À procura de um milagre?
O governo Dilma começa 2014 tentando resgatar os melhores anos da Economia. Junto a isso, convoca a confiança, a credibilidade institucional e o principal: abre o país para receber investimentos estrangeiros
O governo Dilma começa 2014 tentando resgatar os melhores anos da Economia. Junto a isso, convoca a confiança, a credibilidade institucional e o principal: abre o país para receber investimentos estrangeiros.
Em Davos, a presidente não apresentou fatos novos, não conseguiu convencer que vem fazendo a tarefa de casa e não demonstrou o mesmo vigor de outros tempos. Pelo contrário: foi cobrada duramente para que faça a revisão da política econômica, além de garantir a manutenção das contas públicas sob controle e revisar a burocracia infernal que assola em todas as formas o progresso empresarial.
Ainda em sua rota internacional, buscou refúgio em Cuba, para tratar de acordos em que mais beneficiam o país visitado do que propriamente traz para nosso território fluxos positivos de capital. Desta viagem, espero que os irmãos Castro sensibilizem Dilma da importância de se investir em infraestrutura, que canalizem a atenção da presidente para a consolidação de uma política construtiva para o Brasil.
De toda forma, há de se buscar novos papeis de trabalho, novas responsabilidades para a matriz de desenvolvimento de nosso país.
Espero com absoluta sinceridade que esta pausa na agenda política-eleitoral de 2014 de Dilma faça-a abrir os olhos frente aos desafios que nos aguardam 2014.
A queda no ranking de investimentos retoma novamente a forma com que o Brasil vem perdendo terreno com suas trapalhadas comerciais, estruturais e diplomáticas. Míopes com uma política protecionista, focada apenas em criar fregueses e não parceiros, o Brasil se vê abandonado pelos companheiros sul-americanos.
Outro ponto de destaque recai sobre o momento difícil pelo qual os chamados países BRICs passam frente ao mercado financeiro mundial. Na verdade, acredito muito que há sim uma manipulação das bases de mercado frente ao posicionamento de tais países, fazendo com que o capital dos países desenvolvidos exija uma remuneração maior para seu dinheiro em detrimento de outros valores recebidos em momentos pretéritos.
Há uma literal pressão dos países desenvolvidos por mercados emergentes com taxas de juros mais atrativas. Com isso, há uma pressão significativa sobre o câmbio e sobre as taxas básicas das economias. De fato, existe mais especulação do que realidade frente as economias emergentes. Não há fato concreto que explique o pessimismo dos agentes financeiros frente aos resultados apresentados.
Aparentemente, o recado passado é que chegou a hora de se pagar a conta. Os desenvolvidos cobram a fatura dos anos de crescimento econômico aproveitado pelos emergentes. Os anos de progresso para estes países chegaram a um novo patamar, e a estratégia adotada dos desenvolvidos é buscar mais juros, mais remuneração ao capital especulativo nestes territórios, uma vez que estas economias estão com seus sistemas financeiros atrofiados, desgastados.
Na teoria, os países desenvolvidos entregaram para os emergentes a possibilidade de crescer a economia local. Na verdade, houve uma transferência de linha de produção e empregos desinteressantes para os grandes países e fomento a um novo mercado consumidor, através da proliferação de linhas de produção em série para os países em regiões periféricas e economicamente frágeis.
Com esta transferência, os países desenvolvidos poderiam focar suas energias e capital apenas naquilo que mais lhe garantiriam rentabilidade e sucesso, além de deixar os prejuízos ambientais e sociais para outras economias, que estariam dispostas a arcar com este custo pra que sua população pudesse ter acesso ao mercado de trabalho, mesmo que em condições precárias.
Digo com isso pois, os chamados países ricos, transferiram sua rede de empregos indesejados para os mercados emergentes, gerando renda nestes territórios, fomentando assim novos mercados consumidores. Ampliou-se as regiões de influência sem que haja de fato expansão geográfica. A fronteira econômica é maior, e sua dependência mais severa.
Passado o boom deste consumo, e a materialização da crise onde não há riqueza sem a transformação do trabalho em renda, os países desenvolvidos precisam retomar o fluxo de capital,e o fazem apertando as taxas de juros dos países em desenvolvimento. Se de um lado criaram o mercado consumidor, agora querem via mercado de capital o retorno rápido de seu aporte. Tudo foi por interesse econômico.
Ou seja, busca-se o pagamento da conta que na verdade não existe. A solução dos problemas das economias desenvolvidas foi a transferência de labores indesejados. Agora, sem saída e com suas economias combalidas, o jeito é buscar novamente no lado real da coisa a geração de renda.
Como transferir uma linha de produção de volta ao pais desenvolvido requer mais investimentos, aumento no custo produtivo e barreiras políticas, o caminho mais fácil é questionar a confiança institucional dos BRICs, esperando que suas respostas sejam a alteração da taxa de juros e o fomento de altas taxas de retorno ao capital especulativo. De outro modo, apenas um milagre poderia salvar os resultados para estes países.
Nesta onda, o Brasil sofre por desgastes internos, responsabilizados pelo fraco desempenho econômico, e sofre pelas especulações externas, relacionadas aos Brics. Ou seja, a já complicada tarefa de colocar o país no rumo certo, tornou-se ainda mais desafiadora com dois cenários conturbados.
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