A velharia da direita ataca a velhice de Lula
“Pensadores do conservadorismo e do extremismo tentam enganar a própria idade ao atacar os velhos da esquerda”, escreve o colunista Moisés Mendes
Direita e extrema direita acrescentaram um agravante aos defeitos que identificam em Lula. Diziam que não ele tinha diploma e não tinha um dedo e agora repetem todos os dias que Lula está velho.
O Estadão publicou esses dias essa chamada de capa, de texto assinado pelo economista Luis Eduardo Assis:
“Economia não é suficiente para explicar colapso de popularidade: Lula e PT envelheceram”.
Carimbam o partido e seu líder como velhos, repetindo uma tática disseminada como prioridade nesse início de ano pelo velho conservadorismo e pelo novo fascismo.
O velho a que se referem é mais do que o antigo ou desatualizado ou fora do tempo. Chamar de velho, nessas situações, é o jeito desqualificador de definir alguém como superado por ser imprestável, traste sem força ou caindo aos pedaços.
E esse é um cerco articulado por velhos que atuam no jornalismo, no que chamam de ciência política e no pensamento econômico. Lula é chamado de velho, aos 79 anos, por facções formadas por velhos.
Envelheceram e continuam ativos os principais líderes dos pensadores do antilulismo, do anticomunismo e do antipetismo, nas mais diversas áreas, principalmente nos jornalões e seus derivados.
JR Guzzo, o colunista preferido dos fascistas, está com 81 anos. Alexandre Garcia tem 84 anos. William Waack, 72 anos; Merval Pereira, 75 anos; Augusto Nunes, 75 anos; Eliane Cantanhêde, 72 anos; Dora Kramer, 70 anos.
Luis Eduardo Assis, o autor do artigo do Estadão citado acima, é economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e tem 67 anos. Pode andar de ônibus de graça e pagar meia entrada no cinema.
Assis é protegido desde os 60 anos pelo Estatuto do Idoso. Pela linguagem que eles usam para atacar os velhos, é alguém que está, ainda no gerúndio, ficando velho.
O ídolo de quase todos eles, mesmo dos que não assumem a idolatria, foi ou ainda é Olavo de Carvalho, que morreu com 74 anos e na ativa. Donald Trump, em quem votariam antes do arrependimento agora contido, tem 78 anos.
Steve Bannon, gênio das lições do marketing do ódio da base política que sustenta essa gente, chegou aos 71 anos. O orientador religioso de boa parte do contingente que acompanha esses velhos pensadores da extrema direita, com Deus acima de tudo, chama-se Edir Macedo. Está com 80 anos.
É uma velharada intelectualmente musculosa e atuante, dedicada ao esforço de atacar Lula, o PT, as esquerdas e todas as possibilidade ao redor do lulismo, mesmo as de centro.
Por que atacam? A velharia de direita não se acha velha? Sabe que é velha, sente-se velha, vive como velha, pensa como velha, mas finge não ser velha. São velhos vivendo, na última etapa da vida, a pior experiência da velhice, a da subserviência aos poderosos.
E todos eles, quase figuras bíblicas da direita e da extrema direita brasileiras, sabem quais são essas ideias. Mas não se sentem culpados e dormem bem. Porque vivem do conforto oferecido aos bons subservientes.
Eles e outros do entorno poderão dizer que este texto contém etarismo por atacar os etaristas aliados do fascismo e chamá-los de velhos, e não de idosos. Não tem problema.
Podem dizer o que quiserem. Mantenho o que escrevi e faço uma ressalva. Estou exaltando aqui a vida ativa e produtiva de velhos que combinam suas falas com ideias e ações não só do conservadorismo, mas do fascismo. É quase um elogio a quem continua atuante como linha auxiliar da extrema direita.
Acrescento que o autor deste texto tem 71 anos e se esforça para não ser chamado de idoso neutro e se distanciar de velhos e velhacos a serviço de golpistas, da Faria Lima, de grileiros e milicianos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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