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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    A PF, cada vez mais prato feito

    "Quem se aprofundar nos atos do delegado Anderson à frente do ministério da Justiça verá com que êxito transformou a Polícia Federal", escreve Eric Nepomuceno

    Bolsonaro e Polícia Federal (Foto: Reuters)

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    Por Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia 

    Na verdade, são tantos os absurdos que acontecem de maneira incessante enquanto Jair Messias continua cumprindo sua única missão – dedicar cada minuto de seu dia a destruir o país – que é alto o risco de vários fatores passarem em branco.

    Por exemplo: as andanças de Anderson Torres, que desde abril do ano passado ocupa a poltrona de ministro da Justiça e Segurança Pública.

    Dono de um currículo raquítico e de uma trajetória na Polícia Federal que em seus melhores momentos mal chegou a ser medíocre, ele vem se desempenhando no ministério com rara eficácia.  

    O problema é que toda essa eficiência se concentra em um único ponto: cumprir tudo que seu mestre mandar. E, no seu caso específico, há mais de um mestre: tem, claro, Jair Messias. Mas o delegado Anderson é muito amigo do mais cordato – e por isso mesmo mais perigoso – dos filhos presidenciais, o senador Flávio, e do mais patético, o deputado federal Eduardo.  

    E, por tabela, também é de grande serventia ao mais desequilibrado dos filhotes presidenciais, Carlos, que aliás criou um cargo que até agora não existia: eleito para a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, mora em Brasília e virou vereador federal.  

    Bajulador inconteste, chegou ao cúmulo de estregar a Jair Messias, inimigo inoxidável dos direitos dos índios, a medalha do Mérito Indigenista, destinada a quem protege os povos originários.  

    Pois além de cumprir rigorosamente os desmandos presidenciais – foi contra medidas de proteção no auge da pandemia, é contra a exigência do “passaporte da vacina”, acelerou na Polícia Federal o combate ao crime organizado em detrimento de investigar atos de corrupção, legalizou a posse e o porte de armas ilegais, entre várias outras façanhas – o delegado Anderson fez de tudo para proteger o clã presidencial de investigações.

    Desde que assumiu, ele mudou o diretor-geral da Polícia Federal. Saiu Paulo Maiurino (demitido por telefone) e entrou Márcio Nunes, considerado da turma do delegado Anderson. E agora mesmo nomeou, há dias, o advogado Rodrigo Rocca para ocupar a diretoria de Combate ao Crime Organizado e Corrupção.

    O que teria levado Rocca a abandonar seu bem sucedido escritório de advocacia no Rio e ir parar em Brasília? Talvez sua proximidade com um de seus antigos clientes – não por acaso o senador Flávio Bolsonaro.

    A esta altura, está mais que evidente que o delegado Anderson tem como missão primordial proteger não só Jair Messias de investigações desagradáveis, mas também – e principalmente – o trio de filhotes que, como o pai, estão envolvidos até o nariz nas chamadas “rachadinhas”, maneira suave de dizer roubo, desvio de dinheiro público.

    Para isso ele deu impulso a um movimento interno que, desde a chegada de Jair Messias à presidência, no primeiro dia de 2019, já removeu ao menos vinte delegados experientes, e por isso mesmo inconvenientes, de postos-chave na Polícia Federal.  

    Quem se aprofundar nos atos do delegado Anderson à frente do ministério da Justiça verá com que êxito ele transformou a Polícia Federal. Da antiga PF, pouco resta. E sobra generosidade no Prato Feito em que ela se transformou. E é desse PF que Jair Messias e os filhos alimentam sua impunidade. Até quando?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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