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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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A semana do G-20

'Ponto alto será amanhã, com a presença de Lula, para o lançamento da proposta de criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza", diz Tereza Cruvinel

Presidente Lula (PT) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Um pouco abafado pelos acontecimentos eleitorais nos Estados Unidos, está em curso no Rio uma semana de atividades decisivas para o êxito da presidência brasileira do G-20. Consensos importantes estão sendo negociados entre ministros dos vinte países do grupo para serem chancelados na cúpula de chefes de Estado de novembro. As negociações envolvem temas como desenvolvimento sustentável, mitigação climática, emprego, financiamentos e serviços públicos, e o ponto alto será amanhã, com a presença do presidente Lula para o lançamento oficial da proposta de criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, prioridade da agenda do Brasil.

Quando os governos dos 20 países comprometem-se com uma política ou uma meta, ela se torna um compromisso de Estado. Ontem, por  exemplo, foi obtido um resultado importante na questão do acesso universal à água tratada e ao esgoto sanitário. A ONU estima que vivem no planeta 2,2 bilhões de pessoas sem acesso à água tratada e 3,5 bilhões sem saneamento básico. No Brasil, ainda há 32 milhões sem água tratada e 90 milhões sem esgoto tratado. Os negociadores brasileiros foram o chanceler Mauro Vieira, a ministra Simone Tebet e o ministro das Cidades, Jáder Filho.

Um dos temas da agenda foi deslocado para Fortaleza (CE) onde estão se reunindo os ministros e negociadores responsáveis pelo tema de trabalho e emprego. Uma política trabalhista nova em discussão é a proteção dos trabalhadores contra o estresse climático. No Rio Grande do Sul há exemplos desta sequela de evento climático extremo.

Empresários e sociedade civil também participam dos debates e podem apresentar propostas  através do G20-Social, uma inovação introduzida pelo Brasil, que deve agora ser mantida nos calendários do G-20. Os empresários participam do grupo Business-20 e a sociedade civil do  Labour-20. E dessa participação surgem ações inéditas: os ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais dos 20 países receberam dos “deputies” da sociedade civil um conjunto de propostas sobre financiamento do desenvolvimento inclusivo e sustentável, como a taxação internacional de riquezas  e o combate à evasão de divisas.

O grupo L20 reúne-se hoje e amanhã em torno do tema “Um mundo justo e um planeta sustentável por meio de um novo contrato social”, sob a coordenação da CUT. Já o B20 organiza, no dia 25, evento que tratará de mudanças climáticas, transição energética e oportunidades e desafios da inteligência artificial.

O evento dá lugar também a lançamentos de estudos e relatórios importantes, como O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Eventos paralelos atravessam a semana, como o  States of the Future e o COP 28-G20 Brazil Finance Track: Tornando Finanças Sustentáveis Disponíveis e Acessíveis.

Ambos reúnem personalidades mundiais importantes, de organizações governamentais, da academia ou da sociedade civil. Entre elas, a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, a ex-presidente do Brasil e hoje presidente do Banco dos Brics, Dilma Rousseff,  e a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen. Mas aqui estão também economistas e especialistas como Thelma Krug, a brasileira que é uma das maiores autoridades globais em mudança climática e presidiu o Painel Intergovernamental da ONU sobre o tema, e um intelectual e livre-pensador como Ailton Krenak. Um boletim diário é editado também em língua guarani.

O Estado do Futuro, como diz o nome do evento, tem como principal organizadora a ministra da Gestão, Esther Dweck e sua proposta é compartilhar conhecimentos sobre o Estado necessário ao enfrentamento dos problemas interligados que o mundo enfrenta. Certamente não será mais um Estado mínimo, mas não também um estado paquidérmico. Ele será, disse ela ontem ao abrir as discussões, "verde, digital, inclusivo, distributivista, anti-homofóbico e capaz de combater todas as formas de discriminação". Uma utopia mas sem utopias, como suportar o mundo?

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