A realidade e a sua percepção
Apesar da usina de mentiras que a extrema-direita produz na “esgotosfera”, afinal, a economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024
A verdade vai se impondo, apesar da usina de mentiras que a extrema-direita produz na “esgotosfera”, afinal, a economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, em relação ao trimestre anterior, conforme noticiou o IBGE.
Evidentemente não está tudo “às mil maravilhas”, mas o país chegou à metade de 2024 tendo crescido 2,5% nos 12 meses anteriores, fato que nos coloca entre os países que mais cresceram no mundo.
O resultado do PIB no segundo trimestre apresentou-se meio ponto percentual acima da expectativa dos economistas, que era de uma alta de 0,9%; na comparação com o segundo trimestre de 2023, o avanço foi de 3,3%. Merece que lembremos que o crescimento do PIB aconteceu a despeito de o segundo trimestre ter sido marcado pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Ninguém precisa gostar do Lula, ou do seu governo “frankensteiniano” (como são todos os governos nessa tal democracia de coalizão), mas o fato é que Lula/Haddad/Tebet vem colhendo resultados espetaculares na economia e o Brasil não se transformou, nem numa Venezuela, nem numa Argentina, como profetizou o “super-coach” Paulo Guedes.
Para registro: hoje o governo agrega: PT, PSD, PcdoB, PP, Republicanos, REDE, PV, AVANTE, SOLIDARIEDADE, PDT, PSB, MDB, UNIÃO, PV, PSOL, ou seja, praticamente todos os partidos com representação no congresso nacional; desde o PSOL de Boulos, até o PR de Tarcísio, um espetáculo...
Além do crescimento do PIB, o IBGE também informou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho recuou para 6,8%, o menor nível de desemprego registrado para o período desde o início da série histórica do instituto, em 2012, por isso repito: o leitor não precisa gostar do Lula, ou do seu governo, mas o fato é que o trabalho vem trazendo frutos e Paulo Guedes errou suas previsões.
Nesse ponto começam as minhas reflexões: por que, apesar da melhora no desempenho da economia, as pessoas não têm a percepção de que melhorou, ninguém comenta sobre isso e os temas e preocupações parecem ser outros?
Apesar dos números positivos a pesquisa Atlas Intel indicou que a avaliação do governo na economia, é “ruim” para 47% dos entrevistados, enquanto 33% a consideram “boa” e outros 21% acham que a situação econômica está "normal"; os resultados são similares ao de outros institutos.
E nem toquei no tema “mercado de crédito”, que vem demonstrando importante recuperação.
O que explica essa discrepância entre a realidade da economia e a percepção da população?
Por que população está insatisfeita?
Segundo analistas ouvidos pela BBC (https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2kj22xv1xjo) a insatisfação “pode estar na inflação”, pois, 63% dos entrevistados na pesquisa da Genial Quaest de julho avaliavam que o seu poder de compra é menor do que um ano atrás, contra 21% que diziam ser maior e 14% que consideravam igual.
Ou seja, apesar de a inflação estar na meta esse ano, nos últimos anos a inflação foi alta, especialmente durante a pandemia, e os períodos de inflação alta acabam diminuindo o poder de compra das famílias e, mesmo com uma recuperação nos períodos seguintes, as marcas da inflação alta ficam.
Ou seja, o país ainda se ressente dos efeitos econômicos da pandemia e do manejo econômico daqueles anos.
Eu acredito que o desencanto (tema que será objeto de outro artigo), que toma conta de pessoas em todo o mundo, faz as populações buscarem “mitos” e “salvadores da pátria”, que prometem soluções mágicas e rápidas; espertalhões se aproveitam desse sentimento de desencanto e chegam ao poder.
O fato e que o crescimento econômico é evidente, mas há uma distância entre esse ‘fato’ (economia em crescimento) e a “percepção negativa da população”.
O que fazer?
Acredito também que a polarização política que toma conta das redes sociais é importante canal de fomento do desencanto e de intoxicação cognitiva, afinal, muita gente se informa pelas redes sociais, que contém muitas fake News, talvez por isso, a despeito do desempenho do governo na economia, a percepção de 43% da população não é positiva.
E o que esperar para a economia no governo Lula III daqui para frente?
Pesquisando na web, em sites de economia sérios, encontra-se de tudo; há os otimistas, mas há quem afirme que apesar do desempenho surpreendente da economia no primeiro semestre de 2024, a atividade deve perder força na segunda metade do ano e em 2025, pois os estímulos do início de 2024 não se repetirão (precatórios, aumento do salário-mínimo e a antecipação do 13º dos aposentados).
Há quem diga também que há uma piora nas condições financeiras, com aumento dos juros de mercado e desvalorização cambial, o que torna o ambiente menos propício ao investimento e ao consumo.
E há os que apostam contra o país, e defendem que o Banco Central deve reiniciar em breve o aperto monetário, elevando gradualmente a taxa básica de juros para manter a inflação na meta (que é de 3% para este ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual), diante da resiliência da economia, da piora do câmbio e do aumento da percepção de risco.
Convoco os economistas de verdade para me ajudar a compreender tudo isso.
Essas são as reflexões.
e.t. dedico esse artigo ao meu amigo Eduardo Faddul, economista brilhante, com quem conversei no último domingo na casa da Mailde e do Rennê, suíço radicado no Brasil e professor da UNICAMP em Barão Geraldo; não concordamos em todos os temas, mas, creiam: é a divergência que movimenta o mundo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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