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Natália Araújo

Natália Araújo é jornalista, apresentadora dos canais Favela Não Se Cala TV e Gazeta Latino América e comentarista convidada em canais progressistas com a TV247. Participou de projetos em saúde pública na FSP-USP.

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A presença do filho de Menachem Begin na USP

A decisão da USP de convidar Benny Begin para um evento acadêmico é profundamente problemática e insensível

Massacre de Deir Yassin (Foto: Wikimedia commons (reprodução))

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Por Natália Araújo - O Centro de Estudos Judaicos da USP recebeu no dia 10 de junho, Benny Begin, filho de Menachem Begin, ex-primeiro-ministro de Israel, uma figura bem controversa, principalmente por causa do seu envolvimento com a Gangue Irgun, um grupo responsável por vários ataques violentos na época da criação do Estado de Israel para uma entrevista, já começou mal pelo título racista da atividade "Entrevista Exclusiva com Dr. Zeev B. Begin - Terror Fundamentalista Islâmico."

Um dos episódios mais conhecidos é o Massacre de Deir Yassin, onde centenas de palestinos foram assassinados brutalmente. A decisão de trazer alguém tão ligado a esse passado sombrio para falar sobre "terror fundamentalista islâmico" levanta muitas questões sobre os valores e objetivos da universidade, do Centro de Estudos Judaicos e dos docentes envolvidos.

Para entender o problema, é importante saber o que foi a Irgun e o papel de Menachem Begin. A Irgun era uma organização paramilitar sionista que operava na Palestina durante o Mandato Britânico, usando táticas de guerrilha e terrorismo para promover a causa sionista.

O Massacre de Deir Yassin, em 1948, foi um dos episódios mais violentos dessa campanha, resultando na morte de 120 civis palestinos, incluindo mulheres e crianças. Esses atos não só instigaram medo, mas também contribuíram para o êxodo palestino, cujas consequências são sentidas até hoje.

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A presença de Benny Begin na USP é problemática por várias razões, a começar por convidar alguém tão próximo de um líder envolvido em massacres e terrorismo pode ser visto como uma validação ou minimização desses atos.

Isso é insensível para com as vítimas e seus descendentes, que ainda sofrem com as consequências desses atos de violência.

Além disso, discutir "fundamentalismo judaico" com alguém tão ligado a um passado de extremismo pode facilmente resultar em um discurso unilateral, ignorando as complexidades e diversas perspectivas necessárias para um debate acadêmico equilibrado. Isso pode causar divisões e tensões dentro da comunidade universitária, especialmente entre aqueles que se identificam com a causa palestina.

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Imagine se a USP convidasse o filho de um líder do ISIS para falar sobre "fundamentalismo judaico?” Certamente, essa decisão seria imediatamente rejeitada pela comunidade acadêmica e pela sociedade em geral. O envolvimento com grupos terroristas e a perpetração de massacres tornam essas figuras moralmente e eticamente inaceitáveis como autoridades em temas tão delicados. O mesmo princípio deve ser aplicado ao convite a Benny Begin.

A decisão da USP de convidar Benny Begin para um evento acadêmico é profundamente problemática e insensível. A universidade deve reconsiderar essa decisão, levando em conta o impacto que tal convite pode ter sobre a memória das vítimas dos massacres cometidos pela Irgun e sobre a comunidade acadêmica como um todo. Em vez de validar narrativas de violência e opressão, a USP deve promover diálogos inclusivos e equilibrados que contribuam para a construção de uma paz justa e duradoura no Oriente Médio.

Criticar o fundamentalismo islâmico e o terrorismo Israelense é necessário e justificado. Reconhecer a diversidade dentro da comunidade muçulmana e tratar cada indivíduo com respeito e dignidade é crucial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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A Prof. dra. Suzana Chwarts (FFLCH - USP e diretora do CEJ - USP) e Ben Tasgal - Diretor e cofundador em Israel do programa de Diplomacia Pública, entrevistaram e transmitiram ao vivo a duvidosa atividade na rede social da organização.

Portais, organizações sociais, blogs se uniram em uma educativa nota de repúdio:

A Rede Universitária de Solidariedade ao Povo Palestino repudiou a palestra promovida pelo Centro de Estudos Judaicos da USP intitulada "TERROR FUNDAMENTALISTA ISLÂMICO: ameaça letal à DEMOCRACIA", considerando que o evento incentivaria a islamofobia. 

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Segundo a Rede, o nome da atividade acadêmica realizada na última segunda-feira (11) fomentaria uma identificação automática e indevida entre a religião islâmica, o fundamentalismo e o terror, como se esses elementos resumissem a essência do Islã. Além disso, criticaram o uso abstrato do conceito de democracia, sem definição de localidade, país ou contexto social.

.Link da Nota: https://universidadespelapalestina.com/nota-de-repudio/

Atualizado em 18/06/2024  

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