A quem interessa a gritaria pela prisão do falsificador
“A extrema direita pega carona na indignação das esquerdas e tenta reacomodar suas forças”, escreve o colunista Moisés Mendes
Se nunca prenderam os coronéis vampiros da cloroquina e das vacinas que não existiam. Se nunca prenderam os chefes golpistas civis e militares, mas só os manés do 8 de janeiro.
Se nunca prenderam os líderes e financiadores dos bloqueios de estradas depois da eleição de Lula. Se não prenderam os chefes da máfia das joias das arábias.
Por que gritar pela prisão de Pablo Marçal só agora, mesmo que a lei nem permita e que isso seja improvável? Por que Malafaia, a Folha, o Globo, o Estadão, Bolsonaro e a Faria Lima querem a prisão de Marçal por causa do laudo falso contra Boulos?
Para tirá-lo do segundo turno contra Boulos, reacomodar as forças da direita e entregar a eleição de São Paulo a Ricardo Nunes?
É compreensível que, na estratégia de defesa, Boulos inclua o pedido de prisão do estelionatário. Para afirmar seus direitos e deixar claro que sofre grandes danos políticos. É uma reação previsível. Mas e os outros que pedem cadeia?
Pablo Marçal é um caso de polícia, desde muito antes de se tornar político. Mas nunca foi enfrentado pelo sistema de Justiça, com exceção da condenação, pela metade, por participação na quadrilha que roubava velhinhas pela internet.
Cuidado com as armadilhas da indignação. Deixem o Marginal na sala, até o final da eleição, para que possamos saber se São Paulo é capaz de levar um bandido desse porte ao segundo turno.
Não que seja o primeiro bandido endinheirado, mas é o mais declarado, acintoso, desaforado, com alvará de delinquente esfregado na cara das instituições.
Pablo Marçal é a grande obra da bandidagem infiltrada na política, construído com a ajuda da mídia antissistema que já havia ajudado a inventar Bolsonaro. Deixem que ele vá até o fim.
Marçal vai testar não só o novo estágio da idiotia, mas da adesão dos paulistanos ao melhor plano da mistura do crime organizado com o fascismo.
Marçal é um Bolsonaro aperfeiçoado, com muito mais dinheiro e com o engajamento dos jovens de classe média. Falta a ele apenas um Paulo Guedes. Marçal é a cara de pelo menos um terço do Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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