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    Chico Junior

    Jornalista, escritor e comunicador

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    A véia do crack e outros “patriotas”

    "O perfil de Dona Fátima não é um perfil isolado. Muitos dos “patriotas” que depredaram o Congresso, o STF e o Planalto estão ou estavam envolvidos em crimes"

    (Foto: Reprodução)

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    Na fila do banco ou do supermercado, com sua roupinha de sair, aos 67 anos dona Maria de Fátima, acompanhada do neto (se é que ela tem neto) seria vista como uma “idosa de bem”, comportada e que acredita que o Brasil está acima de tudo e deus, acima de todos, slogan de seu ídolo maior, Jair Bolsonaro.

    Mas não nos iludamos, pois a tal da Dona Fátima adora uma confusão, uma transgressão. O vídeo em que ela aparece dizendo que estava quebrando tudo e que ia “pegar o Xandão” (no caso, o ministro do STF Alexandre de Moraes), viralizou na Internet e pode ser considerado como um dos símbolos dos ataques criminosos às sedes do Três Poderes, em Brasília.

    Como já se sabe, a “cândida” senhora é Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, moradora de Tubarão (SC) e que já foi presa vendendo crack a um menor de idade, crime pelo qual foi condenada a três anos de prisão. Traficante, portanto, a Dona Fátima.

    O perfil de Dona Fátima não é um perfil isolado. Já sabemos que muitos dos “patriotas” que invadiram e depredaram o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto estão ou estavam envolvidos em crimes e falcatruas. Sem medo de errar, podemos dizer que dezenas dessas pessoas foram contratados (ou seja, receberam dinheiro) pelos mentores e financiadores da tentativa de golpe para participar, coordenar e incentivar os ataques.

    Além desses bandidos profissionais havia uma expressiva massa de manobra, “patriotas” que estavam acampados em frente ao quartel do Exército e os que se deslocaram de ônibus de várias partes do país para Brasília para participar do atentado contra a democracia. Esses são igualmente bandidos, pois são coautores de um crime. Pelo que se viu, ninguém era bonzinho por ali. Todos unidos pelo mesmo objetivo, golpear a Constituição do país, golpear as instituições democráticas.

    Ah, mas havia crianças nos acampamentos... OK, deixemos as crianças fora disso. Mas o que dizer dos pais e avós que levaram essas crianças para a praça de guerra?

    Some-se a essa turba, os “patriotas” que, por intermédio de suas redes sociais, estimulavam, e ainda estimulam, a intervenção militar e o golpe de estado.

    Fico espantando em ver que, mesmo depois de assistirmos estarrecidos às cenas das invasões exibidas na TV, várias “pessoas de bem” que conheço apoiaram, e ainda apoiam, direta ou indiretamente, a tentativa de golpe. Esses, se não são bandidos explícitos, são, no mínimo, cúmplices.

    Dona Fátima ainda não foi presa (pelo menos até o momento em que escrevo esse texto), mas sua prisão deveria ser considerada prioridade máxima pela Polícia Federal. Serviria de (mais um) exemplo. Sua prisão, além de necessária, seria simbólica.

    Cadeia para Dona Fátima!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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