A precificação do corpo feminino
"O Estado patriarcal é um macho estuprador" - Las Tesis, coletivo feminista chileno
No dia 20 de novembro de 2019, o coletivo feminista chileno Las Tesis denunciava, com a performance 'un violador en tu camino' que o estupro é, sempre, uma prática coletiva.
O Estado patriarcal é cúmplice dos atos de violação contra as mulheres por omissão, comissão e/ou conivência.
Ao apontar o dedo, de olhos vendados, e gritar 'el violador eres tú (o estuprador é você)', as chilenas estavam a denunciar todos aqueles que tornam o mundo um lugar seguro para estupradores.
O juiz, o promotor, o guarda da esquina, o médico legista, o vizinho, os parças e os comparças do estuprador...
Há uma cadeia de homens que se unem para tentar, de alguma forma, acolher o agressor e culpar a vítima.
"Y la culpa no era mía, ni dónde estaba ni cómo vestía", diz um trecho da música performada por feministas mundo afora.
Ao conceder liberdade para o estuprador Daniel Alves, sob gorda fiança, Barcelona decidiu, ontem, precificar o corpo da mulher, tornando-se um Estado rufião.
Porque essa é uma forma cruel de prostituir a vítima de estupro e proteger o homem abjeto.
O que tem preço não tem valor.
O estupro, sabemos todos, foi uma arma de guerra muito utilizada pelos colonizadores europeus.
E segue sendo utilizado como uma arma de guerra permanente contra as mulheres.
O maior medo de um homem quando vai para a prisão é ser estuprado.
Ser estuprada é o maior medo de uma mulher em liberdade.
Como diz a antropóloga feminista rita segato, inspiração das meninas da Las Tesis, o estupro não é um ato erótico, ele estabelece uma relação de poder!
Barcelona acaba de confirmar isso ao afirmar que pessoas ricas e famosas estão livres para estuprar.
Basta depositar um milhão de euros em juízo.
Daqui a pouco estarão aceitando pagamento adiantado.
Palavra da salvação.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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