A responsabilidade que temos enquanto militantes de esquerda e lideranças políticas
Tem militantes querendo convencer quem não é militante de esquerda que a entrada numa Igreja deve ser entendida como um gesto legítimo de militância política
Não sei o que acontece! Mas parece que as pessoas estão tão isoladas em seu próprio mundo que não enxergam o que acontece ao seu redor! Às vezes fico observando e me parece que a pandemia deixou uma sequela na militância de esquerda que é tão danosa quanto as dores do coronavírus.
O episódio do vereador de Curitiba demonstra um sintoma terrível. Perdemos o senso de análise. Não enxergamos mais a lógica que nos é demonstrada explicitamente. As pessoas parecem que não entenderam que dialogar com a sociedade como um todo não é o mesmo que falar para um grupo de esquerda.
Tem militantes querendo convencer quem não é militante de esquerda que a entrada numa Igreja deve ser entendida como um gesto legítimo de militância política, sendo uma óbvia ação que serve muito mais aos propósitos de quem é contrário ao objetivo militante, que favorável.
Pegue qualquer vídeo destes que parcela da militância que esteve no ato de Curitiba insiste em divulgar, inclusive a mídia de esquerda, como sendo uma “verdade”, e mostre isso a sua tia ou tio religioso e veja se você consegue convencê-los da legitimidade militante de esquerda.
Acha seu tio ou tia reacionários? Então, mostre a um vizinho, a um amigo (que não seja militante) e pergunte a opinião desta pessoa. Ainda acha que o mundo é contra você? Então faça assim, pegue esse mesmo vídeo e dê a um bolsonarista que a última vez que foi numa igreja, tinha seis meses de idade e foi levado no colo pela mãe, para ser batizado e nunca mais voltou numa missa a ponto de sequer saber o nome dos padrinhos, que até o pai esqueceu quem é.
Veja se essa coisa não vai se tornar, imediatamente, um fervoroso homem ou mulher de fé que vai editar esse vídeo e mostrar os “melhores momentos”! Sim. Este é o mundo que você vive, meu irmão e minha irmã! É o mundo dos bolsominions!
Agora, imagine isso, numa campanha eleitoral de 2022 e seja bem vindo ao fabuloso mundo da direita hipócrita contra a esquerda tosca. Nós não temos o direito de oferecer para a direita escrota esses argumentos! A batalha de todas as batalhas, a batalha que vai definir o processo eleitoral de 2022 será no campo religioso!
Quem não acreditava nisso em 2010 viu um ateu convicto chamado José Serra pular de 32% no primeiro turno para religiosos 44% no segundo. Acha pouco? Então relembre que o cheiroso Aécio Neves teve com base na fé, 48,36% dos votos no segundo turno em 2014, saindo de míseros 33,55% dos votos no primeiro turno sem nenhuma fé, que estava despejada em Marina Silva, que teve evangélicos 21% dos votos no primeiro turno!
Podemos errar em qualquer campo da política! Faz parte e temos espaço de manobra! Podemos escolher até um picolé de chuchu para ser nosso vice que não afetará nosso voto. Mas se provocarmos a religiosidade deste povo, não tem militante de esquerda no mundo que consiga convencer esta avalanche a não nos massacrar!
Evidente que tudo que estamos falando e tudo que os militantes ligados ao ato que combate ao racismo tem razão no que tange aos fatos do racismo estrutural e velado.
Sim. É verdade também que as pessoas que estão fazendo o ato, não querem vandalizar a Igreja, mais verdadeira ainda, é a legitimidade e a luta do nosso irmão Renato Freitas, de seu mandato e de suas lutas, as quais devemos ser solidários e garantir que a pauta da direita escrota, hipócrita e antidemocrática não seja imposta à sociedade. A luta de Renato é nossa luta!
Dito isso, sugiro que quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Bolsonaro não ganha estas eleições, a não ser que nos esforcemos religiosamente para isso!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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