é silenciosamente posto de lado.
Parece claro que o Governo Federal pretende criar uma situação limite para que, numa reação popular, possa impor um novo golpe usando a justificativa de que era necessário para evitar o caos, e assim manter seu desgoverno em dia, atendendo aliados e grandes grupos econômicos, enquanto literalmente dá bananas para a sofrida população e implementa de vez o totalitarismo. E quem tem que agir imediatamente contra isso são todas as forças que prezam pela democracia, já. O que está em jogo a oficialização ou não do barbarismo à brasileira.
Os próximos dias serão decisivos para as décadas seguintes no Brasil. As forças democráticas precisam dar um basta ao absolutismo neandertal que temos vivido no país. Para isso, a ocupação das ruas se faz necessária em todos os atos progressistas convocados, que começam na próxima semana.
Somos um país sequestrado desde janeiro de 2019. É hora de se livrar do cativeiro opressor e obscurantista.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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