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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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A serpente ainda desliza e é preciso retirar os lavajatistas dos postos estratégicos da República

Ministério da Justiça mantém em postos estratégicos agentes que colaboraram com o regime de exceção representado pelo tribunal comandado por Sergio Moro

Prisão imediata da gang da Lava Jato

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Quando foi fundada a Nova República, com a eleição de Tancredo Neves e o fim da ditadura de quase 21 anos, em 1985, a preocupação dos democratas era desmontar o aparato autoritário, representado por normas legais e principalmente pelos agentes públicos que tinham tido papel relevante no regime autoritário. 

Na época, eram chamados de entulho da ditadura. Em 2024, algo semelhante ocorre, mas sem que haja resposta da sociedade para a volta à normalidade democrática. O lavatismo segue forte e os lavajatistas ainda ocupam postos de destaque na máquina pública, inclusive no governo Lula.

O Conjur publica nesta segunda-feira (03/06) reportagem sobre os personagens da Lava Jato que seguem prestigiados no Ministério da Justiça. É o caso de Carolina Yumi de Souza, chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).  Ela já havia atuado como diretora-adjunta do órgão entre 2005 e 2008 e 2015 e 2017.

Yumi teria viabilizado os rumorosos acordos de cooperação com os Estados Unidos e a Suíça cujas provas colhidas foram anuladas pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, por irregularidades. 

No ano passado, é preciso lembrar, o DRCI gerou uma situação de constrangimento para o ministro Dias Toffoli, do STF.

O Departamento informou equivocadamente que a 13a. Vara Federal de Curitiba não havia solicitado colaboração formal com as autoridades suíças e, com base nessa manifestação falsa, Dias Toffoli anulou as provas do acordo de leniência da empreiteira Odebrecht.

As provas deveriam ter sido anuladas mesmo, como viriam a ser, mas por outra razão: eram imprestáveis, já que não houve perícia que comprovasse a veracidade dos arquivos hospedados em um servidor da Suíça.

O DRCI também não tem acionado os mecanismos legais para fazer a Espanha cumprir acordo com o Brasil e devolver parte do processo contra Rodrigo Tacla Duran enviado para lá por Sergio Moro, ao que tudo indica, ilegalmente.

No próprio gabinete de Dias Toffoli há um juiz auxiliar que atua na investigação sobre denúncias de ilegalidades de Moro que foi auxiliar de Luiz Fux, que, assim como Luís Roberto Barroso, fazem a defesa dos lavajatistas na corte suprema.

É Walter Godoy dos Santos Júnior, que foi procurado, mas não retornou a ligação. Ao que parece, a investigação sobre Moro avançou, graças ao trabalho de policiais federais, mas a presença de Godoy dos Santos Júnior desperta incômodo de advogados e testemunhas do caso.

O Conjur regista que outro que segue prestigiado é o delegado Felipe Leal. Atualmente ocupa o cargo de chefe da Divisão de Repressão à Lavagem de Dinheiro. Ele tentou descredibilizar as mensagens acessadas por Walter Delgatti Neto, que comprovam o conluio entre Moro e os procuradores da Lava Jato.

Em abril de 2021 enviou ofício ao Supremo afirmando que não seria possível “presumir” a veracidade das mensagens.

Porém, o Serviço de Perícias em Informática do Instituto Nacional de Criminalística da instituição já havia atestado a  integridade do material que revelou o conchavo entre procuradores e o ex-juiz Sergio Moro.

O delegado Ricardo Saadi também segue prestigiado no governo Lula, informa o Conjur. 

Atualmente ocupa o cargo de diretor da PF de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção. 

Saadi se tornou nacionalmente conhecido por ter sido o pivô da briga entre Sergio Moro e Bolsonaro quando era superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. O antigo presidente alegava baixa produtividade para o afastamento dele, que foi recusado por Moro e levou ao rompimento entre os dois.

É possível que o ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça, não tenha ciência do papel relevante que esses agentes desempenham no governo Lula. O ideal seria não tê-los nesses postos, já que a Lava Jato, pelo estrago que provocou no sistema democrático e também na economia, deveria ser exposta e seus agentes, desprestigiados. Só assim, o Brasil poderá seguir o caminho seguro que leva ao respeito às leis e à soberania popular.

Em 2013, com as chamadas Jornadas de Junho, foi chocado o ovo da serpente do fascismo. Uma de suas cabeças foi a Lava Jato, e ela ainda desliza. Passou da hora de acabar com ela.

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