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    Paulo Moreira Leite

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    A quem interessa manter os paraísos fiscais?

    "O célebre 'equilíbrio das contas publicas' poderia ser resolvido em menos de 24 horas", escreve Paulo Moreira Leite

    Ilhas Virgens Britânicas, o paraíso fiscal favorito dos brasileiros (Foto: Reprodução)

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    Tema proibido na mídia corporativa, por razões fáceis de imaginar, o esforço do governo Lula e do ministro Fernando Haddad para cobrar impostos em paraísos fiscais -- delícia financeira permitida pelo sistema de conivências internacionais chamado off shore -- constitui um debate essencial no debate sobre o futuro econômico do país.

    No início da década, calculava-se que empresários bilionários e alto executivos acumulavam, clandestinamente, uma fortuna estimada em 124 bilhões de dólares em contas no exterior -- recursos suficientes para arrumar a saúde pública e reconstruir o conjunto das universidades federais, por exemplo.

    Industria de sonegação que liga a cúpula da sociedade brasileira ao comando do sistema financeiro mundial, gerando uma óbvia situação de dependência e comando externo, o sistema produz uma segunda perversidade, mais grave e invisível para a maioria das pessoas.

    Contribui para consolidar uma sociedade estruturalmente dividida em duas classes de cidadãos -- pelo sacrifício de uma maioria de trabalhadores e determinados setores médios, que pagam impostos que chegam a ser cruéis e recebem serviços com as insuficiências que todos conhecem, em benefício de uma minoria sem nenhum compromisso com os destinos de brasileiros e brasileiras, que tudo pode obter por meios privados, de preferência no exterior.

    Cobrando contribuições corretas de quem recebe muito e devolve pouco, o célebre "equilíbrio das contas publicas", tema permanente no debate econômico do país -- e pretexto favorito para impedir projetos de combate a desigualdade estrutural do país -- poderia ser resolvido em menos de 24 horas.

    Alguma dúvida?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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