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    Cláudio da Costa Oliveira

    Economista aposentado da Petrobras

    160 artigos

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    A saga da Petrobrás e a torpe atuação da Rede Globo

    Os relatórios de administração, ao invés de só dedicar capítulos à Lava Jato, deveriam salientar as perspectivas futuras do pré-sal

    Sede da Petrobras no Rio (Foto: Sergio Moraes - Reuters)

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    A Petrobrás foi criada por necessidades militares e estratégicas, mais que econômicas

    A história da exploração do petróleo no Brasil e, particularmente, a história da Petrobrás são um atestado da luta do povo brasileiro em busca de sua verdadeira independência.

    A existência no país de uma elite com mentalidade colonizadora, muitas vezes de lesa-pátria, impedem o pleno desenvolvimento da nação.

    Esta elite colonizadora atua com vigor na formação de uma força politica (Congresso Nacional) de apoio aos seus interesses e na cooptação da mídia hegemônica.

    Midia hegemônica que também trabalha em favor de grandes conglomerados internacionais, sejam eles da área financeira ou da área produtiva, com destaque para as grandes petroleiras.

    O objetivo natural dos grandes conglomerados internacionais é manter o Brasil unicamente como fornecedor de produtos primários e importante mercado para seus produtos industrializados.

    Este artigo busca mostrar a importância da luta dos verdadeiros brasileiros na defesa do país, ainda hoje claramente indispensável, e da saga da Petrobrás neste contexto.

    Daniel Yergin, importante especialista americano em petróleo, em seu livro “A busca : energia, segurança e reconstrução do mundo moderno” à página 277 esclarece:“A dependência dos sistemas energéticos e sua complexidade e alcance crescentes deixa em evidência a necessidade de entendermos os riscos e as exigências da segurança energética no século XXI. Cada vez mais o comércio de energia ultrapassa as fronteiras nacionais. Além disso a segurança energética não é apenas combater a enorme variedade de ameaças ; está relacionada também as relações entre os países, como eles interagem entre si e qual o impacto da energia na segurança nacional como um todo”

    Em 1858, através do decreto nº 2266 assinado pelo Marquês de Olinda, foi concedido a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricar querosene de iluminação próximo ao rio Marau, Bahia. Assim começava a história da exploração do petróleo no Brasil.

    À partir daí muitos poços foram perfurados em vários estados brasileiros mas sem lograr sucesso.

    Somente em 1930 que o engenheiro agrônomo Manoel Inácio Bastos tomou conhecimento da existência na região de Lobato (Bahia) de uma lama preta utilizada pelos moradores para iluminar suas residências.

    Após muitas pesquisas, em 1932 Manoel Inácio conseguiu ser recebido por Getúlio Vargas a quem entregou um relatório sobre seu trabalho em Lobato. Mas isto não empolgou Getúlio de forma a justificar o envolvimento do governo nesta atividade.

    Passaram-se seis anos para Getúlio se conscientizar da importância do controle estatal do petróleo no Brasil. Em recente artigo (23.08.18) publicado no Diário do Nordeste, Pedro Avelino relata :“Em abril de 1938, o General Pedro Aurélio de Góis Monteiro reassumiu o cargo de Chefe do Estado Maior do Exército. Tinha muito poder. O alagoano fora um dos principais apoios de Getúlio para o golpe do Estado Novo, meses antes. Depois de tempos dedicando-se à política, e após missão diplomática no Cone Sul, quis retornar às questões militares.

    Reuniu seu pessoal. Um Estado Maior deve fazer planos de guerra, por mais impossíveis que sejam, para que em caso de necessidade estes já estejam prontos. Descobriu que o órgão não fazia plano algum. Decepcionado pegou um papel e rabiscou o que queria, plano de mobilização de transportes, de informações etc. Tudo para já.

    Uma semana depois, seu subordinado General Horta Barbosa lhe trouxe a informação: o Brasil não tinha gasolina sequer para oito dias de guerra. Abismado Góis Monteiro chamou o outro para baterem à porta do Presidente Getúlio. Denunciaram o caso . E naquela reunião decidiu-se a criação de um novo órgão, o Conselho Nacional do Petróleo. Para seu primeiro chefe João Caetano Horta Barbosa , veterano de Canudos.

    Este realizou estudos, visitou a primeira refinaria estatal sul-americana, no Uruguai. E quinze anos de muita luta política depois surgiu uma empresa estatal que virtualmente monopolizava o petróleo no Brasil. Discute-se a Petrobrás. E tem-se mais é que discutir.

    Mas é importante não esquecer do que deu origem à empresa. Necessidades militares e estratégicas, mais que econômicas. O que aconteceu nos anos trinta pode esclarecer o que queremos da empresa no século XXI. “

    http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/petrobras-a-origem-1.1988800 A indústria do petróleo no mundo já existia a quase 100 anos e as grandes petroleiras, conhecidas como sete irmãs, não viam com bons olhos os acontecimentos no Brasil que pretendiam manter como cliente cativo de seus produtos.

    Na época as multinacionais é que faziam a distribuição de derivados no Brasil. Apesar do grande esforço, a produção e refino de petróleo no país evoluía lentamente, com a seguinte cronologia :- 1939 é feita a primeira descoberta de óleo comercial na Bahia
    - 1949 entra em operação o primeiro oleoduto brasileiro no recôncavo baiano.
    - 1950 o CNP instala a refinaria de Landulfo Alves em Mataripe (BA).Em 1953 o Brasil consumia 150.000 barris por dia de derivados e só contava com uma refinaria operada pelo CNP na Bahia com capacidade de produção de 3.700 barris dia e uma refinaria particular do Grupo Ipiranga com produção de 6.000 barris/dia. A necessidade de construção de novas refinarias era evidente, e mesmo com a eminente decretação do monopólio, três grupos privados receberam concessão para construção de novas refinarias.

    A esta altura a irritação das sete irmãs atingia seu auge e a campanha contra o governo Vargas por elas promovida era intensa.

    O experiente jornalista José Augusto Ribeiro, que foi assessor de imprensa de Tancredo Neves na campanha presidencial de 1984/1985, editor –chefe do jornal O Globo e apresentador da TV Globo, publicou recentemente o livro “Lula na Lava-Jato – e outras histórias ainda mal contadas”(Kotter Editorial) onde esclarece:“ A verdadeira razão para derrubar o governo era outra, como confessou sem a menor cerimônia o Rei da Mídia Assis Chateaubriand, ao ser procurado pelo General Mozart Dornelles, subchefe do Gabinete Militar da Presidência e seu amigo desde a Revolução de 30, da qual Mozart participara como combatente e Chateaubriand como jornalista.

    O General perguntou por que tanto ódio contra Getúlio nos pronunciamentos diários de (Carlos) Lacerda (jornalista e futuro governador da Guanabara) e nas rádios de longo alcance e nos jornais de grande circulação de Chateaubriand em todos os Estados. Chateaubriand respondeu:

    - Mozart, eu adoro o presidente, sou o maior admirador dele. Quando ele quiser, eu tiro o Lacerda da televisão e entrego para quem ele indicar, para defesa dele e do governo. É só ele desistir da Petrobrás...

    Esse episódio me foi contado mais de uma vez, em entrevistas para um filme e para um documentário de TV sobre o presidente Tancredo Neves, pelo filho do General Mozart, o ex-senador e ministro Francisco Dornelles, que também o contou em depoimento para a TV Senado.”Em sua carta testamento ao povo brasileiro Getúlio Vargas relata:

    “Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar e a onda de agitação se avoluma”Logo depois da crise do petróleo em 1973, no governo Geisel, a Petrobrás fez as descobertas da Bacia de Campos no mar territorial brasileiro, o que possibilitou a autossuficiência na produção de petróleo e no desenvolvimento de tecnologias que levariam à descoberta do pré-sal.

    Na indústria do petróleo e de modo geral na mineração o mais difícil é a descoberta das reservas. Isto feito, o resto aparece naturalmente. Recursos não faltam e tecnologias são desenvolvidas ou adquiridas. Tudo é festa.

    No caso das reservas do pré-sal descobertas pela Petrobrás em 2006, no entanto, ao invés de festa o que assistimos foi o início de um período de guerra. Guerra entre aqueles que defendem os interesses da nação brasileira e aqueles que defendem os interesses do capital e das empresas (petroleiras) estrangeiras. Como dizia Barbosa Lima Sobrinho “No Brasil existem dois partidos, o de Tiradentes e o de Silvério dos Reis”Um bom exemplo é o campo de Libra, abandonado e devolvido pela Shell à ANP, onde a Petrobrás, cujos técnicos atestavam os fortes indícios da existência de petróleo sob a camada de sal, com aprovação e autorização do governo federal, investiu milhões de reais para ter acesso às acumulações.

    O sucesso da empreitada deveu-se à competência da Petrobrás e à confiança e arrojo do governo brasileiro. A ninguém mais cabe pretender reivindicar os louros desta vitória.

    Logo no início com a perfuração do campo de Libra, os geólogos brasileiros diziam “este é apenas o rabo do elefante”.

    De outro lado jornalistas como o Sr. Carlos Alberto Sardenberg diziam que o pré-sal não existia, era uma invenção do governo:https://www.brasil247.com/get_img?ImageId=379545 Enquanto a Petrobrás desenvolvia o projeto, a notícia se espalhou pelo mundo levantando o interesse e a cobiça das grandes petroleiras internacionais, que já sofriam fortes quedas de suas reservas e declínio de produção, sem perspectiva de reversão desta situação no curto/médio prazo.

    A esta altura os geólogos brasileiros já diziam “não é só um elefante, é uma manada de elefantes.”http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/2116-o-24-de-agosto-em-54-e-2018 2010 foi um ano marcante, no dia 1º de março foi anunciada a descoberta do campo de Búzios, o maior de todos os super gigantes.

    Buscando defender o país da pressão do capital externo, o governo brasileiro, em 30 de junho de 2010, editou a Lei 12.276 estabelecendo a cessão onerosa (5 bilhões de barris ) do campo de Búzios para a Petrobras e em 22 de dezembro de 2010 a Lei 12.351 estabelecendo o regime de partilha para as reservas do pré-sal.

    Com o contrato de cessão onerosa a Petrobrás iniciou os trabalhos no campo de Búzios, onde foram abertos 11 poços. Em 19 de dezembro de 2013 foi declarada a comercialidade do campo de Búzios.

    No período de 2010 a 2014 a Petrobras investiu mais de US$ 200 bilhões com ênfase no pré-sal.

    A mídia hegemônica brasileira trabalhando claramente em defesa dos interesses estrangeiros, protestou de diversas formas contra a posição nacionalista do governo.

    Em parte obtiveram sucesso, pois em 2013 foi feito o primeiro leilão de reservas do pré-sal sob regime de partilha (Libra) que, apesar da participação obrigatória da Petrobrás, abria a participação de petroleiras estrangeiras. Em boicote, as petroleiras americanas, que preferiam o modelo de concessão, não participaram do leilão acreditando em seu fracasso.

    Perderam os americanos, pois em 21 de outubro de 2013 o leilão foi concluído com a Petrobrás (operadora) ficando com 40%, Shell e Total com 20% cada e CNPC e CNOOC com 10% cada.

    O leilão foi marcado por protestos de trabalhadores, sindicalistas, ambientalistas e representantes de movimentos sociais, que entendiam tratar-se do início da entrega do pré-sal brasileiro pra os estrangeiros.

    Com reservas estimadas entre 8 e 12 bilhões de barris, o campo de Libra tinha previsão de atingir um pico de produção de 1,4 milhões de barris dia em 15 anos (2028).

    Paralelamente, em 10 de março de 2015, foi dado início à produção provisória em Búzios.

    Neste tempo a grande mídia brasileira já organizava ataques ultra agressivos contra a imagem da Petrobras, muitas vezes feitos de maneira indecorosa.

    Indignado, em 29 de janeiro de 2015 o economista José Carlos de Assis, doutor em engenharia de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor de economia internacional da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e autor de mais de 20 livros sobre economia política, escreveu um artigo no site Carta Maior com o título “Prática da CIA no jornal da Globo”.

    No artigo Assis desmoraliza William Wack e Carlos Alberto Sardenberg por “Algo essencialmente desonesto: dizerem que a Petrobras está falida porque as dívidas dela estão maiores do que o valor de mercado da empresa”.

    Assis também salientou: “Os jornalistas (?) William Wack e Carlos Sardenberg adotaram práticas de desvirtuamento de fatos para vender noticiário tendencioso, algo nazi-fascista bem na linha da CIA, pródiga em criar situação para confundir as pessoas no sentido de atraírem, com falsos argumentos, de modo a obter delas consentimento para suas teses”.

    Assis questionou o governo Dilma “Até quando o governo Dilma vai continuar financiando, com polpudas verbas orçamentárias, o poder midiático oligopolizado global cuja missão é construir argumentos falsos para analisar a performance da maior empresa estatal brasileira e sul-americana?”.

    http://independenciasulamericana.com.br/2015/01/praticas-da-cia-no-jornal-da-globo/

    Diante dos fatos cabe também responsabilizar a administração da companhia na época, que permitia a divulgação de falsas notícias sobre a empresa sem nenhuma contestação e pedido judicial de resposta .Mas as agressões não pararam por aí. Em editorial no dia 20 de dezembro de 2015, com o título - “O pré-sal pode ser patrimônio inútil” - o jornal O Globo passou dos limites: “Alguns preços de referência de petróleo bateram US$ 37, acima do custo de produção do pré-sal , calculado em junho entre US$ 40 e US$ 57. Confirma-se que foi erro crasso do lulopetismo, movido por ideologia, suspender por cinco anos os leilões, a fim de instituir o modelo de partilha”.

    https://oglobo.globo.com/opiniao/o-pre-sal-pode-ser-patrimonio-inutil-18331727

    Mais uma vez a Globo mostrou total ignorância ou má-fé com relação aos negócios de petróleo e às atribuições da Petrobras no atendimento da nação brasileira. Como nunca houve retratação podemos considerar que tudo foi feito na mais absoluta má-fé.

    Novamente a administração da companhia foi omissa na defesa da empresa. Ou seria conivência?

    O fato é que nenhuma empresa no mundo que se preze aceitaria este tipo de falácia sem reação.

    Assim chegamos em 2016 e os ataques continuaram. Além dos constantes comentários de Miriam Leitão, no Bom Dia Brasil, informando que a Petrobrás tinha sérios problemas financeiros, com uma dívida impagável etc.etc. Carlos Aberto Sardenberg publicou um artigo divulgado em todo Brasil pelas afiliadas do Globo com o título: “Enterrar de novo o populismo”.

    Neste artigo Sardenberg foi primoroso, consciente de que poderia falar o que bem entendesse, pois não haveriam consequências. Sendo assim, ele informou para todo o Brasil : “Quebraram a estatal. Vamos falar francamente: a Petrobrás só não está em pedido de recuperação judicial porque é estatal. Todo mundo espera que em algum momento o governo imprima algum dinheiro para capitalizar a empresa”.

    http://sardenberg.com.br/enterrar-de-novo-o-populismo/

    Pois bem, 2016 passou. Não houve pedido de recuperação judicial e muito menos aporte de recursos do Tesouro. Pelo contrário, no final de 2016 a Petrobrás adiantou R$ 20 bilhões para o BNDES aliviando o caixa do banco e terminou o ano com um crédito de US$ 6 bilhões com a Eletrobras e US$ 11 bilhões a receber de ativos vendidos em 2016, além de um caixa de US$ 22 bilhões.

    Já escrevemos e falamos muito sobre as “fake news” da Globo. Um último e recente vídeo da Aepet sobre o assunto com o título “A Petrobrás está quebrada: mito ou realidade” sintetiza tudo:

    http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/2163-video-da-aepet-desconstroi-o-mito-da-petrobras-quebrada
    Por tudo que já foi exposto a Rede Globo deveria ser proibida de tecer qualquer opinião sobre a situação financeira da Petrobrás e seus principais jornalistas responsabilizados pelas notícias falsas divulgadas e a companhia em pedido de resposta judicial esclarecer a opinião pública brasileira. Mas existe vontade para isto? Ou motivos escusos impedem que as verdades venham à tona?

    Em 2016 analisando os resultados de 2015, o então presidente Bendine informou: “Temos recursos para cobrir nossos compromissos pelos próximos dois anos”.

    No início de 2017, o então diretor financeiro Ivan Monteiro revelou a jornalistas:“Independentemente de venda de ativos ou de captação de empréstimos, nós já temos recursos para cobrir nossos compromissos pelos próximos 2,5 anos”.

    Mas, ainda em 2016, com a queda do governo Dilma e com Pedro Parente assumindo a presidência da Petrobrás, o que estava muito mal ficou ainda pior.

    Ficou evidente que Pedro Parente com seu objetivo de entregar os ativos da empresa a preço de banana e estabelecer uma política de preços prejudicial a população brasileira e à Petrobras não mostraria o futuro promissor da companhia. As informações foram sempre no sentido de denegrir a imagem da empresa para justificar seus planos.

    Pedro Parente, e aqueles que o apoiaram, responderão na justiça por seus mal feitos. Pelos enormes prejuízos causados à população brasileira e à Petrobrás.

    Hoje a maioria dos candidatos a Presidência da República não titubeia em dizer que a Petrobrás passou por sérios problemas financeiros. Na realidade eles nunca se deram ao trabalho de analisar os balanços da empresa. Eles se baseiam nas “fake news” de Miriam e Sardenberg. É ridículo.

    Dizendo-se preocupada com o entendimento dos candidatos sobre a realidade da empresa, a atual administração da companhia está procurando os economistas a eles ligados com o objetivo de “Levar aos presidenciáveis a mensagem de recuperação financeira da empresa dos últimos anos” isto é feito através da apresentação de “Um conjunto de métricas e estatísticas que demonstram onde a Petrobrás estava no auge da crise em 2014 e onde está atualmente”https://boaviagemcambio.com.br/1969/12/31/preocupada-com-eleicoes-petrobras-procura-economistas-de-candidatos/Que métricas são estas? Que estatísticas são estas? Por que estes dados só são apresentados em salas fechadas e para um público não habilitado para analisa-los?

    Em 2014 a Petrobrás tinha uma liquidez corrente de 1,6. Significa dizer que para cada R$ 1 que a empresa tinha de pagar, ela dispunha de R$ 1,6. Neste mesmo ano a liquidez corrente da Chevron era de 1,3 e da Exxon de 0,8. Portanto a situação financeira da Petrobrás era muito mais confortável do que a das duas maiores petroleiras americanas. Onde está a crise apontada pelos atuais dirigentes da companhia ?

    A Petrobrás terminou 2014 com um saldo de caixa de US$ 16,66 bilhões ao passo que a Chevron terminou com um caixa de US$ 12,79 e a Exxon com US$ 4,65. Onde está a crise ?

    Em 2014 a Petrobrás alcançou uma Geração Operacional de Caixa de US$ 26,60 bilhões, o que representava 0,15 de sua Receita Bruta. Esta mesma relação na Exxon era de 0,11, na Shell era de o,11 e na BP de 0,09. Como sempre a Petrobras apresentava uma capacidade de geração de caixa superior a todas as outras. Que crise é esta?

    Em 2014 a Petrobrás captou no mercado mais de US$ 15 bilhões em empréstimos, todos com bancos de primeira linha, muitos com vencimento em 2044 (portanto 30 anos). Ou os banqueiros estavam doidos ou a empresa não atravessava por nenhuma crise, pelo contrário, tinha grandes e rentáveis projetos.

    Confirmando tudo, em junho de 2015, ainda no governo Dilma, a Petrobrás captou US$ 2,5 bilhões junto ao Deutsch Bank Securities e o J.P. Morgan com vencimento em 2115 (100 anos).

    Eles gostam muito de falar na dívida da empresa, sempre mostrando um número isolado. O fato é que a dívida é , e sempre foi, totalmente compatível com a Receita da empresa, com os Investimentos feitos e com o retorno esperado dos projetos. É nisto que os banqueiros se baseiam para liberar seus créditos.

    Mesmo hoje, sempre que a Petrobrás vai ao mercado, se ela pede três eles oferecem dez, se ela pede cinco eles oferecem vinte.Os chineses abriram linhas de crédito para a Petrobrás sem exigência de garantias (fato inusitado para os asiáticos), pedindo apenas uma promessas de futuro fornecimento de petróleo.

    Tudo isto é fruto da descoberta do pre-sal, fato que ocorreu sem nenhuma participação dos atuais administradores que hoje querem colher os louros do que foi conquistado por outros.

    Escondem os fatos da empresa e inventam que estão recuperando uma companhia que nunca precisou de recuperação.

    O pior é que não a defendem dos ataques da mídia subserviente aos interesses estrangeiros.

    Atualmente a companhia está envolvida na elaboração de um novo plano de negócios para o período 2019/2023. Por que não aproveitar o momento para enaltecer tudo de positivo que temos pela frente?

    Em abril de 2018 entrou em operação a primeira unidade de produção definitiva no campo de Búzios, muitas outras se seguirão.

    A previsão é de que em 2026 a produção brasileira seja superior a 5 milhões de barris/dia. Só o campo de Búzios (cessão onerosa) estará produzindo mais de 2,4 milhões de barris/dia. Considerando que na cessão onerosa não haverá pagamento de Participação Especial (é o que está estabelecido na Lei), qual será a geração operacional de caixa da Petrobrás naquela data ? Por que isto não é informado ?

    Os relatórios de administração, ao invés de só dedicar capítulos à Lava Jato, deveriam salientar as perspectivas futuras do pré-sal. Quais são as atuais estimativas dos geólogos? Isto é o que deveria estar sendo divulgado aos sete ventos.

    O novo plano de negócios deveria objetivar: a) Priorizar a volta dos investimentos abandonando as atuais metas de alavancagem; b) Paralisar a venda de ativos produtivos; c) Estabelecer uma política de preços que vise, em primeiro lugar, atender à capacidade de pagamento do povo brasileiro; d) Reconquistar o orgulho da Petrobrás, perdido pelos petroleiros e pelo povo brasileiro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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