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    Oliveiros Marques

    Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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    A real importância de Eduardo

    O que pode estar sendo gestado é a arrecadação de recursos para financiar campanhas de fake news a partir do exterior

    Eduardo Bolsonaro (Foto: Reprodução)

    A propaganda é a alma do negócio, diz o chavão. Apesar de não ser uma verdade absoluta, devido à sua carga reducionista, a frase serve para ilustrar o que a extrema-direita brasileira está tentando vender ao país a partir da fuga de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos.

    “Extrema-direita global articula uso de Eduardo para abalar eleição em 2026”, dizia a manchete de um portal neste final de semana. Ideia tão insana quanto a de que a Terra é plana.

    É evidente que há estrangeiros interessados na desestabilização da democracia brasileira. Isso ficou patente no 8 de janeiro. Mas acreditar que esses interesses veriam no Zero Três o seu porta-voz já é um salto quântico. Aliás, sobre isso, vale debatermos em outro momento a existência de uma extrema-direita global articulada. O ponto central aqui, contudo, é alguém achar que Eduardo teria a capacidade de representar esse movimento no Brasil.

    É lógico que existem organizações que articulam movimentos de extrema-direita ao redor do mundo. O CPAC, aquele espetáculo turístico que reúne personagens desse campo, é um exemplo. Aliás, a família Bolsonaro é habitué desses eventos. Mas acreditar que esses grupos se movam por interesses planetários comuns está distante da realidade. O que os impulsiona são projetos de poder locais. Basta ver o botão de foda-se que Trump apertou para os eleitores bolsonaristas que ainda imaginam viver o sonho americano.

    Isso não significa, repito, que não existam atores estrangeiros interessados em deslegitimar as eleições brasileiras de 2026. E é justamente nesses interesses que o projeto endógeno de um campo político — que já sabe que será derrotado — tenta surfar. Terão aliados no cenário mundial? Claro. Mas duvido que mandatários coloquem a cara para bater, como sugere a matéria. Eles têm seus próprios problemas internos para resolver. E, como não representam um projeto ideológico global consolidado — pelo menos por enquanto —, não se arriscariam a abrir flancos para influenciar diretamente as eleições brasileiras.

    O que pode estar sendo gestado — e nisso Eduardo tem experiência de sobra, dada sua vida inteira de labuta — é a arrecadação de recursos para financiar campanhas de fake news a partir do exterior. Com o apoio já manifesto de parceiros nas big techs e, tendo Bannon como sócio, isso tem tudo para se tornar um grande e lucrativo empreendimento.

    Mas a suposta importância global de Eduardo Bolsonaro, como alguns incautos querem fazer crer, é uma piada. Basta lembrar onde ele estava na posse de Donald Trump para entender o que lideranças de outros países pensam dele. Ser amigo de um ou dois deputados no Congresso norte-americano não lhe confere a representatividade que ele e seus seguidores imaginam ter.

    E por falar em Eduardo Bolsonaro, consta que ele é policial federal, portanto, um servidor público. Será que, ao decidir viver com a família nas terras do Tio Sam, além de pedir licença da Câmara dos Deputados, ele também solicitou à PF licença e comunicou ao seu chefe seu novo endereço? Porque é isso que exige o Decreto 91.800, de 1985, em seu artigo sexto: “Independem de autorização as viagens ao exterior, em caráter particular, do servidor em gozo de férias, licença, gala ou nojo, cumprindo-lhe apenas comunicar ao chefe imediato o endereço eventual fora do País.”

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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